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Mulheres e Ficção – O Encontro

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Elas eram de tempos diversos, mas nem tanto, cabiam todas numa singela extensão de uns 170 a 190 anos, no máximo, não é muito, é? Ah…mas nem isso. .

De todo jeito naquele encontro essas possíveis lacunas de tempo, onde talvez fosse verossímil se deparar com desfiladeiros e penhascos, e senão tão dramático efeito ao menos cômodos rarefeitos, caminhos descontínuos ou mesmo uma conversinha sem jeito sobre o tempo…então, como eu disse, essas lacunas não obtiveram logro, sequer puderam ser assim, lacunares, porque o que existiu ali foi de outra ordem, foi do tipo entrelaçadiço, da categoria mágica, não tanto por ser uma ficção quanto pelo fato de ter sempre estado ali como potência, como semente pronta pra germinar e como elas dar dar dar caudalosos frutos.

Eram seis, a que veio primeiro, sublime no fio da navalha, na dobra da língua, sensitiva parabólica de tempos vindouros.  A segunda, prática e destemida, vinda de longe, só e livre se construiu como quis. A terceira fundou uma raça forjada no amor que vicejou sobre muros, fronteiras e tuneis.  A quarta abriu sua casa de ricas lembranças, relíquias transcendentais e fez da vida uma festa. A quinta, rainha de trono portátil, diva de dia e de noite transbordou encantos e saberes sem fim. A sexta, criança do mundo da lua, de amiga imaginária, de tardes surfadas em transe por roupas, cores e detalhes, já feita,  e no entanto sempre criança, propôs o encontro.

Assim Virgínia, Angelina, Alice, Eva, Marly e Patrizia, naquela tarde marcada, e sem cerimônia se fizeram presentes.  Uma tacinha de vinho aqui, a apreciação de uma minúcia ali e logo um clima festivo se instalou, todas muito animadas e sonoras.

Já descalças e confidentes se lançaram na aventura de experimentar a vida de outros ângulos e ali naqueles instantes infinitos, insuspeitas frestas se puseram a banhar de luz essas novas roupagens.

Tomaram emprestado uma das outras as esquinas percorridas, os odores manifestos, cada ardor saboreado pelas beiras até chegar nos ossinhos, no âmago e voltar pras vistas e trocar de lado e virar do avesso…

E desse modo, cheias de mulherdade imodesta, alheias a toda carga de heroísmo fálico com a qual tentaram lhes cortar as asas do desejo, da volúpia, da criatividade, da  auto-estima…não ninguém delas tinha mais esse nózinho triste purgando a alma, estavam todas inteiras, plenas de si, pouco se lixavam pra troféus prateados ou fitas métricas em mangas de professores, tinham sua exata medida, usavam espelhos de um apuro perfeito, eram gigantes!

Patrizia D’Angello

Agradecimentos – Em Memória de Miriam Simone

A Obra Mulheres e Ficção é dedicada à memória da minha madrinha Miriam Simone D‘Angelo Bittencourt.

Meus afetuosos agradecimentos:

– Toda equipe da Casa Museu Eva Klabin

– Isabel Portella

– Jornal São Paulo Zona Sul

– Ana Maria Coluccio

– Cris Larin

– Fábrica de Ratoeiras Concorde

– Francisco Freitas

– Lena Brito

– Mariana Eva Leis

– Micaela D’Angelo

– Paloma Ariston

– Pedro Tambellini

– Raïssa de Goés

– Rosane Muniz

– Wagner D’Angelo

Patrizia D’ Angello

 

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