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Cultura

Cinemateca retoma atividades e pode reabrir ao público em breve

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Em outubro, finalmente, foi anunciado que havia um vencedor para o edital federal que determinaria a entidade a gerenciar a Cinemateca Brasileira pelos próximos cinco anos. A Sociedade Amigos da Cinemateca venceu pontuando em todos os itens previstos no edital e o contrato deve ser assinado em dezembro.

Mas já em novembro, a entidade anunciou que as atividades seriam retomadas, com recontratação de parte da equipe demitida com o encerramento do contrato anterior, que levou ao fechamento integral da Cinemateca por quase um ano e meio. Nesse período, houve preocupações com risco de incêndio do prédio histórico localizado na Vila Mariana, especialmente depois que outro galpão que abrigava parte do acervo, na Vila Leopoldina, realmente pegou fogo – o material audiovisual em acervo é altamente inflamável.

A Sociedade Amigos da Cinemateca divulgou nota anunciando, então, que a retomada emergencial foi possível graças a um contrato de doação com a Secretaria do Audiovisual do Ministério do Turismo.

A nota ainda informa que profissionais da área técnica, que já trabalharam na Cinemateca e foram demitidos pela antiga gestora em agosto de 2020, estão sendo recontratados aos poucos e começam a reocupar seus postos. Pondera que, na medida do possível, outros colaboradores serão convocados para assumir funções que permitam a recuperação gradual da normalidade de atuação da Cinemateca.

Segundo a SAC, o grupo, em tamanho reduzido, retorna à Cinemateca para uma apuração minuciosa dos possíveis danos causados ao acervo, aos equipamentos e em sua infraestrutura depois do fechamento e, ainda, em decorrência das crises que vêm assolando a instituição há alguns anos. Além disso, a equipe vai avaliar, assim que autorizado pela Defesa Civil, as consequências do incêndio ocorrido em julho passado na unidade da Vila Leopoldina, para elaborar um Plano de Reparação a ser apresentado à Secretaria Nacional do Audiovisual.

A entidade explica que a reabertura da Cinemateca Brasileira decorre de uma doação da SAC ao governo federal, com a promessa da reconstituição do Conselho Consultivo da instituição como contrapartida. Neste primeiro momento, os fundos são provenientes do Instituto Cultural Vale. A professora Maria Dora Mourão, diretora executiva da SAC, conduzirá os serviços na transição até que o contrato de gestão por cinco anos seja firmado.

Por fim, a instituição garante que, assim que as condições objetivas permitirem, o público poderá voltar a frequentar a Cinemateca. O Banco de Conteúdos Culturais já foi reativado pelo Ministério do Turismo e está disponível no site cinemateca.org.br.

Manifestação

A notícia foi bem recebida tanto pela vizinhança da Cinemateca, na Vila Mariana, quanto por entidades culturais e artísticas.

A Associação Brasileira de Preservação Audiovisual (ABPA) divulgou nota dizendo que “recebe com alívio e entusiasmo a notícia da reabertura da instituição, e parabeniza os esforços empreendidos pela SAC e por todo o conjunto da comunidade audiovisual e da sociedade brasileira envolvidos nessa luta”.

A nota prossegue apontando os esfoços conjuntos que culminaram nesse resultado positivo::

“Nunca antes tínhamos visto envolvimento tão amplo e intenso em prol da defesa da maior e mais importante instituição nacional dedicada à preservação do nosso patrimônio, e esperamos que essa união se mantenha, pois os desafios permanecem.

A fragilidade histórica da área de preservação audiovisual e a instabilidade institucional da Cinemateca Brasileira são uma realidade. Desde 1984, quando se tornou uma entidade pública, nunca foi realizado sequer um único concurso público para a composição da equipe técnica e, dessa forma, a garantia de sua estabilidade, um dos pilares fundamentais do trabalho de preservação.”

E continua:

É necessário ressaltar que sem trabalhadores não se preservam acervos, e aqui expressamos toda nossa admiração pela atuação incansável dos Trabalhadores da Cinemateca Brasileira ao longo de todo esse período. 

Além das dificuldades inerentes ao trabalho de preservação, entendemos que após esse longo período de fechamento forçado, sem seu corpo técnico especializado, sem o monitoramento adequado e sem a devida manutenção de seu valioso parque tecnológico, os desafios serão ainda maiores. Mas torcemos para que a Cinemateca Brasileira se reerga de mais essa crise, uma das piores de sua história, e siga cumprindo sua missão, com o estabelecimento de políticas institucionais de conservação, documentação e acesso, construídas em diálogo com a comunidade de preservação audiovisual brasileira e com todos os setores da cadeia, contemplando a pluralidade de seus integrantes. Para isso, é essencial que o Conselho Consultivo incorpore, efetivamente, estes agentes.  

Agora o momento é de reestruturação, de avaliação rigorosa e compreensão do estado em que a infra-estrutura de guarda, o acervo e o maquinário se encontram. A trajetória da SAC e de seus integrantes, aliada ao corpo técnico experiente que será recontratado, indicam que a organização tem plena capacidade para tal intento, e a ABPA, com seus quase 100 membros, se coloca à disposição para auxiliar no que for necessário.

Esperamos ver a Cinemateca Brasileira em pleno funcionamento em breve, com sua equipe técnica recomposta e em número adequado, executando sua bela missão de conservar, restaurar, catalogar, difundir e dar acesso ao patrimônio audiovisual. 

Viva a Cinemateca Brasileira! 

São Paulo, 18 de novembro de 2021.

Associação Brasileira de Preservação Audiovisual – ABPA”

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