Siga-nos

Sem categoria

Alagamentos na Zona Sul: até quando?

Publicado

em

O temporal da última quarta-feira, 20, deixou intransitáveis diversos corredores viários da cidade. Vila Mariana e Ipiranga foram novamente atingidos, em pontos históricamente problemáticos.

Um deles é o corredor formado pelas avenidas Ricardo Jafet e Abraão de Moraes, que estão há mais de 25 anos em obras.

As margens do córrego Ipiranga, o mais famoso do país, citado até no hino nacional, parecem que nunca se verão livres das enchentes. Mas, desde 2014 está aprovado um projeto de drenagem amplo, que prevê inclusive a construção de dois piscinões junto ao viaduto Aliomar Baleeiro, já na entrada da Rodovia dos Imigrantes.

A obra, que conta até com recursos federais que demoraram a efetivamente chegar à cidade, só começou este ano e a promessa é de que esteja concluída em 2019.

Em novembro do ano passado, o prefeito João Doria esteve em visita às obras. Mas, a declaração pode deixar desconfiada a comunidade que há décadas convive com alagamentos.

“É um piscinão muito importante que vai desafogar o problema com as enchentes aqui nesta região e muito provavelmente resolverá em definitivo”, disse. Provavelmente?

A verdade é que o problema dos alagamentos resulta de um passado não planejado da cidade, do crescimento desenfreado e ocupações de várzeas. A impermeabilização do solo em uma cidade que investiu em  avenidas e transporte individual em detrimento do coletivo custou caro.

Conduzido pelo Consórcio FBS/Coveg, o projeto do Córrego Ipiranga faz parte de um conjunto de obras que será executado para minimizar os problemas recorrentes de enchentes naquela região e está orçado em cerca de R$ 160 milhões, sendo R$ 122 milhões de repasses do Ministério das Cidades.

O reservatório é constituído por dois compartimentos com aproximadamente 13 metros de profundidade e capacidade conjunta para armazenar 200 mil metros cúbicos. Ele receberá as águas excedentes do Riacho do Ipiranga, do córrego Água Vermelha e do córrego Cacareco. O novo piscinão será aberto e o esvaziamento acontecerá parte por gravidade e o restante por meio de um sistema de bombas.

O conjunto de obras a ser executado abrange 3 prefeituras regionais: Vila Mariana, Jabaquara e Ipiranga. Estão previstas ainda a execução de 280 metros de galerias do córrego Cacareco e a canalização do Riacho do Ipiranga, em um total de 2.455 metros de canalização e galerias.

No riacho, haverá intervenções no trecho entre o viaduto Ministro Aliomar Baleeiro e a Avenida Bosque da Saúde, uma extensão de 1.600 metros; e, no outro sentido, entre o viaduto Ministro Aliomar Baleeiro até a Lagoa Aliperti, em uma extensão de 575 metros.

Também faz parte do conjunto de obras a construção de outro reservatório, o RI- 01 – Lagoa Aliperti, na região da Rodovia dos Imigrantes, que permitirá o armazenamento de 110 mil metros cúbicos de água. Mas, o RI-01 ainda está em projeto, com desapropriações em andamento.

Paraguai

Se as obras no Córrego do Ipiranga ao menos já começaram, não há o mesmo otimismo com relação a outro endereço problemático em se tratando de alagamentos recorrentes.

A região em frente ao Museu de Arte Contemporânea, no Ibirapuera (antigo Detran) e em frente ao Tribunal de Contas do Município (TCM) também registram inundações há décadas.

Ali, há também um projeto de readequação das bacias dos córregos Paraguai e das Éguas, que se encontram no subsolo e cuja canalização se mostra incapaz de conter grandes volumes em dias de tempestade. O projeto estava no plano de metas dos últimos quatro prefeitos. Mas, não saiu do papel…

No final da construção, segundo Termo de Compromisso Ambiental assinado no ano passado, serão plantadas 2.218 espécies nativas, além de mais 349 mudas, totalizando 2.567 árvores.

Manutenção

A Secretaria das Prefeituras Regionais administra 20 piscinões na cidade de São Paulo. Durante este ano, os córregos da capital já receberam mais de 1.414.073 metros lineares de limpeza manual e 77.640 metros lineares de limpeza mecanizada, com orçamento de R$ 150 milhões, que também contempla conservação de galerias, piscinão e microdrenagem.

O sistema de limpeza pode realizado de duas formas: mecanizada ou manual. Enquanto a mecanizada é feita com maior frequência no período de estiagens, a manual ocorre, normalmente, de segunda a sábado, e consiste em retirada de detritos pequenos (garrafas PET, papéis, vegetação).

A regularidade desse serviço é estipulada pelas 32 Prefeituras Regionais e intensificada no período de chuvas. A função primordial dos piscinões é armazenar o excesso de águas das chuvas evitando, assim, o transbordamento de córregos e, consequentemente, os alagamentos em seu entorno. Gradativamente, a água reservada escoa para os córregos. São Paulo possui 281 córregos com extensão de 1.216 km.

Advertisement
Clique para comentar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.


© 2024 Jornal São Paulo Zona Sul - Todos os Direitos Reservados