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Urbanismo

Vizinhança de Congonhas sofre com ruído e trânsito

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Congonhas foi eleito recentemente um dos melhores aeroportos da América Latina. Objeto de várias reformas e projetos de modernização, foi também concedido à iniciativa privada e será gerido por uma empresa espanhola pelos próximos 30 anos. Mas, esse que também é o segundo mais movimentado aeroporto do país – só perde para o outro paulista, Guarulhos/Cumbica – o Aeroporto causa inegáveis transtornos para sua vizinhança e preocupações.

O Jornal SP Zona Sul está publicando uma série de matérias sobre a situação dessa região e todos os desafios impostos, em área tão urbanizada e povoada – acompanhe também em nosso site – jornalzonasul.com.br.

Uma das mudanças recentes na operação foi o aumento do número de slots, ou seja, de autorizações para pousos e decolagens. A partir de então, moradores de bairros antes não envolvidos em queixas sobre barulho passaram a relatar poluição sonora em suas casas.

O impacto na questão do ruído vem sendo apontado por quem vive na Vila Mariana e Vila Clementino, para além dos habituais Jardim Aeroporto, Moema, Cidade Vargas, Jabaquara e Planalto Paulista.

Procurada, a Infraero informa que o Aeroporto de Congonhas conta com a Comissão de Gerenciamento de Ruido Aeronáutico, que realiza reuniões ordinárias e extraordinárias para debater o assunto, buscar alternativas e indicar necessidades. Essa Comissão conta com a participação dos diversos entes ligados ao tema, como Infraero, Departamento de Controle do Espaço Aéreo, Agência Nacional de Aviação Civil, representantes de órgãos ambientais e da sociedade civil.

E explica que, adicionalmente, o aeroporto possui um Plano Específico de Zoneamento de Ruído – PEZR, e, desde novembro de 2022, três estações fixas que realizam o monitoramento de ruído para análises.
Associações ou moradores que, individual ou coletivamente, querem fazer queixas ou pedir esclarecimentos sobre o ruido contam com um canal de comunicação de ruido aeronáutico, que pode ser acessado no site https://www4.infraero.gov.br/ruido-aeronautico/.

Já a Agência Nacional de Aviação Civil – Anac – salientou que que tanto o aeroporto de Guarulhos que a Comissão de Gerenciamento de Ruído Aeronáutico (CGRA) deve utilizar as queixas recebidas de usuários ouvizinhos para garantir a mitigação e o acompanhamento do problema, conforme determina o item 161.53, (a), (c), 1 e 2 do RBAC nº 161, disponível em https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/rbha-e-rbac/rbac/rbac-161.

Trânsito

A legislação paulistana também prevê que quando um empreendimento comercial provoca aumento no tráfego de seu entorno, é preciso garantir projetos viários e custear sua implantação para garantir menor impacto na fluidez e também segurança para motoristas, pedestres, ciclistas etc.

O Aeroporto é, sem dúvida, um polo gerador de trânsito e, nas duas últimas décadas, foram feitas obras para facilitar o acesso, como um túnel sob a avenida Washington Luís ou a renovação da passarela para a travessia de pedestres.

Atualmente, a Prefeitura informa apenas que a Companhia de Engenharia de Tráfego “operacionaliza e fiscaliza as ações de embarque e desembarque no Aeroporto de Congonhas, principalmente no piso inferior, visando organizar e melhorar a fluidez do trânsito”. As regras para estacionamento, pontos de parada para táxi ou corridas por aplicativo são bem rígidas e há fiscalização constante para evitar que motoristas parem em pontos proibidos e comprometam a fluidez local.

Transporte

Mas, a questão do trânsito no entorno poderia ser beneficiada se dois projetos saíssem do papel.

O primeiro deles é, obviamente, a Linha Ouro – 17, em Monotrilho.

Inicialmente pensada para ligar a estação São Judas da Linha Azul ao Aeroporto de Congonhas, passou por vários ajustes e replanejamentos. O projeto definitivo previa conexão ao Aeroporto de Congonhas em três diferentes linhas do metrô: Azul, na estação Jabaquara; Lilás, na estação Campo Belo; e Amarela, na estação São Paulo – Morumbi.

No entanto, a obra já passou por vários atrasos e sequer há certeza de que vai ser inaugurada no prazo previsto pela mais recente promessa: 2024. A ideia era que a conexão estivesse pronta ainda para a Copa de 2014, no Brasil, quando facilitaria a interligação entre Congonhas e o estádio do Morumbi, que acabou sendo descartado como uma das sedes dos jogos, substituído pela construção do estádio de Itaquera.

O fato é que a linha não só está praticamente dez anos atrasada, como houve alterações nas previsões. A conexão com a linha azul na estação Jabaquara dependeria do avanço de outra obra: a expansão da Avenida Jornalista Roberto Marinho até a

Rodovia dos Imigrantes, inserida na Operação Urbana Água Espraiada.

Trata-se de outra obra paralisada e que já teve projetos alterados e encarecidos, sem previsão para que se torne realidade.

Assim, a Companhia do Metropolitano decidiu apenas pela construção de um trecho, que na verdade só fará ligação ao metrô com a linha 5 – Lilás, na estação Campo Belo. Também há uma conexão prevista, nessa primeira etapa, com a estação Morumbi da CPTM e a conexão com a linha amarela também não tem data certa para acontecer.

A expectativa do próprio metrô é de que a linha teria cerca de 185 mil passareiros por dia. É claro que não só pessoas querendo acessar a estação Congonhas utilizariam o trecho e também não seriam eliminados outros meios de transporte para o aeroporto da zona sul da capital, mas certamente reduziria a pressão no trânsito local.

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7 Comentários

7 Comments

  1. Angela

    17 de maio de 2023 at 0:42

    Um absurdo esse aeroporto encravado na maior cidade da América do Sul.
    Um absurdo a alteração das rotas de pousos e decolagens de Congonhas. Quebraram o equilíbrio existente de mais de 8 décadas. Sobrevoam agora por toda a cidade. Inclusive pelo parque Ibirapuera.
    Um absurdo o aumento de pousos e decolagens , não se preocuparam com os moradores do entorno, com o trânsito, com a poluição sonora e ambiental.
    Um absurdo os Riscos de acidentes a que estamos submetidos.
    Não esqueçam 2007… foram 199 vidas perdidas. Não podemos arriscar mais outra tragédia.

  2. Prof. Dr. Olympio Barbanti

    17 de maio de 2023 at 8:20

    Houve, também, aumento do ruído e geração de enorme desconforto na zona oeste, agrangendo os bairros de Vila Leopoldina, Vila Ida, Alto de Pinheiros e Pinheiros. Há diversos problemas nos documentos técnicos disponibilizados pela instituições responsáveis. Se quiserem, podemos me procurar.

  3. Fernando Sheldon

    17 de maio de 2023 at 8:54

    Existe também aumento do ruído e geração de enorme desconforto na zona oeste, agrangendo os bairros de Vila Leopoldina, Vila Ida, Alto de Pinheiros e Pinheiros. Desconforto que antes inexistia.

  4. Bianca Medeiros

    17 de maio de 2023 at 13:24

    Quem está sofrendo diariamente com este “(EDITADO) auditivo” já não tem mais paciência para as reuniões do CGRA onde as discussões se baseiam em saber se o avião faz realmente ruido e nenhuma proposta para mitigar o transtorno que não eh pouco!!

  5. Conceição Aparecida

    1 de junho de 2023 at 9:36

    Os aviões que decolam e pousam em Congonhas são muito potentes e barulhentos, estão além do que os moradores possam aguentar e as residências também, minha janela vibra.
    Por estar cercado de bairros residenciais, sendo que há muitos idosos e crianças, um aeroporto dessa proporção não deveria estar ali.
    E não bastando os transtornos causados pelos aviões, agora tem também os helicópteros que contribuem com o barulho, prejudicando ainda mais a nossa saúde.
    Está mais do que na hora de melhorar essa situação.

  6. Matheus

    5 de junho de 2023 at 16:41

    Inadmissivel o tamanho do barulho gerado ja muito tarde da noite e logo no inicio da manha. No bairro de moema é impossivel dormir, algo precisa ser feito

  7. Leandro

    3 de novembro de 2023 at 7:16

    Inadmissível o barulho e transtorno causados por esses aviões. A Vila Mariana vem sendo afetada diretamente, principalmente quando o vento vem do norte. Há dias que com 1 decolagem a cada 5 minutos em barulho insuportável pois os aviões passam baixo. a rota de decolagem lercorre Vila Clementino, Ibirapuera , passa pelo parque, Paraíso, Vila Mariana , Klabin entrando pelo Ipiranga. Em todos esses bairros o barulho e muito acima de 60db. Um absurdo afetar a vida de inúmeras pessoas que pagam seus habitam a cidade e pagam seus tributos para viverem em paz.

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