Siga-nos

Urbanismo

Vila Mariana terá programa “De Braços Abertos”

Publicado

em

O trabalho está dando resultados. A Subprefeitura de Vila Mariana vem liderando uma ação intersetorial, ou seja, envolvendo equipes de diferentes secretarias para melhorar o cenário sob o viaduto Bandeirantes, onde se reúnem pessoas para fazer uso de cocaína em forma de pedra, o chamado crack. Agora, este esforço foi reconhecido pela Prefeitura de forma mais ampla: em seminário para divulgar os resultados positivos obtidos pelo programa De Braços Abertos, desenvolvido com os usuários na região central da cidade, foi anunciada a descentralização da proposta e a Vila Mariana será uma das primeiras regiões a ser beneficiada.
Em outras palavras, isto significa que o trabalho conjunto feito por equipes de assistentes sociais e agentes da saúde, com apoio da Guarda Civil Metropolitana, e organizado pela Subprefeitura, ao longo do último ano, foi considerado positivo e será ampliado. Como? O mapeamento que vem sendo feito pelas equipes agora servirá para determinar os próximos passos. Assim, se houver necessidade de encaminhamento de usuários para hotéis na região, como acontece no centro, isso será providenciado.
No entanto, uma análise prévia das condições no local indica que boa parte dos que se reúnem ali são usuários com residência e família. Muitos, aliás, são trabalhadores da região que apenas se dirigem aos baixos do viaduto em determinados momentos de folga, como no horário de almoço, para fazer uso eventual do crack. A análise poderá ainda indicar necessidade de reaproximação com as famílias, portanto, ou busca por vagas em albergues.
Outra medida que representa novo passo para essas pessoas é a oferta de emprego e qualificação profissional. Com oportunidades, muitos dos usuários tendem a aceitar o processo de reinserção e deixar as ruas, mesmo que não consigam deixar de usar a droga imediatamente, ou seja, passam a ter vida social e ativa novamente. É o que se chama “redução de danos”, um dos pilares do programa “De Braços Abertos”.
Além da Vila Mariana, inicialmente a descentralização vai contemplar regiões de Santo Amaro, Lapa, Santana e Cidade Tiradentes. Durante o seminário Rede Sampa de Braços Abertos, que lotou o Anhembi no último fim de semana, foi também destacada a importância do trabalho intersetorial e do diálogo com a sociedade civil para o sucesso na região da Nova Luz. “Tínhamos uma fratura exposta na cidade, e o desafio era saber como tratar. Para enfrentar o problema, definimos quais práticas não seriam adotadas e recusamos um tratamento de saúde mental com a privação da liberdade”, destacou o Secretário de Saúde José de Filippi Junior.
Além das secretarias de Assistência Social e Saúde, são envolvidas no programa envolverá as secretarias municipais Trabalho e Empreendedorismo (SDTE), Segurança Urbana (SMSU), Desenvolvimento Urbano (SMDU) e Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC).
As equipes que trabalham junto aos ocupantes de baixos de viadutos na região – não só do Bandeirantes como também de outros onde se abrigam famílias, carroceiros catadores etc – alertam também para a importância de apoio da sociedade. Compreender que este é um processo paulatino é de grande importância, mas contribuir para que estas pessoas não sejam estimuladas a permanecer nas vias públicas também. Assim, doações de comida, roupa e outros bens não devem ser feitas às pessoas em situação de rua: o ideal é contribuir sempre com entidades e preferencialmente aquelas que, igualmente, não fazem distribuições diretamente nas vias públicas.
Centro
Na região central da cidade, onde centenas de pessoas perambulavam pelas ruas – famílias inteiras, inclusive, o programa tem gerado bons resultados. No Seminário, alguns números impressionantes foram divulgados: mais de 11.850 abordagens, 1.407 atendimentos médicos e 683 encaminhamentos para serviços de saúde foram realizados.
Também o consumo de crack entre os beneficiários foi reduzido acentuadamente. Para os especialistas, entre outros fatores, a redução se dá como consequência do resgate social e da inserção de atividades que organizam uma rotina diária, limitando assim o uso compulsivo da droga ao longo do dia, hábito que os inabilitava para outras atividades, inclusive cuidados próprios com saúde, alimentação e higiene. De uma média inicial de 10 a 15 pedras por dia, o consumo passou à média de cinco pedras diárias, concentrado no período noturno, segundo os relatos.
Lançado em janeiro, o programa “De Braços Abertos” oferece moradias em hotéis, emprego em frente de trabalho, renda de R$ 15 por dia, além de três refeições e curso de capacitação para 429 dependentes químicos da região da Cracolândia.
Os pilares são trabalho remunerado, alimentação e moradia digna, com a diretriz de intervenção não violenta.
Emprego
Agora, o programa entrou em uma nova fase e, no total, 16 beneficiários foram encaminhados à empresa Guima Conseco para prestar serviços em equipamentos públicos municipais. Eles receberão R$ 820 por mês, vale refeição de R$ 9,10 por dia, cesta básica no valor de R$ 81,33 e Vale Transporte.
A ideia é afastá-los da região da Luz, onde há ainda um foco de uso de drogas. “É um processo de construção de autonomia, mas ainda monitorado pela assistência social”, disse a secretária da Assistência e Desenvolvimento Social, Luciana Temer.
No Centro de Referência em Assistência Social da Prefeitura na Vila Mariana, uma das benefíciários do programa Braços Abertos vai começar a trabalhar, com carteira assinada, como faxineira.

 

Em junho, o príncipe Harry , da Inglaterra, veio conhecer o programa que propõe a reinserção social de usuários de crack, através de ação não violenta e com política de redução de danos

 

Advertisement
Clique para comentar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.


© 2024 Jornal São Paulo Zona Sul - Todos os Direitos Reservados