Coronavírus
Quando terminará a quarentena?
Crianças sem aula, comércio fechado, shoppings e cinemas vazios, bares, padarias e restaurantes atendendo apenas para delivery ou retirada…
Em princípio, a quarentena no Estado de São Paulo estava marcada para o período entre 23 de março e 7 de abril para o comércio, mas o prazo pode ser estendindo. Em entrevista coletiva essa semana, o governador João Doria disse que a decisão só será tomada no dia 6 de abril, segunda-feira, conforme análise dos números do avanço do contágio pela Covid 19 no Estado e no país.
Os shopping centers devem ficar fechados – incluindo cinemas e praças de alimentação – até 30 de abril. E as escolas sequer têm uma previsão.
Um estudo feito pelo Instituto Butantan, em parceria com o Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo e a UnB (Universidade de Brasília) indica que sem a quarentena decretada pelas administrações estadual e municipal da capital, o pico de casos de internação ocorreria já na primeira semana de abril e o sistema de saúde entraria em colapso.
Os dados mostram que, antes da quarentena, a velocidade de transmissão de casos era de uma pessoa para seis, o que exigiria acrescer 20 mil leitos à rede pública da capital paulista, dos quais 14 mil hospitalares e 6 mil de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
O Butantan e o Centro de Contingência já haviam divulgado, na última sexta-feira (27), que as medidas de restrição vigentes reduziram os índices de contágio. A taxa era de uma pessoa para três em 20 de março e caiu de uma para duas pessoas em 25 de março.
A cidade de São Paulo possui cerca de 6 mil leitos hospitalares e outros mil de UTI. Com a redução do contágio, em razão do distanciamento social, o pico de internações na capital pelo novo coronavírus está projetado para a última semana de abril e, conforme o estudo, a necessidade de acréscimo de leitos à rede será substancialmente menor, sem colapsar o sistema.
Ainda segundo projeções realizadas por epidemiologistas do Instituto Butantan, sem as medidas de restrições, a epidemia de coronavírus no Estado duraria 180 dias, contados desde fevereiro – quando o primeiro caso foi registrado -, e terminaria em setembro. Nesse cenário, seriam ao todo 277 mil mortes, 1,3 milhão de hospitalizados e 315 mil casos graves com necessidade de internação em UTI.
Vale destacar que a cidade de São Paulo tem cerca de 12 milhões de habitantes e que a maioria dos casos se concentra na capital.
Cuidados
A região de Vila Mariana, Vila Clementino, Saúde e Jabaquara concentra diversos hospitais – públicos e particulares.
Nessas unidades, muitos funcionários já foram afastados porque contraíram o novo coronavírus.
Só no Hospital Sírio Libanês, que fica no Paraíso, foram 104 funcionários, de diferentes áreas, infectados. Essas pessoas teriam circulado pela vizinhança? E os pacientes, familiares e outros visitantes?
Por tudo isso, manter o afastamento social e tomar os cuidados com higiene pessoal, lavando mãos e usando o álcool em gel 70%, são atitudes essenciais no momento.
A volta às aulas ainda é indefinida, também, mas o Governo Federal já autorizou que o número de dias letivos seja inferior a 200 e que as aulas online sejam contabilizadas para atingir o mínimo necessário anual.
Comércio
Poder executivo (Governos Federal e Estadual, Prefeitura), legislativo (Camara, Senado, Assembleia Legislativa e Camara de Vereadores) além do próprio Judiciário parecem estar concentrados na definição de medidas que reduzam o impacto da paralisação comercial tanto na vida de autônomos, quanto na vida de funcionários e proprietários de pequenas empresas.
Muitas medidas de apoio e crédito estão em discussão, incluindo abonos em contas públicas e perdão de atrasos, auxílio para pagamentos de salários e até aluguéis.
Mas, o que reserva o futuro para o comerciante, o lojista, o profissional liberal e todos os seus funcionários e colaboradores? Difícil prever.
A própria duração da pandemia – com ou sem quarentena – pode interferir nos negócios futuros. A falta de recursos do público consumidor, também.
Plano de Recuperação
O Jornal São Paulo Zona Sul está elaborando o Plano de Recuperação do Comércio Local, que prevê várias ações para que se estabeleça uma política de cooperação e valorização entre os próprios comerciantes locais, nessa fase de comércio fechado e também após a reabertura, quando certamente ainda muitas dificuldades serão enfrentadas.
A ideia é estimular um consumo circular, ou seja, divulgar os pequenos negócios entre si (um comerciante ajuda o outro, privilegia o outro, da mesma região), além de desenvolver várias estratégias para que o morador dos bairros próximos também entenda a importância de consumir no comércio local, gerando empregos e desenvolvimento sustentável.
O Jornal está desenvolvendo várias estratégias de comunicação para os pequenos comerciantes e, ao mesmo tempo, buscando apoio e diálogo em autoridades públicas e de instituições locais para que a crise possa ser superada e novos relacionamentos, saudáveis e cooperativos, possam surgir.
Vale lembrar que o maior número de empregos no país é gerado pelas micro e pequenas empresas.
Mais detalhes em breve.