Ecourbis
Qual sua dívida com o planeta?
A natureza tem uma incrível capacidade de se recuperar. Florestas podem reaparecer, rios podem ficar limpos… Desde que as atividades de extração e poluição deixem de acontecer.
Mas, ao longo das últimas décadas, as agressões ao meio ambiente ocorrem em uma velocidade e intensidade que não estão permitindo que essa recuperação aconteça, ou seja, a destruição dos recursos naturais está colocando em risco o futuro do planeta todo – ou ao menos a sobrevivência da raça humana e de outras espécies que ela continua a ameaçar.
Para medir essa velocidade, cientistas e ambientalistas criaram o “Dia da Sobrecarga da Terra”. Essa marca acontece a cada ano em uma data diferente, ou seja, é feita uma medição de quando se alcança o limite de capacidade de recuperação do planeta.
Os especialistas comparam ao “cheque especial”, em contas bancárias. Ou seja, quando você gasta o que efetivamente tinha direito e passa a entrar em dívida, usando reservas que não são suas.
O pior desse levantamento é que ele vem mostrando que, a cada ano, o Dia da Sobrecarga da Terra tem acontecido mais cedo. Agora em 2022, em termos globais, a data foi alcançada em 28 de julho, apenas um dia mais cedo que no ano passado.
Piora anual
Embora a piora no quadro tenha sido leve, em comparação ao ano anterior, ainda indica que o consumo no mundo ocorre de forma agressiva e danosa à natureza. E que seria necessário ter quase dois planetas – 1,75 – para conseguir abastecer a humanidade conforme os padrões atuais. Para se ter uma ideia dos contínuos avanços da destruição planetária, em 2000, quando o estudo começou, a data foi alcançada em 8 de outubro!
No Brasil, a situação é um pouco menos agressiva: a data foi alcançada em 12 de agosto.
A diferença também mostra que há países que gastam muito mais que outros, ou seja, destroem o planeta por meio de suas compras e atividades cotidianas do que outras. Enquanto na maioria dos países africanos o consumo não chega a um quinto da capacidade de recuperação da natureza, nos Estados Unidos esse velocidade é, no sentido contrário, cinco vezes maior do que a natureza pode absorver. Isso significa que seriam necessários cinco planetas para conseguir atender à demanda do consumidor norteamericano, para conseguir recuperar a poluição causada e as extrações de bens naturais que se transformaram em produtos.
O que fazer a partir dessas informações? Afinal, como cada indivíduo pode contribuir para não agravar essa “dívida” com o planeta?
Resíduos
Tudo que consumimos se transforma em resíduos, de alguma forma. Seja a embalagem em que trazemos um novo produto, sejam as sobras de alimento, seja a água usada na hora de tomar banho, lavar a louça…
Os resíduos podem ser na forma de poluição – como no caso dos combustíveis usados no carro ou no ônibus que usamos para circular – ou na forma que nos habituamos a chamar de “lixo”.
A maioria dos produtos e serviços que usamos, na verdade, gera tanto poluição – do ar, da água, do solo – quanto resíduos – embalagens, sobras, produtos quebrados ou vencidos, sem falar nos rejeitos (papel higiênico usado, bitucas de cigarro, varrição da casa, papéis engordurados, etc).
Também há resíduos perigosos ou de difícil descarte, como lâmpadas, pilhas e baterias, tinta, gesso.
Sua conta
Quando se fala no Dia da Sobrecarga do Mundo, é comum haver a comparação a um cheque especial de banco. O dinheiro acaba e passamos a nos endividar, recorrendo a recursos que não temos.
As comparações entre Estados Unidos, Brasil e países da África, mais pobres, mostra que muitos estão pagando a conta por aqueles que consomem mais, de forma irresponsável.
O mesmo acontece com famílias de diferentes níveis econômicos ou de consciência ambiental. Mas, essa comparação também indica que é possível adotar uma atitude mais responsável com relação à natureza, evitando destruir seus recursos, poluir o meio ambiente.
E a melhor maneira de medir essa conta é cuidando dos resíduos que geramos.
Alimentação
Que o desperdício de alimentos é um dos principais problemas na atualidade já se sabe. Enquanto milhões passam fome ou se alimentam mal por todo o planeta, toneladas de comida de boa qualidade está sendo jogada fora.
Isso significa que todos os recursos naturais usados para produzi-la, a poluição gerada inclusive no transporte também foram desperdiçados.
Significa ainda que esse material vai todo para aterros sanitários, ocupando um espaço precioso, além de exigir complexo processo de coleta e destinação final correta.
Mas não é só evitando o descarte de alimentos no lixo que se evita essa “dívida” com o meio ambiente. É preciso ainda fazer boas escolhas, dando preferência a produtores locais, evitando o consumo de alimentos industrializados e preferindo itens naturais, cobrando novas atitudes das indústrias e também do varejo.
Reduzir o consumo de carne é outra sugestão para que haja menor desperdício de água e geração de resíduos, já que muita carne é atualmente descartada por ter vencido, tanto no comércio quanto na casa do consumidor final.
Sempre que possível. opte pelos alimentos orgânicos, que poluem menos o solo e a água e valoriza empresas com práticas sustentáveis
De acordo com o Instituto Akatu de consumo consciente, cortar o desperdício de alimentos pela metade em todo o mundo traria um alívio de 13 dias na conta da Sobrecarga da Terra. E uma redução de 50% no consumo global de carne, substituindo essas calorias por uma dieta vegetariana, seria capaz de mudar o Dia da Sobrecarga em outros 17 dias.
Embalagens
No mundo moderno, as embalagens se tornaram essenciais – garantem higiene, facilitam transporte, mantém a conservação por mais tempo.
Mas essas vantagens não podem ser motivo para comprometer a capacidade de descarte de resíduos pelo mundo.
Assim, sempre que for possível evite as embalagens – compre itens em porções maiores, leve suas próprias sacolas ou potes e compre por peso e a granel, sem uso de bandejinhas de isopor.
E sempre que elas forem importantes ou indispensáveis, separe-as para reciclagem.
Um bom exemplo da importância dessa atitude está no nível de reciclagem das latinhas de alumínio, que no Brasil é próxima de 100%. Como esse material é vendido por catadores e volta para a indústria para ser novamente transformado em produtos de alumínio, há menor extração de minérios da natureza para fabricar outras latinhas.
Assim, separe tudo que for de plástico, papel, vidro ou metal, enxágue para tirar excessos e coloque essas embalagens em um único saco que será levado pelas equipes de coleta seletiva na cidade.
Não misture os recicláveis com o lixo comum (sobras de alimento, sujeiras, rejeitos do banheiro) Depois, basta conferir pela internet qual o horário em que as equipes de reciclagem passam em sua rua ou informar-se no condomínio onde mora sobre o descarte de recicláveis. Os condomínios geralmente contam com um contêiner para que esse material fique organizado. Nas zonas sul e leste da cidade, a coleta seletiva é feita pela concessionária Ecourbis Ambiental, que conta inclusive com central de triagem para separação automatizada dos itens.. A coleta de lixo tradicional também é realizada pela Ecourbis, mas em datas ou horários diferentes. Confira no site https://www.ecourbis.com.br/coleta/index.html o horário em que cada um desses serviços é prestado.
O consumo consciente e descarte correto de cada resíduo gerado não apenas representa um prolongamento da vida na terra como também uma qualidade de vida melhor, com menos riscos à saúde da população mundial.