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Plástico: herói ou vilão

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Difícil imaginar um mundo moderno sem o uso do plástico – que está presente tanto em grandes eletrodomésticos, veículos, maquinários industriais quanto em pequenas utilidades essenciais para a vida cotidiana, como potes, embalagens, descartáveis essenciais para garantir higiene e saúde.

Mas, o excesso do uso e, principalmente, o descarte incorreto podem transformar o plástico em um grande poluidor do planeta.

O plástico pode levar de 450 anos a 1000 anos para se desintegrar no meio ambiente e estudiosos de todo o planeta já apontam o risco de haver mais plástico do que peixes nos oceanos até 2050.

Cenário nacional

Ainda antes da pandemia, em 2019, a um estudo do  Fundo Mundial para a Natureza (WWF, sigla em inglês) apontava que o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. O país também é um dos menos recicla este tipo de resíduo.

O Brasil produz mais de 11 milhões de toneladas de lixo plástico por ano e, na média, cada brasileiro produz 1 kg de lixo plástico por semana

O pior, entretanto, é saber que 2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular pelo país. E é triste também saber que quase 8 milhões de toneladas desse material são destinadas a aterros, quando poderiam ser recicladas ou reutilizadas e voltar à economia, evitando  ocupação de espaço, uso de energia e água na industrialização de novos itens, além de gastos de petróleo – matéria usada na produção do plástico.

O Brasil é um dos países que menos recicla no mundo ficando atrás de Yêmen e Síria e bem abaixo da média mundial que é de 9%. Dentre os maiores geradores de lixo plástico, é o que menos recicla,m pelos dados do WWF.

Como mudar essa realidade e atingir o equilíbrio? A resposta é simples: bom senso no uso e cuidado no descarte.

Há algumas dicas que podem esclarecer e facilitar a vida de quem quer continuar aproveitando a praticidade e outras benefícios do uso do plástico sem entretanto prejudicar o meio ambiente, a saúde do planeta e até mesmo a limpeza urbana.

Recusar sempre que possível

O plástico pode ser  essencial na vida moderna mas nem todo plástico é indispensável. A lei que determinou a cobrança por sacolinhas em pontos de venda demonstrou que havia um exagero por parte de muitos consumidores que solicitavam quantidade excessiva delas. O resultado, muitas vezes, era o descarte irregular pelas ruas, praias, pontos turísticos…

Sacos e sacolinhas podem ser usados para acondicionar corretamente o lixo, desde que sem exagerar no volume ou peso e que não sejam depositados nelas itens perfurocortantes, como pedaços de vidro, espetos de churrasco e outros.

Recuse também, sempre que possível, bandejas de isopor, sacolinhas de lojas, brindes plásticos que não tenham uso significativo, embalagens desnecessárias.

Quando usar descartáveis

Objetos de uso único podem ser essenciais para a sociedade por conta da necessidade de higiene. Na pandemia, o uso de descartáveis para evitar o contágio pelo coronavírus foi importante. Máscaras, roupas médicas, mas também copos e talheres plásticos se mostraram maneiras práticas e baratas de não compartilhar objetos cotidianos.

É importante que todos esses itens sejam descartados corretamente no lixo comum, para não comprometer esse processo de higienização ambiente. Descartar máscaras em vias públicas, por exemplo, é perigoso à saúde pública.

Vale ressaltar, entretanto, que muitas vezes é possível recusar esses descartáveis – seja por estar em um ambiente doméstico seja porque eles são realmente desnecessários.

Canudos e mexedores plásticos são bons exemplos. No caso do mexedor, basta colocar o açúcar ou adoçante antes da bebida que já há mistura sem necessidade de uso do mexedor. Ou use e higienize adequadamente as colheres, copos e outros objetos.

Reutilizar e reciclar

Boa parte do plástico que chega às nossas casas e escritórios cotidianamente podem muito bem ser reaproveitados.

Potes de temperos, de molhos, de sorvete ou mesmo de produtos de limpeza podem ser novamente usados comprando apenas o “refil”;

Em muitos empórios e lojas, é possível levar a própria embalagem e preenchê-la com grãos (arroz, feijão, lentilha…), temperos (sal, ervas secas, etc),

Em casa também é possível fazer esse tipo de reaproveitamento, usando embalagens plásticas para armazenar, congelar ou mesmo transforma-las com artesanato em brinquedos, porta-coisas, vasos, embalagens de presentes e tudo mais que a imaginação permitir – a internet traz diversas dicas e tutoriais nesse sentido.

Mas, boa parte do plástico que vem do supermercado também pode voltar à economia por meio da reciclagem. O processo pode tanto transformar o plástico em novas embalagens como em outros diferentes produtos. Garrafas pet, por exemplo, servem de matéria prima até para camisetas esportivas.

A Abiplast – Associação Brasileira da Indústria do Plástico – aponta que a reciclagem de plástico no Brasil. vem crescendo e contesta alguns dados do Estudo apresentado pelo WWF. Segundo a entidade, a reciclagem do plástico no país já atinge 24%.

De qualquer forma, esse índice ainda está bem abaixo daquele atingido pela reciclagem de alumínio – que em território brasileiro já chega de 98%, um dos maiores índices no planeta.  Vale destacar que a reciclagem do alumínio atinge níveis altos porque o valor pago a catadores pelo quilo do alumínio vale a pena – pode ultrapassar R$ 10 em alguns pontos do país, enquanto o plástico tem valor bem menor e ocupa mais espaço.

Alguns tipos de plástico – como é o caso do isopor – são ainda mais difíceis de garantir a reciclagem. Seja pelo volume ocupado, processo complexo e caro ou pelo valor pago por esse tipo de material.

Cidade preparada

A cidade de São Paulo conta com centrais de triagem de recicláveis, coleta seletiva em todos os distritos da capital, Pontos de Entrega Voluntária e contêineres espalhados pela cidade, cooperativas de catadores organizadas e cadastradas junto à Prefeitura.

Enfim, a cidade tem completa infraestrutura para que o plástico seja encaminhado para a reciclagem e volte a fazer parte da economia.

Para encaminhar o plástico – assim como o metal, o vidro e o papel – para o processo de reciclagem, basta colocar todo material em um único saco bem fechado e disponibilizar para a coleta seletiva.

Nas zonas sul e leste da cidade, a coleta de lixo tradicional, bem como a seletiva, são serviços prestados pela concessionária Ecourbis Ambiental. Para saber o horário em que as equipes passam em sua rua, basta acessar: ecourbis.com.br/coleta/index.html

Logística reversa

A conscientização do consumidor é o principal caminho para ampliar a reciclagem e o reaproveitamento do plástico no Brasil e no mundo.  Mas, também será preciso ampliar as políticas de Logística Reversa, ou seja, responsabilizar a indústria para que se responsabilize pela redução do plástico de uso único, destinação correta e reciclagem.

Algumas empresas de refrigerantes, por exemplo, já estão voltando a oferecer embalagens retornáveis. Garantir benefícios para consumidores ou catadores de recicláveis é outra frente de ação essencial, bem como a redução de impostos sobre produtos feitos a partir da reciclagem.

Cada cidadão pode contribuir também nesses processos, contatando empresas e estimulando práticas de logística reversa, desenvolvimento de embalagens reaproveitáveis, inovações no design dos produtos e se engajando em ações para garantir que o plástico – bem como outros resíduos – tenham sempre destinação correta.

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