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Meio ambiente

Pesca predatória: risco à segurança alimentar

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Peixes são maior fonte de proteínas para mais de 3 bilhões de pessoas no mundo, mas pesca ilegal pode comprometer o futuro

Os níveis de captura de peixes estão próximos da capacidade de produção dos oceanos, com 80 milhões de toneladas de peixes sendo pescados, de acordo com recente relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas. O mesmo documento ainda indica que os oceanos representam a maior fonte de proteína do mundo, com mais de 3 bilhões de pessoas dependendo dos oceanos como fonte primária de alimentação. Já um relatório divulgado pela ONG WWF, em setembro, mostrou que populações de peixes importantes para a segurança alimentar da humanidade estão sob risco de colapso total: nas últimas quatro décadas foram reduzidas à metade e algumas delas, disponíveis para consumo, apresentam declínio de até 75%.
Já diretora-geral da organização não governamental (ONG) Oceana no Brasil, Monica Peres, alertou que a pesca desenfreada pode ser mais prejudicial a ecossistemas marinhos que a poluição. “A gente precisa respeitar a capacidade daquelas populações de se reporem. Toda extração de recursos vivos precisa ser feita dentro da capacidade do organismo de se repor”.
Desde 2013, o governo federal desenvolve um Plano Nacional de Combate à Pesca Ilegal. Além de operações de fiscalização e a entrega de “selos de pesca legal” a donos de embarcações pesqueiras regularizadas, busca-se o esclarecimento da população para que a pesca predatória seja evitada.
Na opinião do secretário de Planejamento e Ordenamento da Pesca do ministério, Fábio Hazin, é preciso retomar a coleta de dados nacionais sobre a pesca e o estaque de peixes, interrompida há sete anos. “O fato de o Brasil ter atravessado alguns anos sem a geração de dados estatísticos nos impede de fazer um planejamento”, resume.
Outro problema está na necessidade e urgência de conscientizar a sociedade sobre as espécies mais adequadas para consumo. Sabe-se, por exemplo, que algumas espécies correm riscos por serem mais populares, como a sardinha e o cação.
Para Mônica Peres, da Ong Oceana, o ideal no Brasil é ter uma produção menor, mas de peixes mais nobres, portanto mais lucrativa. “Os vermelhos e as garoupas, por exemplo, têm grande potencial de exportação a preços altos. O setor pode pescar menos e ganhar mais.”
Em algumas áreas do país, com na Amazônia e na região costeira do Rio Grande do Sul, por exemplo, a população come peixe em todas as refeições. Uma pesquisa recente da Oceana revelou que o consumo médio das famílias ribeirinhas é cerca de 200 quilos de pescado por ano.

 

Pesca é essencial à vida e gera empregos, mas deve ser feita com controle para proteger oceanos

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