História
Passado de Congonhas explica desafios do presente
Prestes a completar 90 anos de existência, o Aeroporto de Congonhas traz cada vez mais mudanças para a região onde está situado. Claro que o crescimento da cidade ao longo dessas décadas todas explica muito do que acontece nesse pedaço da zona sul, mas da mesma forma os avanços do turismo – inclusive de negócios; da tecnologia e aviação, do comércio, do urbanismo trazem mudanças inevitáveis à região.
O jornal SP Zona Sul encerra essa semana a série de reportagens sobre as interferências do Aeroporto de Congonhas nos bairros do entorno.
Trânsito, barulho, poluição, riscos de acidentes aéreos são os principais problemas apontados por quem mora em bairros como Jardim Aeroporto, Jabaquara, Moema, Campo Belo, Planalto Paulista.
Por outro lado, muitos defendem a movimentação trazida pelo aeroporto, como gerador de negócios, que propiciam crescimento local e novas oportunidades de empregos e empreendimentos, além da facilidade de acesso a um aeroporto que terá até voos internacionais de volta.
Mas, a primeira e inevitável avaliação para planejamento futuro e tomada de decisões no presente é avaliar o passado de Congonhas.
A história de Congonhas começa na década de 1930, quando o terreno onde está localizado o Aeroporto sequer fazia parte da cidade de São Paulo. Aquela área erma e distante pertencia à Villa de Santo Amaro, então um município vizinho e ligado à São Paulo por duas vias principais: a Estrada do Carro que Vae para Santo Amaro – basicamente as vias Vergueiro, Domingos de Morais e Avenida Jabaquara, de hoje; e o corredor Norte Sul, antigamente Auto Estrada Washington Luís.
Foi esse terreno a principal razão de as autoridades terem decidido unir as duas cidades – São Paulo e Santo Amaro, em 1936. Em 1936, o Aeroporto de Congonhas era inaugurado.
A partir daí, na década de 1940 vários terrenos vizinhos foram adquiridos para integrar a área do Aeroporto, garantir pistas. Mas tudo isso aconteceu em uma época com número de voos e passageiros insignificante perto do que acontece hoje, com esse que é o segundo mais movimentado aeroporto do país.
Ao mesmo tempo, não se pode dizer que ao longo dessas nove décadas houve muito controle do crescimento dos bairros ao redor de Congonhas. Apenas algumas restrições com relação à altura de prédios e também definição de um bairro como estritamente residencial e horizontal, ou seja, onde a construção de prédios é proibida: o Planalto Paulista.
Vale observar, entretanto, que a própria definição do bairro como Zona Residencial só aconteceu em 1972 – tanto que o bairro ainda conserva alguns edifícios e estabelecimentos comerciais anteriores à lei.
“O Aeroporto já estava lá quando as pessoas decidiram se mudar”, dizem. É bem verdade, mas era um aeroporto de baixo movimento, não o que se vê hoje. E as pessoas não foram impedidas de mudar ou construir nas redondezas. Não se trata de uma caça às bruxas, mas de compreender que falta de planejamento ao longo da história de Congonhas e da cidade resultam hoje em problemas que devem ser discutidos à luz de uma nova realidade.
Mitigar problemas e valorizar as vantagens de Congonhas são metas que devem estar no radar das diferentes esferas de governo para definir o futuro do entorno.