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Cultura

Obra gráfica de Fingerman é destaque no Lasar Segall

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Está em cartaz no Museu Lasar Segall uma exposição do pintor e gravador Sérgio Fingerman, até o início de novembro. Vale lembrar que o Museu Lasar Segall tem ingresso gratuito e um ambiente super agradável, com café e jardins, além de biblioteca e mostra permanente do artista que dá nome ao museu.

De acordo com o curador Giancarlo Hannud, Fingermann vem desenvolvendo ao longo dos últimos cinquenta anos uma potente obra.

“Dotado de sólida formação, jamais se ateve a uma única técnica como meio de suas preocupações, antes enveredando por todas elas ao sabor de suas preferências momentâneas e das possibilidades que lhe eram oferecidas por suas especificidades. Em sua atuação na gravura, tornada mais esparsa nos últimos anos apesar de ter sido um dos campos fundamentais do início de sua carreira, vemos a essência de seu pensamento criativo. Mestre inconteste do meio, ele fez uso de suas idiossincrasias para alavancar sua sensibilidade fragmentada, constituída de memórias esparsas, imagens desconhecidas e misteriosas, e suas muitas justaposições”, desenvolve Hannud.

Segundo o curador, Fingermann é pautado sobre um profundo pacto ético do fazer artístico, o trabalho de Fingermann articula questões de ordem técnica e expressiva em parcelas iguais, aliando o virtuosismo do fazer ao lirismo do contínuo espelhar iterado de certas imagens. A cada nova enunciação elas nos surgem sob novas inflexões. Elas constituem transformações visuais dos objetos e das memórias que as originaram, sendo assim seus equivalentes metafísicos, existindo em planos onde razão e sentido são feitos desimportantes.

Outra observação sobre a obra do artista em destaque é que a convivência entre o visual e o racional acontece “Um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-se-me uma ideia no trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de volatim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te.” Ao pendurar, bracejar, pernear e alongar imagens provenientes do mundo real, transformando assim impressões passageiras em expressão, Fingermann acaba por criar deleites visuais indecifráveis que propõem profundas reflexões sobre a própria origem da imagem, seus efeitos e possibilidades. Nessas imagens malabares de esfinge reside o material construtivo do universo poético e subjetivo de Fingermann.

Para quem ainda não conhece o Museu, importante lembrar que foi idealizado pela viúva de Lasar Segall, Jenny Klabin Segall, em 1967. Funciona na antiga residência e ateliê do artista, projetados em 1932 por seu concunhado, o arquiteto Gregori Warchavchik, na Vila Mariana.

O Museu fica na Rua Berta, 111 – Vila Mariana. Dá para ir a pé tanto da estação Vila Mariana quanto da Santa Cruz. Tel (11) 2159 0400; abre de quarta a segunda (fechado apenas às terças), das 11h às 19h.

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