Cultura
Incêndio não comprometeu acervo da Cinemateca
Depois do Memorial da América Latina, do Instituto Butantâ e do Museu da Língua Portuguesa, esta semana foi a vez da Cinemateca sofrer um incêndio. Na madrugada do dia 3, as chamas atingiram a Câmera 3 do Depósito de Filmes. Por volta de 5h30, já havia oito carros de bombeiros no local, que conseguiram rapidamente conter o fogo. Não houve vítimas. As causas do incêndio ainda estão sendo apuradas pelo Corpo de Bombeiros.
A Cinemateca ocupa um prédio histórico da Vila Mariana, o antigo Matadouro de Animais. Os antigos galpões, construídos no final do século XIX, ficaram abandonados por muitas décadas do século XX e só na década de 1990 ocorreu a restauração. Até então, o acervo da Cinemateca ocupava casas dentro do Parque da Conceição, no Jabaquara, mas o espaço era insuficiente e também havia riscos de incêndio, já que fitas e rolos de filme em geral são material que demanda cuidados para manutenção e altamente inflamáveis.
No galpão atingido, estavam abrigadas obras em nitrato de celulose. O material é característico da produção cinematográfica brasileira anterior à década de 1950.
De acordo com o Ministério da Cultura, nenhuma outra estrutura foi danificada. Pelo fato de o material ser inflamável, o depósito com essas cópias fica afastado do restante do complexo da cinemateca.
Em nota, a Cinemateca informou que, no total, 1.000 rolos de filmes foram queimados. Deste total, a grande maioria está conservado em outras mídias/suportes. Os filmes destruídos estavam todos em domínio público e o levantamento da pequena parte afetada, sem duplicação, será informado pela Cinemateca nos próximos dias.
A nota ainda reforçou que a estrutura criada especificamente para acomodar o acervo de filmes no suporte de nitrato não tem rede elétrica (para evitar riscos de curto-circuito) e as paredes não são conectadas com o teto para evitar propagação do fogo. Assim, no total, o incêndio destruiu pouco menos de 0,4% do total do acervo.
As áreas de acesso público da Cinemateca e todo o seu acervo não-fílmico, composto por aproximadamente 1 milhão de documentos e objetos, estão distantes do acervo de nitrato e não apresentam nenhum risco.
A Cinemateca ainda ressaltou que o foyer e a Salas de Cinemas em funcionamento estão devidamente equipados e que há dois bombeiros civis que trabalham no local.
Com o maior acervo do gênero da América latina, a Cinemateca abriga cerca de 200 mil rolos de filmes, entre longas, curtas e cinejornais de 30 mil títulos. Além disso, lá estão guardados livros, revistas, roteiros originais, fotografias e cartazes.
Entre as raridades audiovisuais, estão gravações da TV Tupi, a primeira emissora de televisão do Brasil, inaugurada em setembro de 1950 e com as atividades encerradas em julho de 1980. A instituição abriga também obras de ficção, filmes publicitários e registros familiares nacionais e estrangeiros, produzidos desde 1895.
Programação suspensa
Parte da programação planejada para os próximos dias foi suspensa pela Cinemateca. No final da tarde de ontem, dia 4, a instituição divulgou a seguinte nota:
“Os esforços de toda a equipe da Cinemateca estão voltados para o acervo da instituição nesta semana. Os atendimentos e as programações de filmes desta semana, quinta (04) a domingo (07), estão suspensos. Semana que vem, a partir de quinta-feira (11), retomaremos com a programação normal. A “2ª Mostra do Cinema Brasileiro Contemporâneo” será prolongada por três dias ao final de fevereiro. Enquanto “Cinemateca ao ar livre” retornará com a exibição de Velvet Goldmine no sábado, 13.”
A Cinemateca fica no Largo Senador Raul Cardoso, 207. Telefone: 3512-6111