Saúde
Hospital no Jabaquara é referência em oncologia
Em maio, o Centro de Alta Tecnologia em Diagnóstico e Intervenção Oncológica Bruno Covas completa dois anos. Nesse período, alcançou o marco de transformar o Hospital Municipal Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho em um centro de referência em câncer na capital, com 97.182 pacientes atendidos, 3.338 diagnósticos finalizados e 6.148 cirurgias realizadas, parte delas por meio de tecnologia robótica, um diferencial que permite mais segurança e precisão na intervenção.
“Hoje 91% dos nossos leitos são ocupados por pacientes de oncologia, além de contarmos com uma estrutura completa de atendimento, desde o diagnóstico até cirurgias e tratamento”, reitera Fabiana Rolla, diretora médica do hospital. A instituição, classificada como nível de atenção terciário (o de maior complexidade dentro da área da saúde), possui uma infraestrutura distribuída em 23 mil metros quadrados e nove andares. São 221 leitos disponíveis, sendo 49 leitos de UTI, além de 1.424 trabalhadores, dentre eles 300 médicos, 200 deles oncologistas.
Localizado na Zona Sul da capital, o hospital, também conhecido como Vila Santa Catarina, integra a rede de saúde da Prefeitura de São Paulo desde 2015 e é administrado pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
A ênfase no atendimento oncológico, explica Fabiana, iniciou há cinco anos e foi consolidada com a inauguração do Centro de Alta Tecnologia em Diagnóstico e Intervenção Oncológica Bruno Covas, que oferece atendimento nas áreas de oncologia clínica, coloproctologia, estômago, hepatobiliar, ginecologia, hematologia, mastologia, ortopedia, pneumologia, urologia e oncologia clínica. Como áreas agregadas estão as de cirurgias vascular e plástica. Fora da oncologia, a instituição também realiza cirurgias bariátricas, procedimento para o qual recebe cerca de 30 novos pacientes por mês.
Tumores na próstata
são os mais comuns
Atualmente, cerca de 11 mil pessoas com câncer estão em acompanhamento nos vários estágios de atendimento oncológico, do diagnóstico ao cuidado paliativo (são 34 leitos e uma equipe dedicados a CP). “Vale lembrar que o acompanhamento ao paciente pode ter continuidade por até cinco anos, que é quando se considera que um câncer entrou em remissão”, comenta a diretora clínica.
Todos os meses, mais de 200 pacientes são recebidos na instituição, em sua quase totalidade encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de todas as regiões da cidade, a partir da suspeita de câncer. O perfil mais frequente são homens e mulheres com mais de 50 anos, e o câncer com maior incidência é o de próstata (são 784 pacientes acompanhados atualmente). Nas mulheres, o mais comum é o de mama (393 pacientes acompanhadas). Em média, por mês, são realizadas na instituição 4.200 consultas, 1.730 sessões de radioterapia e 1.370 sessões de quimioterapia.
Cirurgia robótica
Mensalmente são realizadas no hospital 330 cirurgias, parte delas por meio de tecnologia robótica. Desde maio de 2022, quando foi adquirido, o robô cirúrgico da Vinci já foi utilizado em mais de 300 cirurgias, em especial urológicas e ginecológicas. A tecnologia permite mais segurança ao paciente e maior precisão na retirada do tumor, principalmente em casos complexos. Além disso, como faz pequenas incisões, representa diminuição da dor e desconforto no pós-operatório, com menos riscos de sangramentos e de infecções.
Outra melhoria significativa, em andamento, é a reforma do espaço diagnóstico do hospital, com a expansão de duas para nove salas de intervenção, aquisição de uma segunda tomografia e PET-CT, o que permitirá ampliar dos atuais 2,5 mil para 5,5 mil o número de exames por mês. Com equipamentos de ponta para exames de imagem, explica Fabiana, o hospital realiza biópsias guiadas por imagem, o que também permite maior precisão diagnóstica.
Objetivo é
agilizar diagnóstico
Segundo a diretora, além das melhorias em infraestrutura, o hospital, que possui a certificação ONA nível 3 e o certificação da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), ambos pela qualidade na assistência prestada, pretende dar um novo passo: intervir de forma positiva para que os pacientes oncológicos cheguem mais cedo para a etapa de diagnóstico, garantindo um maior índice de sucesso no tratamento. Para isso, a equipe do hospital está implementando um projeto-piloto junto às UBSs da Zona Sul da capital, com o objetivo de qualificar a espera para exames. “Queremos ajudar a diagnosticar precocemente os casos de câncer para poder tratá-los mais cedo, também; acredito que podemos mudar paradigmas no tratamento da doença em, São Paulo”, afirma Fabiana.
Acolhimento
A auxiliar de enfermagem Daiane Santos Castro, 34 anos, tinha um nódulo no seio direito, mantido sob acompanhamento desde os 18 anos. Em 2020, no auge da pandemia de Covid-19, ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama em estágio 4, o mais avançado. Ela conta que, por conta da gravidade do seu quadro, passou por esse momento difícil isolada do restante da família. Encaminhada ao Hospital Municipal Dr. Gilson de C. Marques de Carvalho, em 2021 Daiane foi submetida a uma mastectomia, durante a qual também foi feita a colocação de prótese mamária.
Em sua jornada de tratamento, integralmente realizada no hospital, ela também passou por 15 sessões de quimioterapia e outras 15 de radioterapia. Daiane diz que chegou a pensar em abandonar o tratamento devido às dores que sentiu. “Mas a equipe médica e assistencial da unidade, que hoje considero meus amigos, me fez mudar de ideia”, diz a paciente, que atualmente volta ao hospital a cada três meses para acompanhamento. “A rapidez no atendimento e o acolhimento que recebi aqui foram essenciais; meu sentimento é de gratidão”, expressa.