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Coronavírus

Governo anuncia mudanças na quarentena ao meio dia dessa quarta

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Há diferentes especulações sobre as mudanças que o Governo do Estado vai anunciar na quarentena na entrevista coletiva que João Doria convocou para o meio-dia dessa quarta-feira, 27.

O governador já adiantou que vai implantar o que chama de “quarentena inteligente”, liberando o funcionamento de alguns estabelecimentos comerciais em regiões do Estado, conforme análise levando em conta o nível do isolamento, número de casos e óbitos confirmados, além de estrutura de saúde para atender os pacientes.

Em princípio, a ideia é anunciar a reabertura do comércio em quatro fases, a começar por estabelecimentos de menor porte. A segunda fase seria com estabelecimentos maiores, seguida de uma etapa em que poderiam abrir suas portas.

A terceira etapa é para abertura de hotéis, pousadas e acomodações – embora esse tipo de comércio não tenha sido impedido de funcionar pelo governo estadual, várias cidades do interior e litoral haviam determinado a não abertura desses serviços, para impedir fluxo de turistas.

Na quarta e última etapa, seriam abertos locais com maiores aglomerações, como cinemas, teatros, parques e escolas.

Doria, entretanto, já antecipou que não haverá relaxamento da quarentena em cidades onde não tem havido isolamento social nos níveis esperados e o número de casos continua crescendo – que é o caso não só da capital como de todas as cidades da região metropolitana.

O jornal Folha de S. Paulo afirma que o governador negociava até mesmo um endurecimento na Grande São Paulo, com paralisação da construção civil e da indústria, mas que a medida estaria encontrando resistência da Prefeitura paulistana – já que impactaria, inclusive, obras públicas em andamento. E estamos em anos de eleição.

O Jornal São Paulo Zona Sul vai acompanhar a coletiva e publicar as mudanças anunciadas em novas reportagens ao longo dessa quarta, 26.

Questionamentos

Já são mais de dois meses de fechamento de escolas, comércio e serviços na capital paulista. As autoridades apontam que a quarentena resultou em um “achatamento da curva de contágio”, ou seja, o ritmo com que a doença se propagou no Estado permitiu maior controle sobre a pandemia e também atendimento aos pacientes.

Mas, uma série de questionamentos surge, depois de dois meses, num cenário em que os pequenos empresários e comerciantes parecem estar sem apoio para manutenção de seus negócios e a população sem orientação clara.

Em meio a um cenário de disputas políticas, poucas ações concretas foram anunciadas e muitos programas desconexos e pouco eficazes foram implantados – em todas as esferas.

O Governo do Estado alega, por exemplo, que 74% da atividade econômica está permitida e o fechamento só atinge 26%. Os números, entretanto, são pouco reveladores. Quantos estabelecimentos estão fechados? Quantos funcionários estão, efetivamente, em quarentena – parados ou em home office?

Não teria sido melhor ter um período de um mês de atividades bem mais restritas, com circulação efetivamente controlada, para evitar que a doença se espalhasse pela cidade e pelo Estado?

Esses 74% não representam o foco de transmissão da doença, quer dizer, não é exatamente por ter tanto funcionário de serviços essenciais circulando que a doença continuou se espalhando, especialmente nos bairros mais pobres e periféricos da capital, bem como nas cidades vizinhas, da região metropolitana?

Por que supermercados de uma mesma rede, por exemplo, foram autorizados a manter todas as suas lojas abertas, todos os dias, em horário normal, inclusive aos domingos? Há bairros em que uma única rede de supermercados tem quatro ou cinco lojas! O mesmo se pode dizer de farmácias, postos de gasolina, lojas de conveniência…

Em outros setores, por que não houve permissão de abertura reduzida? Por exemplo, por que lojas de móveis, pet shops para banho e tosa, lojas de utilidades domésticas, escritórios não foram autorizados a funcionar por apenas meio período, com abertura em horário alternativo?

Por que a Prefeitura, o Governo do Estado e o Governo Federal não começam a repensar as jornadas de trabalho e horário de funcionamento em vários setores da economia, para gerar mais postos de trabalho e evitar aglomerações, dividindo o uso do transporte público ao longo do dia?

Não há soluções mágicas ou fáceis. Mas, se a pandemia é grave e representa um novo momento para toda a humanidade, exige novas atitudes e reflexões.

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