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Urbanismo

Festival polêmico no Ibirapuera

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Na região centro sul da cidade de São Paulo estão dois de seus principais parques públicos: o Ibirapuera e o Jardim Botânico, ambos considerados oásis em meio a uma região bem povoada e marcada pela urbanização intensa. Os dois foram recentemente concedidos à iniciativa privada, com as promessas de melhorar a qualidade, preservar o verde, desenvolver atrações para os frequentadores, sem custos.

Mas, esses dois cenários de paz e contato com a natureza se tornaram alvo de uma intensa polêmica nas últimas semanas. Tudo porque, pela primeira vez no Brasil, foi promovido em 4 de março, sábado, um evento que já acontece em outros países – o Piknic Eletronic, com várias apresentações de DJs em música eletrônica, como insinua o nome, e diversas atrações gastronômicas paralelas, inclusive com espaço para crianças.

A proposta inicial era de que o festival acontecesse no Jardim Botânico, na região da Água Funda, que integra a área preservada do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga.

A indignação de frequentadores e vizinhança foi grande e as redes sociais foram inundadas por queixas. A principal denúncia era de que um festival de música eletrônica tiraria a paz de diversos animais que vivem no Parque.

Os organizadores tentaram se defender, alegando que o evento já acontece há mais de 19 anos em várias partes do mundo e que “é conhecido por ter seus pilares muito bem definidos além da música, sendo também um fenômeno mundial ao propor uma experiência única que une sustentabilidade, arte e gastronomia, em um mesmo ambiente leve e familiar, contando com atividades para as crianças”.

Alegavam, também, que a área para realização era ampla e autorizada para realização de eventos, demarcada  com mais de 5 mil m² e com limitação de até 3.000 pessoas.  “O evento informa que a escolha do local vem ao encontro do propósito de despertar no visitante o respeito e a importância a natureza, suas causas e valores. Do mesmo modo, afirma que não se trata de um festa “rave” e que o uso da área natural e seus resultados será realizado com total segurança ao patrimônio vegetal e arquitetônico existentes no Jardim Botânico de São Paulo, garantindo deste modo que eventuais áreas de natureza e biologia mais sensíveis do parque estarão totalmente preservadas”, dizia a nota

Mas, as queixas continuaram e muitos apontaram para o fato de que a própria organização sugere aos pais que levem protetores auriculares para as crianças. “Se as crianças, precisam ter a audição protegida, imagine os animais que vivem nessa região pacífica e silenciosa da cidade. Eles também vão ter a audição protegida?”, questionavam internautas.

Os organizadores ainda tentaram defender que o evento, que estava já com alvará de permissão para sua realização, teria o objetivo de “ser um exemplo de evento sustentável no Brasil”, inclusive com a preocupação da gestão de resíduos, encaminhamento e a destinação correta que vai desde o lixo reciclável até o orgânico.

Mas, depois de muita pressão, os organizadores acabaram anunciando a mudança de endereço do Piknic Électroni. “Estamos muito felizes em anunciar para vocês que o #PiknicSP mudou de local e será realizado na plateia externa do Auditório do Parque Ibirapuera, em um espaço dedicado e específico para eventos de grande porte”.

Garantiram ainda que seriam seguidos protocolos específicos, com rígidos padrões de qualidade no controle operacional, apontando que um dos pilares é a sustentabilidade, além do propósito de despertar em nosso público o respeito e a importância da natureza, suas causas e valores.

Ministério Público

Mas, a polêmica ainda não chegaram ao fim. As críticas continuaram até que a Promotoria de Justiça do Meio Ambiente da Capital recomendou que a empresa Urbia Parques, responsável pela administração do Ibirapuera, impedisse a realização no local do evento do Piknic Electronik. 

Emitida no âmbito de um procedimento em tramitação no Ministério Público, a recomendação assinada pelo promotor Fernando Bolque considera que, apesar de incidirem sobre o Parque Ibirapuera parâmetros de uso e ocupação do solo aplicados em Zonas Especiais de Proteção Ambiental, eventos na área vêm causando fuga de fauna do local e propagação de ruídos em bairros vizinhos. Nesse sentido, a Promotoria afirmou que a realização da festa desrespeitaria a legislação vigente, com prejuízos ao meio ambiente.

Já a Urbia, que administra o Parque do Ibirapuera por concessão, diz que o evento está de acordo com as propostas do Parque, pela união entre música, gastronomia e espaço infantil. E garante que o parque do Ibirapuera é um local destinado a eventos e que o próprio Auditório sempre teve a finalidade de receber eventos com as mesmas caracaterísticas do Piknic Eletronic.

Mas o evento ocorreu e uma nova edição já está prevista, para o próximo mês.

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