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Cultura

Estreia “Beije Minha Lápide” espetáculo com Marco Nanini

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Vale a pena sair da região para ir conferir o espetáculo “Beije Minha Lápide”, com Marco Nanini, Julia Marini, Carolina Pismel e Paulo Verlings, que estreia hoje e permanece em cartaz até 1 de março no Sesc Consolação.
A peça dirigida por Jô Bilac traz uma montagem instigante, que parte de um fato real e atravessa várias situações e conflitos igualmente reais no mundo contemporâneo.
O túmulo do escritor irlandês Oscar Wilde, no cemitério Père Lachaise, em Paris, é vedado ao público para evitar a erosão provocada, principalmente, pelo batom das visitantes que tinham o hábito de demonstrar a admiração pelo escritor beijando a pedra. Uma barreira de vidro impede, desde 2001, que qualquer um se aproxime.
O espetáculo que estreia hoje tem como personagem principal Bala, um escritor com 60 anos, vivido por Nanini, que ainda conta com prestígio, mas está afastado do mundo artístico. Politicamente incorreto, Bala é grande admirador de Oscar Wilde. Considerando um completo absurdo, além de uma afronta à memória do seu ídolo, Bala quebra ele mesmo a barreira de vidro.
Bala é então preso e considerado senil. Na cadeia, recebe a visita da jovem advogada Roberta que se diz enviada pelo Estado como advogada de defesa. Bala não aceita advogados, alegando sanidade e reafirmando que faria tudo novamente, mas acaba se simpatizando por Roberta, sem saber que a jovem advogada foi contratada por Ingrid, filha de Bala, que não o vê faz muito tempo.
Ingrid é guia no cemitério Pere Lachaise, passa o dia entre as tumbas das maiores celebridades mundiais. Grande fã de Wilde, entende as razões do pai, mas não entende o fato de ele não aceitar sua visita, nem ajuda. Ingrid é jovem e está em pleno momento de mudança, vê em Paris um reflexo de um sistema cada vez mais asséptico, de um mundo virtual que está cada vez mais perdendo o tato. Ingrid recebe notícias do pai através de Roberta, que acaba revelando que Bala está escrevendo uma carta diretamente para ninguém mais que Oscar Wilde. Roberta tenta entender as razões do seu cliente, travando embates ideológicos que no lugar de afastar, acaba aproximando cada vez mais os dois.
Na cadeia, Fabian, jovem carcereiro cuja a ingenuidade e gentileza encantam Bala, inicia uma amizade íntima com o preso, numa linha tênue entre desejo e poder.
A narrativa avança pelos dias de Bala, preso em sua cela de vidro, isolado como o túmulo de Wilde, num fluxo obsessivo, como Salomé, exigindo o beijo de João Batista.
O texto tem o túmulo de Oscar Wilde como ponto de partida, em um paralelo Paris/Rio de Janeiro e com todas as grandes capitais, que em nome do seu cartão postal, levantam diariamente barreiras visíveis e invisíveis, evitando qualquer espontaneidade afetiva que nos aproxime de uma organicidade harmoniosa, mas que estejam perfeito para uma foto, um selfie.
O espetáculo Beije Minha Lápide está em cartaz às sextas, 21h, aos sábados, também 21h, e aos domingos, 18h. Ingressos entre R$ 15 (comerciários) e R$ 50 (inteira).
O Sesc fica na Rua Doutor Vila Nova, 245 – Vila Buarque – Centro. Informações pelo telefone: 3234-3000.

 

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