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Cultura

Espetáculo se inspira na instabilidade do corpo e da alma

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A instabilidade é uma substância essencial. Partindo desse princípio, o espetáculo “Lugar Algum” procura mostrar ao público, através da dança, que o corpo quando perde suas palavras, seus sonhos, suas mentiras e verdades, passa a propor movimento para achar possibilidades. É nisso que acredita Claudia Palma, coreógrafa e bailaria que dirige a In Saio Companhia de Arte e concebeu o espetáculo.

“Lugar Algum” estreia no dia 19 de novembro no Teatro João Caetano e traz aos olhos da plateia as sensações e movimentos possíveis de pessoas que perderam o chão, experimentando sentimentos de desapropriação, de tansitoriedade. A fragilidade é expressa pelos movimentos que resultaram no espetáculo.

“Imagine uma pessoa que acaba de receber a notícia de que perdeu sua casa e não tem mais onde morar. O espetáculo resgata o exato momento dessa perda, o que acontece com o corpo a partir desta sensação de desalojamento”, explica a coreógrafa.

“Lugar Algum” nasceu justamente de uma experiência de perda e desapropriação. Palma integrava o Grupo 2 do Balé da Cidade de São Paulo, quando ele foi extinto. “Um tempo depois realizei um projeto de oficinas de dança e conheci o grupo de bailarinos que hoje estão no espetáculo. Quando percebi que estávamos em situação bastante semelhante, sem teto, sem parede, sem abrigo, para desenvolvermos nossa arte, resolvi mandar o projeto para a Lei de Fomento. Fui selecionada e dei continuidade ao projeto e ao desejo de estarmos juntos”, conta Cláudia, que foi contemplada pela 8ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança, da Secretaria Municipal de Cultura.

A coreógrafa se inspirou em três objetos de pesquisa para a concepção dos movimentos realizados pelos bailarinos: do Edifício São Vito, o famoso Treme-Treme, na região central de São Paulo, que chegou a abrigar três mil moradores, a diretora extraiu o sentimento de desalojamento; do documentário Edifício Master (2002), de Eduardo Coutinho captou o sentimento de isolamento, pelo fato de os moradores raramente se verem, ou nem saber da existência um do outro, fato retratado no filme; do trabalho do pintor, escultor e fotógrafo Richard Long – ícone dos anos de 1960 que utilizava a natureza como objeto de criação e representava a paisagem introduzindo-se na mesma – Claudia Palma trouxe a liberdade na arte, refletindo estas impressões na cenografia, incluindo grandes pedras no espaço do palco.

Recomendado para maiores de 12 anos, o espetáculo Lugar algum terá apenas três apresentações no João Caetano dias 19, 20 e 21 de novembro – sexta e sábado, 21h; domingo, 19h.

O Teatro fica na Rua Borges Lagoa, 650 – Vila Clementino. Telefones: 5549-1744 / 5573-3774. O espetáculo tem entrada franca, mas é preciso retirar os ingressos uma hora antes.

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