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Educação ambiental: dentro e fora de casa

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Há algumas frases que são bastante conhecidas, nas famílias mais antigas, como orientação dos pais para evitar gastos sem explicação ou orientar os filhos no sentido de evitar desperdícios: “Com tanta gente pelo planeta passando fome e você coloca mais comida no prato do que consegue comer”, era uma delas;  “Por que tanta luz acesa? Vocês acham que sou sócio da empresa fornecedora de eletricidade?; “Dinheiro não nasce em árvore”; “Vamos fechar essa torneira enquanto escova os dentes?” O tempo passou e muitos hábitos se transformaram, a educação se modificou e mais informações passaram a circular na sociedade.

Hoje, é possível dizer que, mesmo que os adultos da época não tivessem consciência disso, todas as orientações estavam relacionadas não apenas à economia doméstica, mas também à sustentabilidade, à proteção ambiental.

Nova visão

Ainda que as frases tenham se modificado, muitos pais continuam a orientar seus filhos no sentido de contribuir para preservação de recursos naturais, o que, em última análise, garante também economia para a família.

A professora e administradora Rúbia Sousa mora na Vila Gumercindo com o marido Rogério e duas filhas gêmeas: Kátia e Patrícia, de apenas 9 anos. Para Rúbia, os tempos mudaram e a preocupação com o meio ambiente tem que ser completa e cotidiana.  Ela, por exemplo, não se contenta em separar o lixo doméstico em dois: comum e reciclável. Embora já tenha esse hábito há muitos anos e seja acompanhada nas tarefas por toda a família, decidiu ir além.

Ao lado de outras moradoras do bairro, desenvolveu ações de conscientização locais, buscou ajuda de agentes públicos e comerciantes vizinhos. engajou a comunidade em ações para garantir a limpeza do bairro. Em uma das ações coletivas comunitárias, o grupo se mobilizou para conscientizar a vizinhança sobre os prejuízos do descarte irregular de lixo ou entulho pelas ruas do bairro. Depois, conseguiram implantar pontos de coleta de lixo eletrônico.

Com a família, busca também levar a preocupação com o meio ambiente em qualquer lugar que frequentam: nas viagens de férias à praia ou visitando exposições com temática de proteção ambiental. “Minhas filhas já fizeram coleta de resíduos em parques como o Ibirapuera, na praia e em outras viagens. Ficam indignadas quando veem sacolinhas, canudos ou qualquer outro tipo de “lixo” nas ruas”, conta Rúbia. E também já pegaram o hábito de juntar tampinhas de plástico para entregar a entidades que transformam essas doações em cadeiras de rodas ou outros benefícios”

Como educadora, ela sabe que a formação de uma mentalidade realmente cidadã é resultado de um trabalho constante e por diferentes frentes.

5 R’s

“Separo lixo para reciclagem, todos os itens desde 2010. Já tinha Consciência do processo e sua importância para cuidar do planeta mas, faltava…. Foi então lecionando, que comecei a ler mais e mais, começando a separar e ver onde deixaria o material”, relembra.

Atualmente, a cidade conta com coleta seletiva em todos os distritos. Nas zonas sul e leste da cidade, o serviço de coleta tradicional e também o de coleta seletiva são prestados pela concessionária Ecourbis Ambiental.  Para saber o dia e horário em que os serviços acontecem na rua onde mora, basta acessar https://www.ecourbis.com.br/coleta/index.html

Hoje, a família de Rúbia compreende que a reciclagem é parte essencial de uma ação muito maior. “Minhas filhas dizem que todos os dias falo em reduzir desperdício, não gerar resíduos”, conta. Na casa dela, todos entendem o conceito dos 5 R´s: Repensar, Recusar, Reduzir, Reaproveitar e Reciclar.

Ou seja, primeiro é preciso refletir sobre nossos hábitos de consumo e vida cotidiana. Depois, recusar aquilo que é desnecessário, evitar supérfluos. Para que a natureza tenha tempo e espaço para reposição dos recursos, reduzir nossos padrões de consumo também é muito importante. Nada de comprar roupas ou bens eletrônicos se já temos itens suficientes.

Consertar um eletrodoméstico ou usar em casa uma embalagem qualquer, como um pote de vidros, são exemplos de Reaproveitar. “Reciclagem é o último passo, mas é muito importante”, resume Rúbia.

“Nossa experiência de juntar e esperar o dia da coleta seletiva me fez perceber também quanto de plástico, principalmente, estou comprando. Na primeira vez que juntei quase um mês, vi que tinha muita coisa”, relembra, demonstrando a importância que a reciclagem tem para despertar a consciência ambiental nas famílias. “Epa, tem algo errado ai….Então sempre que posso deixo  lixo onde compro. Quando compro Kit de Shampoo e condicionador ou protetor solar – já reparou o que vem de embalagem junto?”, questiona. Ela prefere já deixar essas embalagens em excesso no próprio ponto de venda, até porque acredita que dessa forma está pressionando as indústrias para que reduzam elas próprias as quantidades de embalagem colocadas em mercado ou até mesmo se responsabilizem pela logística reversa, ou seja, pela coleta e transformação desses itens. “Já as embalagens plásticas de shampoo e condicionador, claro, separo todas após o uso para encaminhar à coleta seletiva”, explica.

Coletividade

Se as gerações anteriores, ao orientarem as crianças sobre não desperdiçar visavam apenas a economia, a geração atual ensina que há uma conta maior: o custo ambiental.  Rúbia diz que não é só em casa que as filhas são orientadas a não descartar nada de forma errada. Sempre se chocam ao ver pessoas descartando lixo de forma incorreta na rua, por exemplo.

Desperdiçar comida e ver sobras em excesso indo para o lixo é ruim dentro de casa ou em um restaurante. Aliás, até mesmo em restaurantes elas pedem tampinhas de plástico para que sejam encaminhadas à reciclagem. “Participo de corridas de rua beneficentes e se elas veem nas ruas as tampinhas das garrafas de água oferecidas, tratam de recolher para encaminhar”, orgulha-se Rúbia.

A educação ambiental, diz ela, tem que ser uma atitude coletiva, perante o mundo. “Precisamos pensar no outro, pensar coletivamente. São Paulo terá espaço para armazenar seu lixo por pouco tempo. Mas a vida útil dos aterros seria bem maior se o material reciclável não estivesse indo para lá, junto com o lixo comum. Isso também é desperdício”, sentencia, com razão.

Desapego

Se a família Sousa já tinha toda essa consciência ambiental e atitude comunitária, depois da pandemia houve ainda mais engajamento.

“Sempre doamos roupas e calçados, brinquedos e outros itens, quando não servem mais nas meninas. Sempre há alguém na família, na vizinhança, em entidades, que vai aproveitar os itens em boas condições. E também sempre aceitamos itens que podem ser úteis em nossa família. Isso também é preocupação em consumo consciente”, avalia.

Com a pandemia, a família muito tempo dentro de casa, também houve maior preocupação com reorganizar os pertences, ver que roupas e calçados são efetivamente usados, além de outros objetos da casa.

“Há um grupo de ‘desapego’ no bairro e que é muito interessante. Aquilo que não é mais útil aqui em casa pode ser interessante para um vizinho e vice versa. O importante é o reaproveitamento”, diz.

Paralelamente, Rúbia participa de reuniões comunitárias e ações coletivas para conscientizar as pessoas que os objetos inservíveis não devem ser incorretamente descartados. “Ajudamos a divulgar as operações Cata Bagulho, o endereço dos ecopontos e desenvolvemos parcerias para implantar pontos de coleta de lixo eletrônico no bairro”, finaliza.

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