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Cultura

Ditadura será discutida com debates em bibliotecas públicas

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As bibliotecas municipais entram em uma importante discussão da atualidade: vão promover a programação especial “A Luta É Contínua”, com mesas-redondas e encontros com militantes e ex-prisioneiros políticos da ditadura que se implantou em meados da década de 1960 no país. Foi um período difícil e, em menos de um ano, o Brasil vai reforçar essa discussão com a marca dos 50 anos do Golpe Militar que depôs o então presidente João Goulart. A partir da noite de 31 de março de 1964 (há quem diga que na realidade o golpe ocorreu em 1 de abril), foram 21 anos do regime militar mais longo em toda a América Latina. Desde 2012, na verdade, o país já vem lançando novas luzes sobre esta fase triste com a criação da Comissão Nacional da Verdade, que investiga episódios obscuros e avança com algumas medidas para reparar minimamente alguns danos da época, como é o caso da correçãod a certidão de óbito de Vladimir Herzog, jornalista que foi torturado e assassinado pelo regime mas que havia sido declarado morto, na época, por suicídio.

A rodada de debates também aproveita um ano de vida da Lei de Acesso à Informação, que facilitou a transparência em documentos públicos de toda sorte no país. Em meio à extensa programação, a Biblioteca Pública Viriato Corrêa realiza dois debates.

No dia 18, às 18h, acontece a mesa-redonda “Discutindo o Golpe de 1964: o que foi isso?”, com a presença da advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, membro da Comissão Nacional da Verdade, e do jornalista Renato Tapajós, ex-preso político. Ambos fazem uma análise de conjuntura sobre a deposição de Goulart. No dia 25, às 18h, o presidente da Comissão de Anistia e secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, encontra-se com o presidente do Núcleo de Memória Política de São Paulo, Alípio Freire. Em “Pós-ditadura: qual democracia?”, os convidados expõem o que ainda restou do período, trazendo uma abordagem mais atual ao tema.

Além de participar desse debate, Freire é um dos diversos resistentes à ditadura que contarão suas histórias de luta em meio ao conturbado período de repressão.

A biblioteca também sediará uma mostra cinematográfica gratuita e, entre os filmes exibidos, está o longa dirigido pelo palestrante Alípio Freire, “1964 – Um Golpe Contra o Brasil”, de 2012.

Vale lembrar que a Vila Mariana foi palco de diversos conflitos da fase da ditadura, como o confronto entre militantes opositores ao regime e militares em uma igreja na Rua Joaquim Távora. Também foi no bairro que morreram muitos integrantes dos movimentos de resistência, porque ali ficava a sede do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operação de Defesa Interna, o Doi Codi, nos fundos do prédio onde funciona hoje a 36a Delegacia de Polícia.

Ao todo, a programação especial terá 27 convidados participantes dos encontros que acontecem durante todo o mês em 59 unidades, inclusive bibliotecas do Jabaquara.

A programação completa pode ser conferida em http://migre.me/en2J3. A BP Viriato Corrêa fica na  Rua Sena Madureira, 298, Vila Mariana. Telefones: 5573-4017 e 5574-0389.

 

Sean Penn protagoniza Milk, de 2008, que será exibido na Mostra “A Luta é Contínua”, na biblioteca Viriato Correa

 

Pra Frente Brasil, filme nacional de 1982, está na mostra A Luta é Continua, na biblioteca Viriato Correa, na Vila Mariana

 

Kamchatka, filme argentino de 2002, integra a mostra cinematográfica “A Luta é Contínua”, na biblioteca Viriato Correa

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