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Meio ambiente

Dia 25, supermercados deixam de oferecer sacolinhas

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Quando um cliente sai das compras em um supermercado, leva dentro de suas sacolas – reutilizáveis ou não – dezenas de embalagens inúteis. São potes de xampu, caixas de cereais ou de café (que dentro carregam outros sacos plásticos), saquinhos de balas e chocolates, vasilhames de refrigerantes, produtos de limpeza… Por enquanto, nenhuma medida foi tomada para que os fabricantes se responsabilizem pela destinação final deste imenso lixo que produzimos todos os dias (veja também matéria abaixo). Vale lembrar que, com o aumento do poder aquisitivo do brasileiro, já jogamos fora diariamente a mesma quantidade que moradores dos países desenvolvidos, ou cerca de 1.100 gramas de resíduos por habitante por dia! Mas, é a levíssima e pouco volumosa sacolinha, que era reaproveitada pelos paulistanos para acondicionar adequadamente seu lixo, a vilã da hora!

Então, a população deve se preparar: a partir da próxima quarta-feira, 25 de janeiro, as grandes redes de supermercado não vão mais oferecer sacolinhas plásticas gratuitas para os clientes levarem suas compras para casa.

A proposta da Prefeitura paulistana era ainda mais radical. No ano passado, a Câmara Municipal aprovou uma lei que impede a distribuição de sacolinhas em todo o comércio e inclusive sua venda. Mesmo as chamadas “oxibiodegradáveis” são proibidas pelo decreto municipal, porque não há consenso quanto à sua forma de decomposição no meio ambiente. E não seriam só os supermercados: drogarias, lojas de shoppings, comércio de rua, mercearias… Enfim, todos estabelecimentos seriam proibidos de distribuir a sacolinha.

No entanto, a Justiça impediu a vigência da lei através de uma liminar, ainda válida.

Enquanto a lei é discutida e os supermercados deixam de distribuir as sacolinhas, quem realmente se preocupa com recursos naturais e agressões fortuitas ao meio ambiente devem ter em mente alguns fatos. É preciso reduzir o consumo de forma geral – de nada adianta economizar em sacolinhas plásticas e encher suas retornáveis com alimentos que serão desperdiçados ou consumir muitos produtos de limpeza, brinquedinhos que vão para o lixo, etc… Antes de pensar em reciclar, é essencial reduzir a quantidade de resíduos produzidas diariamente, até porque a capacidade de reciclagem na cidade é mínima. Mais uma regra importante: comprar diversas sacolas retornáveis ou carrinhos “porque são lindos e charmosos” é outro símbolo de consumismo desenfreado e prejudicial à natureza – este material também se deteriora e vira lixo, também demanda água e energia para ser produzido e transportado… Até porque, os mesmos consumidores ainda váo recorrer aos sacos plásticos, só que agora comprados, para embalar o lixo doméstico.

Redução de lixo não depende só de atitudes dos consumidores

 

A excessiva geração de resíduos em meios urbanos como a capital paulista depende de ações muito mais radicais que o banimento das sacolinhas plásticas em supermercados. E que tirariam muito mais material de nossos aterros.

Há mais de um ano e meio foi aprovada a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que deveria trazer importantes avanções na destinação do lixo no país. Um dos principais pontos diz respeito à logística reversa, que traz para os vendedores e fabricantes parte da responsabilidade no descarte dos resíduos dos produtos.

Mas, sua efetiva implantação depende de acordos com as cadeias produtoras que devem definir o modelo de recolhimento, reciclagem e destinação final. Até o momento, nenhum ramo industrial apresentou proposta nesse sentido.

Para a coordenadora de Ambiente Urbano do Instituto Polis, Elisabeth Grimberg, o atraso no processo de definição da logística reversa se deve à falta de empenho das indústrias. “[Não há] Nenhum movimento dos fabricantes nessa direção de assumir que estão fazendo uma discussão de com qual modelo eles vão fazer a parte deles”, disse em entrevista à Agência Brasil. Os planos municipais devem ser concluídos até 2012 e, em 2014, só poderão ir para os aterros o lixo que não tem mais como ser aproveitado ou remanufaturado.

Punir só o cidadão, fazendo com que troque sacolinhas gratuitas por sacos de lixo comprados, é um passo muito tímido…

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