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Descarte de resíduos evolui

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Num passado nem tão distante, a coleta de lixo na cidade de São Paulo era feita por burros e cavalos que carregavam em carroças abertas o lixo que os moradores colocavam em latões. A cena parece absurda, mas era comum há cerca de 50 anos, quando a cidade tinha uma população em torno de 7 milhões de habitantes.

Mas não é só o fato de a metrópole hoje ter 12 milhões de moradores o que explica a evolução no sistema de coleta. Muitas coisas mudaram na vida urbana desde então, passando pela venda de produtos alimentícios embalados individualmente, controle pela vigilância sanitária da venda de alimentos e produtos in natura, preocupação com a poluição de rios, solo e ar, necessidade de controle de insetos e outros vetores de doenças…

A cidade conta hoje com um sistema moderno de coleta, com caminhões compactadores para o lixo comum que atende cada rua três vezes por semana. Além dessas equipes, todas treinadas e equipadas, há ainda outras que fazem a coleta seletiva, ou seja, só de materiais recicláveis limpos: papel, metal, vidro e plásticos.

E por falar em plástico, é ele o item essencial da revolução no consumo das últimas décadas. Embora derivado do petróleo, o plástico é de produção barata e se popularizou na indústria como embalagem ou para usos descartáveis que garantam praticidade e higiene.

Só que essa facilidade carrega um custo, que é a atual poluição de rios, mares, oceanos e aquíferos subterrâneos até por microplásticos, ou seja, plástico que se desintegrou de objetos maiores ou mesmo presente em itens de uso cotidiano como uma aparentemente inocente pasta de dentes.

Mas, se o progresso é inevitável e necessário inclusive para evitar a proliferação de doenças, esse “custo ambiental” deve ser controlado de forma compartilhada entre o poder público, empresas e o cidadão comum. Como?

Lixo em carroças

Miriam Eboli Bock nasceu na Cidade Vargas, bairro que surgiu na década de 1940. Casou-se, morou em outras regiões, mas no início dos anos 1970 voltou para lá, onde vive até hoje. Ela lembra que o bairro foi criado de forma planejada, algo raro para a época, como projeto urbanístico e habitacional para jornalistas e comerciários.

Ela relembra de várias diferenças daquele bairro de outrora para os dias de hoje. Os muros eram baixos, o movimento era tranquilo e havia mais verde, menos carros, mais pássaros e até animais silvestres que vinham principalmente do vizinho parque do Estado.

Por outro lado, havia pouca infraestrutura urbana, raras opções de transporte público e os serviços prestados para a população eram escassos. Ela se recorda ainda do lixo que, ocupava as calçadas em outros latões para serem levados por carroças puxadas por animais em sua infância e mesmo no final dos anos 1960. A situação só seria modificada ao longo da década de 1970, paulatinamente, porque também dependia da pavimentação adequada do bairro.

Por isso, ela acha que a evolução na sociedade foi fundamental para garantir conforto e também saúde para a população. Durante a pandemia de Covid, Miriam viu voltarem pássaros e borboletas ao seu jardim hoje circundado por muros e portões mais altos, como da maioria da vizinhança. E acha que essa redução da movimentação, da poluição, do barulho dos aviões que sobrevoam o bairro pode ter trazido uma lição. “Acho que precisamos aprender a encontrar um ponto de equilíbrio. Ninguém quer para voltar àquele passado, mas podemos valorizar mais o contato com a natureza, momentos mais tranquilos e sempre planejar um consumo consciente”, avalia ela, que mora com o marido Ivo.

Atitude moderna

Ela mesma foi aprendendo e evoluindo. Acredita que o desenvolvimento da tecnologia e a melhoria econômica da vida em meio urbano levou a um consumismo desenfreado. O resultado: muito lixo e valorização excessiva de bens materiais.

“Ninguém está abrindo mão do conforto e sabemos que a movimentação do comércio é essencial para a economia, mas tudo isso pode ser feito com respeito ao planeta”.

O casal hoje pensa em cada atitude que toma no cotidiano, tanto no momento de gerar resíduos quanto no momento de destinar.

“A coleta seletiva passa todas as sextas-feiras aqui na minha rua. E sei que todo o material que deposito ali não só vai contribuir para a limpeza urbana e a preservação do planeta como também para o sustento das famílias de catadores que fazem a separação do material”, pontua.

Tanto a coleta seletiva quanto a coleta de lixo comum são serviços prestados, nas zonas sul e leste da capital, pela concessionária Ecourbis Ambiental. Para conferir o horário e data em que as equipes passam em sua rua, basta acessar: https://www.ecourbis.com.br/coleta/index.html

Aliás, também por conta dessa preocupação social, Miriam já combinou com catadores autônomos que circulam pelo bairro para que não mexam na sacola de recicláveis que deposita na calçada no dia da coleta seletiva. “Sei que eles se interessam por latinhas de alumínio, então separo-as em um pacote diferente e entrego diretamente”.

Os jornais impressos dos quais não abre mão, depois de lidos,  vão para os feirantes que os reutilizam para embalar seus produtos. O óleo de fritura utilizado no dia a dia na cozinha é guardado em garrafas pet e entregue a Ongs que transformam em produtos artesanais.

“Me preocupo muito com o descarte irregular do óleo, que pode poluir águas e entupir o encanamento do meu próprio bairro”, alerta.

E por falar em alimentação, Miriam diz que essa é uma grande preocupação doméstica rotineira. “Estamos apenas eu e meu marido já há muitos anos. Então sabemos exatamente a quantidade que será consumida. Como valorizamos comida fresca, fazemos no máximo porção para dois dias, para não ter que jogar nada fora”, conta.

Outros descartes

Miriam também se preocupa com outros resíduos gerados no cotidiano.

“Se percebo uma roupa esquecida no armário, sem uso há um ano ou até menos, faço questão de encaminhar a doação a pessoas da comunidade que precisam delas. Não espero uma roupa ficar sem condições de uso para repassar”.

O mesmo vale para outros objetos e aparelhos em condições de uso mas que na casa dela não são mais aproveitados.

Por outro lado, quando um móvel, um eletrodoméstico, ou qualquer aparelho eletrônico quebra, sem possibilidade de conserto, Miriam Bock encaminha para o ecoponto existente próximo à sua casa, na Rua Ibijaú. “É um equipamento muito importante, facilita a vida da gente e temos a garantir de que haverá o descarte correto do material. 

Atenta a todo esse movimento de descarte correto, limpeza pública urbana e responsabilidade sócio-ambiental, Miriam agora quer se informar melhor sobre compostagem. Ela tem amigos e vizinhos que já aderiram a essa forma de reaproveitamento de sobras de comidas cruas, que são transformadas em adubo para os jardins. “Não tem cheiro nenhum e ainda gera um adubo muito bom. Seria ótimo para o meu jardim”, planeja, mostrando que sempre há o que se evoluir em se tratando de descarte de resíduos.

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