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Saúde

Consumo de álcool entre jovens aumenta

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Um estudo conduzido pelo Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) e que acaba de ser divulgado no International Journal of Drug Policy revelou os perigos que as chamadas festas open bar, aquelas em que se paga um valor fixo para acesso liberado e ilimitado ao consumo de álcool, representam aos(às) jovens menores de 18 anos. Mesmo havendo legislação que proíba a venda de bebidas alcoólicas para adolescentes, infelizmente, há uma frequência considerável deles nesse tipo de evento, trazendo como riscos e consequências não apenas a intoxicação e problemas pelo uso de álcool, como também maior risco de consumir outras drogas e de ter sintomas psiquiátricos.

Para se chegar aos resultados, as pesquisadoras, por meio de questionário anônimo aplicado em sala de aula, entrevistaram 5.213 estudantes do 8.º ano, em 73 escolas públicas brasileiras. No geral, a população estudantil era composta por adolescentes de 13 anos, sendo metade deles meninos e a maioria de classe socioeconômica C (média-baixa), residentes em São Paulo, Fortaleza e Eusébio (CE). Nesta amostra, o consumo excessivo de álcool foi relatado por 1 a cada 5 estudantes, 6% usaram tabaco e a mesma quantidade usou maconha. Além disso, quase 20% deles(as) relataram frequentar festas open bar.

“Notamos muitas diferenças quando comparamos os(as) adolescentes que frequentam festas open bar com aqueles(as) que não frequentam. Do ponto de vista sociodemográfico, encontramos mais meninas de melhor condição social frequentando estes eventos”, detalha Zila Sanchez, professora do Departamento de Medicina Preventiva da EPM/Unifesp e coordenadora do estudo. A média de idade foi de 13,5 anos. Entre os(as) participantes do open bar, mais da metade relatou consumo excessivo de álcool no último ano, 20% usaram tabaco e/ou maconha. Além disso, 94,2% relataram exposição à propaganda de bebidas alcoólicas.

Todas as variáveis incluídas na análise multivariada, como idade, cidade, nível socioeconômico, uso de drogas, problemas com o uso de álcool, sintomas psiquiátricos e exposição à propaganda de álcool, permaneceram significativamente associadas à participação em eventos de open bar. De acordo com Mariana Guedes, pós-doutoranda que participou do estudo, “quando comparados(as) aos(às) adolescentes que não frequentaram esse tipo de festa, aqueles(as) que frequentaram têm cinco vezes mais chances de se intoxicarem e de demonstrar problemas pelo uso de álcool, e ainda demonstraram ter o dobro de chances de consumir maconha e de ter sintomas psiquiátricos”.

Para Sanchez, o consumo excessivo de álcool e a embriaguez entre os(as) jovens é uma preocupação de saúde pública, “uma vez que eles(as) tendem a se envolver em consumo excessivo de álcool e comportamentos de risco mais do que outros grupos etários, e ainda são mais propensos(as) a experimentar as consequências negativas de saúde, sociais e psicológicas do consumo prematuro”.

“É fundamental rever o controle sobre a proibição de venda de álcool a menores, assim como a implementação efetiva e monitorada da restrição de promoções e propagandas de bebidas alcoólicas no Brasil. Hoje, não há restrições quanto à venda de álcool a indivíduos embriagados, a idade do comprador não é verificada, os preços são bastante encorajadores e as políticas atuais permitem beber em locais públicos, e tudo isso facilita o consumo. O estudo, nesse sentido, não só reforça esse preocupante cenário como nos traz a urgência de maior rigor e melhor olhar da saúde pública para essa questão”, conclui a professora.

Fonte: Unifesp

SUS oferece tratamento gratuito

Dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), o atendimento integral às pessoas que sofrem com transtornos decorrentes do consumo de álcool e outras drogas foi estabelecido pela Lei 10.216, de 2001, que constitui também no marco legal da chamada Reforma Psiquiátrica e deu impulso à implantação da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), da qual fazem parte os Centros de Atenção Psicossocial (Caps).

Os Caps são equipamentos inseridos na comunidade e com papel central na proposta de atendimento integral em saúde mental. No caso de pacientes com transtornos relacionados a álcool e drogas, o direcionamento para o acolhimento e tratamento é feito para os Caps Álcool e Drogas (AD), que dispõem de equipe multidiscliplinar para o encaminhamento de cada caso e para a elaboração de um Projeto Terapêutico Singular (PTS), em conjunto com outros equipamentos, como as UBSs.

Relatório Mundial

O Relatório Mundial sobre Drogas, elaborado anualmente pelo Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crime (UNODC) apontou, em sua última edição (2022), que em 2020 cerca de 284 milhões de pessoas com idades entre 15 e 64 anos usaram drogas em todo o mundo, um índice 26% maior que aquele encontrado dez anos antes. Isso representa um potencial de impacto devastador em relação à saúde e às condições socioeconômicas destas pessoas e suas famílias.

Um dos alertas do relatório é de que os jovens estão usando mais drogas, muitas vezes em níveis acima aos das gerações anteriores, sendo que em países pobres e em desenvolvimento as pessoas com menos de 35 anos representam a maioria em tratamento devido à utilização dessas substâncias ilícitas. Por tudo isso, a dependência de entorpecentes é considerada uma doença e uma questão de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Confira as unidades de saúde que fazem tratamento de tabagismo, alcoolismo e outras drogas pelo sistema busca saúde: http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/

 

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