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Urbanismo

Construção de alça viária demanda remoção de árvores

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Moradores ficaram indignados com corte de exemplares que eles mesmos plantaram há anos

Na década de 1970, duas casas foram desapropriadas e demolidas na Cidade Vargas, bairro entre a Rodovia dos Imigrantes e o Terminal Jabaquara do metrô, para que fossem ali construídas alças de acesso ao viaduto Mateus Torloni, também conhecido como viaduto da Secretaria da Agricultura.

As famílias tiveram que se mudar, as casas foram demolidas, mas as alças viárias nunca saíram do papel e o acesso ao viaduto era feito por ruas internas do bairro.

Mais de quatro décadas depois, as alças estão finalmente sendo construídas. A obra está sendo bancada pelo SP Expo, antigo Centro de Exposições Imigrantes, que por sua vez está também em obras de ampliação – será o maior espaço do tipo na América do Sul.

O movimento que o local deve provocar quando da realização de grandes eventos enquadra o empreendimento na Lei dos Pólos Geradores de Tráfego. Assim, é o próprio SP Expo que desenvolveu o projeto e terá que executá-lo e custeá-lo, com supervisão dos órgãos municipais.

Acontece que, para construir as alças na conjunção do viaduto com a Rua Santa Antília, onde existe o terreno vazio desde a década de 1970, foi necessário remover todas as árvores ali existentes. Algumas foram transplantadas, mas muitas das mais antigas, de médio ou grande porte, foram cortadas.

A vizinhança ficou indignada. Muitos daqueles exemplares foram plantados ali em eventos do Dia da Árvore, com a participação de estudantes, em ações de conscientização ambiental. O crescimento de cada uma foi acompanhado pela comunidade.
O SP Expo informou, em nota, que conta com “forte política de replantio de árvores”. E garantiu que para cada uma que é cortada, são plantadas de quatro a sete mudas no entorno.

No ano passado, em entrevista ao jornal São Paulo Zona Sul, o diretor da SP Expo havia previsto que as obras seriam iniciadas até dezembro de 2015 e estariam concluídas até maio. Como a remoção das árvores e outros trabalhos só começaram agora, o jornal voltou a questionar o cronograma. A assessoria de imprensa do SP Expo garante que houve apenas ajuste no cronograma e que as obras serão, sim, finalizadas até maio.

Barulho
Outra queixa da vizinhança durante o período de obras tem sido com relação ao barulho das obras. Além do tráfego de caminhões pelo bairro, as casas da Cidade Vargas ainda enfrentam trabalhos sendo executados no período noturno, com holofotes poderosos, caminhões com sinalizador sonoro de marcha a ré e as obras estruturais propriamente ditas.

Segundo a assessoria de imprensa do SP Expo, as obras estão em fase final e muitos dos equipamentos já estão sendo desmobilizados. “Informamos que o fluxo de caminhões foi necessário durante um período específico da obra e precisou ser feito à noite para não atrapalhar o trânsito na região. Gostaríamos de ressaltar que adotamos todas as medidas possíveis para reduzir os ruídos e minimizar os transtornos à população”, diz a nota.

A vizinhança ainda se queixa de festas de formatura que têm sido realizadas no espaço. Sábado passado, dia 12, teria sido realizada uma delas que se estendeu até 5h . O empreendimento informou que já dispõe de equipamentos e está na etapa final da instalação de um eficiente sistema de isolamento acústico.

SP Expo será maior complexo  de eventos do país

Com 100 mil metros quadrados de área coberta, cinco mil vagas para carros e 300 milhões de investimentos, o antigo Centro de Exposições Imigrantes vai se transformar no maior complexo de exposições, convenções e eventos do país.

A área pertence ao Governo Estadual que havia feito concessão no início da década de 1990, pelo período de 20 anos. Depois de um novo processo, venceu a empresa francesa GL Events, que se tornou detentora da área pelo período de 30 anos.

O novo contrato, entretanto, prevê não apenas o uso da área antes ocupada pelo Centro de Exposições Imigrantes, mas também terrenos contíguos onde antes funcionavam a Secretaria de Agricultura, o Batalhão da Polícia Militar e um varejão (aos domingos). Todas as antigas construções foram demolidas e estão sendo construídos novos espaços.

Além de reformar os 40 mil metros quadrados já existentes, o grupo está construindo outros 50 mil metros quadrados de área de exposição e 10 mil metros quadrados de centro de convenções.

O projeto do grupo prevê a construção de um complexo arquitetônico multifuncional capaz de sediar feiras de negócios e de público, congressos e eventos corporativos nacionais e internacionais, além de eventos culturais e de entretenimentos.

Já está em funcionamento um novo edifício garagem, com 4500 vagas cobertas e outras 500 descobertas, o que o torna o maior estacionamento coberto do Brasil.

O pavilhão existente ganhou novo projeto de climatização e wi fi.

Do total dos investimentos, o Grupo irá destinar 5% do montante em compensação ambiental e melhorias dos acessos viários ao centro de exposições.

As obras viárias atualmente em andamento preveem duas alças de acesso ao viaduto Mateus Torloni em cada pista, ou seja, tanto no sentido litoral-capital quanto no sentido inverso.

Além de facilitar o acesso ao viaduto, que hoje é feito por vias internas do bairro, as obras também vão garantir pista para que motoristas cheguem ao Centro Paralímpico Brasileiro, construído ao lado, e para a 97a Delegacia de Polícia, que foi o único departamento estadual mantido junto ao Parque do Estado.

Segundo a assessoria de imprensa do grupo, também as alças na pista sentido litoral – SP e serão concluídas no mesmo prazo.

 

Vizinhança acredita que árvores poderiam ter sido transplantadas para outro local

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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1 Comentário

1 Comentário

  1. Fabiana Paiva

    19 de março de 2016 at 17:41

    Olá,
    Sou moradora há 30 anos da Cidade Vargas e minha filha Kaya (6 anos) é uma das crianças da ENSG que planta árvores todo ano na praça.

    Se a empresa Expo SP realmente está replantando essas árvores, onde estão fazendo? No mínimo queremos uma comprovação, além de declarações de assessoria.

    Para nós essas árvores são extensões de nossos filhos, tanto quanto para eles representam seus trabalhos e suas esperanças no futuro.

    Da noite para o dia, o progresso e as esperanças que tinhamos não só na Expo SP e nos seus eventos para fazer o bairro crescer, tornaram-se choros. Choros de crianças.
    Passamos ali para ir e vir da escola e nossos filhos literalmente choram. Digo nossos, porque é o relato de muitos pais, mães e moradores.

    Devemos no mínimo uma explicação a nossos filhos, e gostaria de contar com a ajuda da Expo SP. Faz uma semana que as crianças passam pela praça e se recordam dos felizes Dias da Árvore que viveram lá com os colegas.
    Já é uma programação tradicional, temos fotos e nos orgulhamos de fazer algo com eles, para eles e para o meio ambiente.

    A queda das árvores, sem uma mínima explicação prévia, tornou-se o pesadelo de dezenas de famílias e o inverso de tudo o que nós, e toda a sociedade, prega de atitude responsável, sustentabilidade e educação.

    Faltou uma faixa no local, um comunicado no jornal ou folheto distribuído pelas casas, faltou a Expo SP e as autoridades se comunicarem conosco.
    Tenho acompanhado a obra, e mesmo com os incomodos habituais, espero o melhor para o bairro e para todos que se beneficiarão com os eventos futuros.

    Mas ter notícias pelo jornal dias depois foi terrível, desanimador e pior, não tive o que responder ao ser questionada por minha filha (assim como as crianças de outras mães e pais).

    Trabalho há 15 anos com projetos de sustentabilidade e sem que não custaria muito à Expo SP um recado, faixa ou bilhete de aviso do que iria acontecer, o por quê e qual o destino das árvores.

    Agora todos estamos nos falando pelas redes sociais e pessoalmente, queremos comprovação desse replantio. Bem como queremos nosso Dia da Árvore novamente, mesmo que em um local ou formato diferente.

    Trabalhei por quase 1 década ao lado dos franceses, tão acolhedores, conscientes e politicamente corretos. Foi na Fnac que aprendi a expressão de atuar “delá des murs”, ou seja, tudo o que você faz deve repercurtir além dos muros de sua empresa, sua casa, sua comunidade. Você deve pensar no que deixa para os outros e, melhor, fazer junto com os outros.

    Realmente me surpreendeu ver as árvores ao chão, enquanto nós moradores, agentes de mudança da região e nossas crianças ficaram no silêncio.

    Podíamos ter feito um rito de passagem. Não sou a favor de protestos e reclamações, busco sempre uma solução. Mas nem tive chance de atuar para aceitar essa mudança de forma positiva, fui pega de surpresa e me senti traída.

    Talvez não esteja exagerando em dizer que toda a Cidade Vargas está chorando. Não queremos só um bom motivo para o corte, tão pouco o replantio das árvores, ou a mera notícia de que foram replantadas, mas sim queremos nosso momento novamente. É o momento do Dia da Árvore, o momento de passar diariamente por uma praça, um lugar de TODOS, e ver a natureza crescer junto aos nossos filhos e ali preservar não só memórias, mas esperanças.

    Tenho certeza que os prédios da Expo SP ficariam muito mais iluminados e belos com árvores ao redor. Isto nós e nossos filhos gostaríamos de VERDE perto.

    E vou acompanhar as notícias futuras.

    Obrigada à redação por sempre nos representar!

    Abraço,
    Fabiana Paiva

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