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História

Chácara das Jaboticabeiras: Conpresp avalia tombamento

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São Paulo pode ser uma cidade mais gentil? É possível manter relações de vizinhança e preservar memórias de um tempo em que as pessoas se sentavam às varandas para observar pássaros cantando? Sobradinhos e casas construídos na primeira metade do século passado têm condições de continuarem abrigando famílias e pequenos negócios, em vez de serem demolidos para dar lugar e mais e mais edifícios?

O Coletivo das Jaboticabeiras, na Vila Mariana, acredita que a resposta para todas essas perguntas é sim. Mais do que acreditar, o grupo formado por moradores de casinhas da década de 1920, na Vila Mariana, e de ruas próximas, resolveu se unir para impedir a demolição delas no início do ano.

A pressão de incorporadoras imobiliárias vem se intensificando há um ano, de acordo com relatos da comunidade, mas foi em abril que maquinários surgiram pela região dando indícios de que a vila toda viria abaixo em poucos dias. A mobilização do coletivo foi essencial para conseguir decisão favorável da Justiça para impedir a demolição.

Paralelamente, foi protocolado, na época, um pedido para que fosse aberto processo de tombamento da vila, conhecida carinhosamente como Chácara das Jaboticabeiras, no Conpresp, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo.

No início de setembro, o processo foi oficialmente aceito por sete dos nove conselheiros – um estava ausente.

Os conselheiros seguiram o parecer favorável já apresentado pelo DPH – Departamento do Patrimônio Histórico e pelo IAB SP – Instituto de Arquitetos do Brasil – São Paulo. O processo seguirá em análise e deve ser reavaliado em 90 dias, prazo estipulado pelo Conselho.

O conjunto urbano e paisagístico que se busca preservar é demarcado pelas ruas Benito Juarez, Coronel Artur Godói e Dr. Fabrício Vampré, todas próximas ao Metrô Ana Rosa.

De acordo com o coletivo, a relevância da Chácara está definida por “seu traçado urbano sinuoso e quase centenário (1925), ruas estreitas de paralelepípedos e sobrados, característicos da urbanização paulistana, vegetação exuberante – num único trecho de 200 metros há mais de 60 árvores”.

Acrescentam que há relevância ambiental, por conta das nascentes e córrego canalizado, que nutrem os lagos do Parque do Ibirapuera. “Um micro-território que abriga relações de amizade e vizinhança cultivadas há quatro gerações entre os moradores antigos e os novos integrantes que vão chegando e que são, em grande parte, tecidas por essa ambiência particular”, aponta.

O Coletivo Chácara das Jaboticabeiras foi criado no início de 2019 por moradores, frequentadores e profissionais “preocupados com o avanço veloz do processo de verticalização desse micro-território singular da Vila Mariana”. O grupo já conta com cerca de 3.000 apoiadores e conta com página na rede social facebook (https://www.facebook.com/chacaradasjaboticabeiras/)

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