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Bitucas de cigarro poluem

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As bitucas de cigarro são grandes vilãs em termos de limpeza urbana. Infelizmente, muitos fumantes não recolhem esse resíduo ao terminar o cigarro e despejam nas ruas. Basta olhar em qualquer sarjeta, especialmente nas proximidades de bares, pontos de ônibus, prédios de escritórios e até em universidades!

Não há uma estatística precisa, mas estima-se que são geradas 34 milhões de bitucas de cigarro por dia só na cidade de São Paulo. Quantas delas são descartadas incorretamente? Difícil dizer. Mas vale dizer que elas podem até comprometer a reciclagem – é o que acontece quando são descartadas dentro de latinhas de alumínio, por exemplo.

As bitucas devem sempre ser descartadas no lixo comum, são resíduos que não devem ser misturados aos recicláveis enviados à coleta seletiva.

Ítalo Braga de Castro, biólogo, pesquisador e professor do Instituto do Mar (Imar) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e graduado em Ciências Biológicas e doutor em Oceanografia Física, Química e Geológica, estuda os riscos ambientais na vida marinha.

Em recente entrevista ao Jornal da USP, o pesquisador explicou  a conservação da biodiversidade marinha passa por ameaças causadas por resíduos sólidos na água. Dentre as ameaças, conta, são estimadas mais de 4 trilhões de unidades de bitucas de cigarro descartadas inadequadamente no meio ambiente todo ano. A partir de estudo em Santos, o biólogo verificou que as bitucas representam entre 35% e 50% da quantidade de resíduos encontrados nas praias. A liberação e a dissolução de substâncias tóxicas dos cigarros, explica, podem atingir organismos importantes para o equilíbrio do ecossistema e também trazer perigos para a vida humana, considerando a comercialização e consumo dos animais.

Castro também conta que, inicialmente, o estudo descobriu, a partir de análise em laboratório, que as bitucas flutuam, em média, por três dias antes de afundar. O experimento foi fundamental para compreender o impacto nas espécies que vivem na água e, posteriormente, nas que se estabelecem nos sedimentos do fundo do oceano. Os experimentos com organismos aquáticos, afirma, mostraram que uma única bituca de cigarro tornava mil litros de água impróprios, devido à toxicidade. Um estudo mais recente com ostras revelou que uma única bituca poderia afetar até 2,5 mil litros de água.

Para o professor, um exemplo notável de política ambiental em relação às bitucas de cigarro no mar é o caso do governo de Barcelona que proibiu o fumo nas praias e passou a cobrar da indústria de tabaco o custo da limpeza pública das praias. Castro ressalta a importância de classificar as bitucas como um resíduo especial, devido às substâncias químicas perigosas, e adoção de políticas públicas semelhantes no Brasil.

Enquanto o Brasil não tem esse tipo de legislação, vale a consciência: reduza ou elimine o hábito de fumar e nunca descarte as bitucas de forma irregular. Lembrando ainda que as bitucas levadas pela chuva às galerias pluviais podem acabar em rios ou mesmo nos mares.

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