Siga-nos

Cultura

Aos 85 anos, Doroty Lenner encena suas memórias

Publicado

em

“A arte não tem idade. Conforme você vai mudando, descobre novas formas de se expressar e se adapta às circunstâncias”. Esta recente afirmação de Dorothy Lenner, dona de uma vivacidade inacreditável, é a ideia central de Wabi Sabi, performance (ou ocupação cênica) com diferentes linguagens artísticas que ela protagoniza, de 12 de novembro a 10 de dezembro no Sesc Ipiranga, ao lado das dançarinas Beatriz Sano e Júlia Rocha.
Wabi Sabi é exatamente sobre esta adaptabilidade, e sobre a descoberta da beleza na imperfeição e a aceitação do ciclo da vida e da morte.
Dorothy traz para a cena suas memórias, as marcas do corpo e mostra o tecer do tempo em gestos, olhares, durezas, falas. Os cabelos brancos e os gestos adaptados pela limitação física da idade são contrapostos aos cabelos escuros e à vitalidade de outros corpos em pleno funcionamento. É nisto que reside toda a poesia da performance, que reúne elementos de dramaturgia, dança contemporânea, música, canto e improvisação.
Daí ‘performance’ não ser o termo mais adequado, mas, sim ‘ocupação cênica’. Pra começar, não há palco. Toda a ação se dá dentro de uma instalação cênica concebida especialmente para Wabi Sabi.
Neste espaço idealizado por Hideki Matsuka e Ricardo Muniz Fernandes, uma primeira sala cheia de memórias e fatos biográficos de Dorothy Lenner compõem um espaço relicário e afetivo que contrasta com a placidez e o minimalismo oriental da segunda sala. Estes caminhos paralelos que se interpenetram nos falam dos caminhos percorridos pela atriz e bailarina.
A realização deste projeto marca um momento muito especial nestes caminhos. Afinal, há dois anos Dorothy sofreu um grave acidente de carro quando vinha de Tiradentes (MG), onde reside, para São Paulo.
Quem é ela?
De origem mongol, Dorothy Lenner nasceu em Bucareste, Romênia.
Em 1939, com a invasão da Polônia por Hitler, a menina que aos três anos dançava sobre a mesa, enrolada em toalhas, mudou-se com a família para a Argentina, após passar pela Itália. Na capital portenha iniciou seus estudos em dança moderna, clássica, flamenca e outras.
Em 1953, quando se casou com um brasileiro, instalou-se no Brasil.
Apesar de não falar português naquela época, conseguiu ingressar na Escola de Arte Dramática (USP), onde se formou em 1958 e foi aluna de Sábato Magaldi e Décio de Almeida Prado. Posteriormente, entre os anos 1966-1972, lecionou Técnica de Ator na mesma instituição, tendo entre seus alunos Nei Latorraca e Jandira Martini.
O espetáculo Wabi Sabi fica em cartaz até 10 de dezembro, sábados, 21h, domingos, 18h, no galpão do Sesc Ipiranga. Livre. Ingressos entre R$ 6 e R$ 20.
A visitação à instalação também fica aberta até 10 de dezembro, de terça a sexta, das 10h às 21h30, sábados, das 10h às 20h, domingos e feriados, das 10h às 17h, também no galpão, livre e com entrada gratuita.
O Sesc Ipiranga fica na Rua Bom Pastor, 822. Telefone: 3340-2000

cultura

Advertisement
Clique para comentar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.


© 2024 Jornal São Paulo Zona Sul - Todos os Direitos Reservados