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Saúde

Ação da Prefeitura na cracolândia vai chegar a pontos na região?

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Foco na saúde. Foi assim que o prefeito Fernando Haddad resumiu o programa para combater o uso de crack e outras drogas por pessoas em situação de rua, seja no centro da cidade, na chamada cracolândia, ou em outros pontos da cidade onde usuários têm se concentrado. Na região, o problema é grave nas proximidades da Avenida Jornalista Roberto Marinho e sob viadutos como aqueles situados nas Avenidas dos Bandeirantes e Afonso D’Escragnole Taunay. A intenção da atual gestão é a de oferecer alternativas dignas de vida, para que as pessoas deixem as ruas, ao mesmo tempo em que investe em uma política de redução de danos.
Na semana passada, a proposta ficou mais clara com a ação de desmontagem de barracos na região da Cracolândia, que vinham sendo ocupados por estes usuários. A ação contou com apoio técnico do professor Dartiu Savier da Silveira, psiquiatra e coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, Ele avalia que a Operação Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo, a medida mais eficaz já adotada no país para o enfrentamento do problema até o momento.
Em entrevista à rádio CBN, esta semana, o prefeito confirmou que pretende levar o mesmo projeto para outros endereços da cidade onde o problema é similar, mas admitiu que não há prazo para que isto ocorra. A intenção inicial é fazer um teste com a Operação já realizada na cracolândia e, logo em seguida, deve levar o mesmo projeto à região do Parque Dom Pedro, também no centro da cidade.
A operação
A ideia da Operação Braços Abertos é oferecer alternativas aos usuários de drogas para que deixem as ruas – paulatina porém definitivamente. Por isso, a Prefeitura oferece vagas em hotéis do próprio centro, assistência social, atendimento em saúde e emprego em frentes de trabalho da própria Prefeitura, como na limpeza pública. Durante cinco dias por semana, os participantes do programa terão de trabalhar 4 horas diárias como varredores de ruas, calçadas e praças da região. Os beneficiários estarão divididos em grupos de 20 pessoas e sempre acompanhados por coordenadores. Pelo serviço, receberão um auxílio financeiro no valor de R$ 15 por dia. Os beneficiários deverão ainda frequentar um curso de capacitação profissional que será ofertado em breve por equipes da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo (SDTE).
“A parte assistencial foi muito bem conduzida nestes dois dias. Agora entrarão muito forte as questões de saúde e trabalho para que eles tenham uma condição de dignidade e uma renda mínima para comprar um sapato, uma meia, uma pasta de dente, cortar o cabelo. Enfim, coisas básicas que vão conseguir em troca do trabalho que eles vão prestar para a sociedade”, afirmou Haddad, logo após o início da Operação. O secretário municipal de Segurança Urbana, Roberto Porto, admitiu que não há como se ter um controle de todos os participantes de modo que a garantir que não usarão álcool e outras drogas. “Eles serão fiscalizados durante o trabalho, mas sabemos que eles não largarão o vício de um dia para o outro. Será um processo contínuo e gradual”, afirmou. Segundo Porto, caso os usuários sejam flagrados usando drogas, eles não serão expulsos do programa, mas as equipes de Saúde e Assistência Social intervirão de modo ainda mais incisivo, de modo a despertar nessas pessoas o desejo de transformação. Vale lembrar que todos os participantes serão acompanhados permanentemente pelas duas áreas.
Denarc
Em meio a esta visão positiva sobre uma nova metodologia para coibir a formação de “cracolândias” na cidade, na tarde de ontem, dia 23, a Prefeitura foi surpreendida por uma ação do Denarc – Departamento de Narcóticos da Polícia Civil. Sem comunicar à Prefeitura, as equipes de policiais civis foram à Cracolândia. Em nota, a Prefeitura repudiou a esse tipo de intervenção, “que fez uso de balas de borracha e bombas de efeito moral contra uma multidão formada por trabalhadores, agentes públicos de saúde e assistência e pessoas em situação de rua, miséria, exclusão social e grave dependência química”. Ainda de acordo com a nota, a “Operação de Braços Abertos” é uma política pública municipal pactuada com o governo estadual, que preconiza a não-violência e na qual a prisão de traficantes deve ser feita sem uso desproporcional de força. “Agentes da Prefeitura trabalham há seis meses para conquistar a confiança e obter a colaboração das pessoas atendidas. A administração reafirma seu empenho na solução deste problema da cidade e manifesta sua preocupação com este tipo de incidente, que pode comprometer a continuidade do programa. E expressou essa posição diretamente ao Governo do Estado”, conclui o comunicado da Prefeitura.

 

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