Urbanismo
Coleta seletiva volta a apresentar falhas
Moradores deixam o material reciclável no dia indicado, mas coleta não passa e sacos ficam expostos até o dia seguinte, quando são levados como lixo comum
Ruas Pitangueiras e Orissanga, em Mirandópolis, Avenidas Odila, Itacira, Guainumbis, no Planalto Paulista, Rua Sabino, na Vila Mariana… Há também registros no Jabaquara, Chácara Inglesa, Cidade Vargas… A Coleta Seletiva, que atende semanalmente a estes bairros, tem falhado com frequencia nos últimos três meses. Em comum, todos os moradores que reclamam têm o relato de que já ligaram no Dique Limpeza e foram informados, pela própria Prefeitura, de que as centrais de triagem de recicláveis estão abarrotadas de material, sem capacidade de receber mais nada. No fim de ano, com o excesso de consumo e produção de lixo, as queixas aumentaram.
Na internet, também há vários relatos de moradores da região indignados com o desperdício do material reciclável. No blog do jornalista Luis Nassif, um morador do Jabaquara se dizia indignado por ter questionado a Subprefeitura local sobre as falhas e ter ouvido como resposta que “a Prefeitura não tem nada a ver com a reciclagem, que é de responsabilidade da concessionária do serviço”. “Se a Prefeitura não tem nada a ver com isso, como pode exigir consciência ambiental dos moradores”, intrigavam-se os internautas.
Sem falar que o material não coletado pode ser levado pelas chuvas e “contribuir” para as enchentes na cidade.
A Ecourbis, empresa que faz a coleta domiciliar e a diferenciada (seletiva) na região, explica que os caminhões chegam a percorrer várias ruas e, quando ficam lotados, vão até as centrais de reciclagem. Como não há capacidade para receber o material, que não pode ser misturado ao lixo comum, os veículos não fazem o descarte e não podem voltar a percorrer novas ruas.
A própria reportagem do jornal São Paulo Zona Sul ligou para a Limpurb, questionando as falhas no serviço, e obteve a mesma explicação de falta de capacidade das centrais de triagem. No entanto, ao questionar a Secretaria de Serviços e Obras, a história não foi confirmada. A Secretaria se limitou a dizer que “todas as falhas encontradas na coleta seletiva estão implicando em notificações, com vistas à multa, à empresa responsável pela coleta”. Diz ainda que, de acordo com o contrato firmado com a Prefeitura de São Paulo, as concessionárias devem recolher os resíduos recicláveis e encaminhá-los às Centrais de Triagem e núcleos de reciclagens autorizados e indicados pelo Limpurb.
A Prefeitura ainda defendeu o programa de coleta seletiva na cidade, dizendo que, em poucos anos de existência, teve grandes avanços e diz que crescerá ainda mais (leia também matéria abaixo). “Entre os anos de 2003 e 2011 o volume coletado cresceu oito vezes e atualmente o programa atende a 74 dos 96 distritos da capital”.
Das 15 mil toneladas de lixo recolhidas diariamente na capital, apenas 1% é encaminhado para a reciclagem. Atualmente, talvez, menos ainda…