Urbanismo
Vizinhança teme Congonhas
Representantes da aviação e associações de moradores pediram mais tempo para discutir o impacto das concessões dos aeroportos de Congonhas e Campo de Marte, durante a audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo na quarta-feira (8), no Palácio 9 de Julho.
O presidente da Alesp, deputado Carlão Pignatari, presidiu a audiência. “Recebi alguns presidentes de associações de moradores do entorno de Congonhas dizendo que queriam entender melhor como seria a concessão. Sou favorável a qualquer tipo de concessão, desde que seja esclarecido para a comunidade como será feita”, disse o parlamentar, que afirmou ser necessária a realização de outros encontros para tratar do tema até a data do leilão.
A 7ª rodada de concessões aeroportuárias do governo federal foi aprovada pela Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) esta semana e o leilão em bloco de 15 terminais foi marcado para o dia 18 de agosto, na B3.
O aeroporto de Congonhas, segundo mais movimentado do país, com cerca de 22,7 milhões de passageiros por ano, e o aeroporto do Campo de Marte, em Santana, integram o bloco SP-MS-PA-MG junto com outros 10 terminais.
População do entorno
Segundo as projeções do estudo de viabilidade das concessões, com a privatização, a capacidade do aeroporto de Congonhas seria ampliada para 30 milhões de passageiros por ano.
Representante da associação de moradores de Jardim Novo Mundo e porta-voz de outras 12 associações do entorno de Congonhas, Guilherme Canton levou a preocupação com a saúde dos moradores com o possível aumento do número de voos e do ruído gerado pelas aeronaves.
Canton criticou a celeridade no processo de concessão e pediu mais tempo para discutir mecanismos para controle dos ruídos e ações para mitigar os danos ambientais e urbanos causados pelo aeroporto. “Milhares de pessoas estão sendo afetadas por este processo. Ninguém aqui é contra a concessão do aeroporto, mas a forma que está sendo conduzida acreditamos que é prejudicial para o entorno”, disse.
O secretário-executivo de Mudanças Climáticas da Capital, Pinheiro Pedro, afirmou que a prefeitura discute uma eventual taxa a ser cobrada das concessionárias por conta do aumento da poluição e da necessidade de redução da emissão de gases do efeito estufa.
Já o representante da associação de moradores de Vila Nova Conceição, Pedro Uehara, levou a queixa quanto ao trânsito na região de Congonhas. “A gente precisa pensar, antes da licitação, no planejamento do trânsito para a região, e não depois de licitado com o aumento no volume, para que a CET [Companhia de Engenharia de Tráfego] venha e apague o incêndio de forma equivocada”, afirmou.
Posicionamento do governo federal e da Anac
O secretário Nacional de Aviação Civil do Ministério de Infraestrutura, Ronei Glanzmann, fez durante a audiência a explanação técnica de como a concessão dos aeroportos será conduzida. De acordo com o secretário, o aumento na capacidade de Congonhas será gradativo. “Esse aumento não é do dia para a noite, ele se dará com muita responsabilidade, com muita engenharia e conhecimento técnico de modo que aconteça de maneira gradativa e harmônica”, afirmou.
Quanto a organização do trânsito no entorno dos aeroportos, Glanzmann afirmou que é preciso discutir a questão com o município. “Tudo isso deixa de ser uma discussão só aeroportuária e passa a ser uma discussão de mobilidade urbana, que tem que ser feita em uma metrópole como São Paulo com toda certeza, é uma agenda prioritária”, disse o secretário.
Durante a audiência também foi discutida a questão da aviação geral, que comtemplas os voos executivos. “Dentro do edital, nós não temos áreas reservadas para a aviação geral”, afirmou o diretor da Associação Brasileira de Aviação Geral, Flávio Lemos, que sugeriu a criação de um dispositivo de preservação da operação em Congonhas.
Glanzmann afirmou que a aviação geral será mantida no aeroporto de Congonhas por meio dos chamados espaços de oportunidade, sem a existência das áreas reservadas. “Congonhas é um aeroporto que interessa a todo o Brasil. O foco é a segurança das operações e o conforto dos passageiros”, afirmou o secretário.
Por: Matheus Batista/Alesp