Saúde
Vinagre muda resultado do teste do bafômetro?
As blitze para evitar que motoristas dirijam embriagados estão cada vez mais frequentes na cidade. Durante o Carnaval, até no período da tarde foram realizadas operações em que motoristas precisavam usar o bafômetro para mostrar que não haviam consumido bebida alcoólica. Tanto a Prefeitura quanto o Governo do Estado têm realizado as blitze.
E mais: as multas são altíssimas – quase R$ 3 mil – e são aplicadas inclusive em quem se recusa a fazer o teste. O motorista ainda responde a processo administrativo para perder habilitação. Dependendo do resultado do teste, o condutor pode ser inclusive preso e indiciado pelo crime de dirigir embriagado.
Para evitar ser flagrado no teste, muitos motoristas têm recorrido a “receitas mágicas” para tentar modificar o resultado do teste.
Mas, o O Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran.SP) alerta: não adianta tentar driblar o bafômetro com vinagre, antisséptico bucal, refrigerante, chocolate nem recorrer a outras dicas que o órgão define como “furadas”, que rolam na internet.
Segundo o órgão, são apenas mitos: nenhum destes produtos interfere no resultado do bafômetro, como é popularmente conhecido o teste do etilômetro.
O aparelho é capaz de detectar a presença de álcool no organismo mesmo se a medição for realizada imediatamente após o motorista ter consumido alimentos como bombom com licor ou usado antisséptico bucal que contenha álcool na formulação.
Nesses casos, se a pessoa não tiver realmente ingerido bebida alcoólica e tiver receio do resultado por ter feito uso desse tipo de produto, a orientação é que o cidadão informe o fato à autoridade de trânsito no momento da abordagem. Dessa forma, o condutor pode pedir para fazer um novo exame, caso o primeiro dê positivo.
Um dos boatos que circulam nas redes sociais é que supostamente tomar vinagre depois de ingerir bebida alcoólica livra a pessoa de um possível resultado positivo no teste do etilômetro. “O bafômetro mede o álcool ingerido que passou para a circulação sanguínea e, posteriormente, é exalado dos pulmões para o ar. O vinagre não consegue interferir no etanol exalado para o ar, provindo dos pulmões do motorista”, explica a hepatologista Marta Deguti, do Centro de Gastroenterologia do Hospital 9 de Julho. Na realidade, se o vinagre contiver álcool, isso pode até agravar o resultado positivo do teste.
Outro “truque” que ganhou fama recente na internet é o Metadoxil (piridoxina ou vitamina B6), um medicamento que acelera a metabolização do álcool do fígado e é mais utilizado no tratamento de alcoolismo e alterações hepáticas. “Mas ele não interfere na concentração do álcool que está no sangue ou que é exalado e medido no bafômetro”, rebate a médica.
Processo lento
O álcool é metabolizado em um ritmo lento, de 0,016% por hora, e isso pode variar muito. “Depende da quantidade ingerida, do tipo de enzima que o fígado do indivíduo possui [há diferentes padrões genéticos], pode ser mais rápido se a pessoa consome grandes quantidades de álcool regularmente, mais lento se o fígado não estiver totalmente saudável.” Ainda segundo a hepatologista, pode levar até dez horas para que o álcool não seja mais detectado no sangue. “Não há formas eficientes de acelerar esse processo”, esclarece.
O que é mais fácil calcular é a absorção do álcool pelo nosso organismo. “O álcool é rapidamente absorvido e atinge o pico de concentração no sangue cerca de 30 a 45 minutos após ser ingerido”, pontua a especialista.