Urbanismo
Vila Clementino será mesmo ideal para circulação de idosos?
O projeto Bairro Amigo do Idoso Vila Clementino foi lançado em 2009, mas avançou pouco até agora, na região. A ideia é tornar o bairro mais “amigável” para quem tem dificuldades em caminhar, enxergar, apresenta mais doenças crônicas e precisa de acesso aos serviços de saúde… E também para uma população que cada vez mais pode e quer ter vida ativa, social, cultural, sexual e economicamente. O que esta população quer e espera do meio urbano?
No final de março, mais de 300 pessoas participaram de um fórum no Teatro João Caetano para discutir o andamento do projeto. A intenção foi apresentar o projeto piloto à comunidade e cadastrar colaboradores interessados em identificar problemas e soluções para promover as mudanças necessárias, visando a melhora na qualidade de vida dessa parcela crescente da população. Para se ter uma ideia, espera-se, entre 2000 e 2020, a população jovem, abaixo de 15 anos, vai declinar em 20%, em termos relativos no Brasil. Por outro lado, a população com mais de 60 anos sofrerá um incremento de 59,3%, passando de 8,1% da população total em 2000 para 12,9% em 2020. Em números absolutos haverá um aumento de cerca de 14 milhões ao longo de 20 anos ou uma média de 700 mil novos idosos a cada ano.
Como será seu aniversário de 85 anos?
Alexandre Kalache, idealizador da estratégia “Envelhecimento ativo e Cidade Amiga do Idoso”, e Teresa Etsuko da Costa Rosa, coordenadora do projeto, foram os palestrantes convidados do fórum. O evento contou também com as presenças de representantes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social – Seds, Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, Grande Conselho Municipal do Idoso, Subprefeitura da Vila Mariana, prefeituras do interior, entre outros órgãos e membros da sociedade civil.
A ideia é que, com os novos colaboradores, o projeto avance nas transformações, idealizado com base no Sistema Único de Saúde – SUS. “Quando vemos o crescente envelhecimento da população nos centros urbanos, temos que ter uma visão ampliada da saúde”, afirma Teresa.
Segundo a coordenadora, é necessário agora consultar os idosos e formar grupos para discutir os oito quesitos identificados como básicos: transporte; moradia; espaços abertos e prédios; apoio comunitário e serviços de saúde; comunicação e informação; participação cívica e emprego; respeito e inclusão social; e participação social. “Precisamos deste subsídio para estabelecer a rede de atenção. Os fóruns de discussão servirão para saber que intervenções são necessárias para tornar o bairro mais amigo do idoso”.
Alexandre Kalache, do projeto Bairro do Idoso, incentivou a contribuição dos participantes do Fórum, primeiramente pedindo para que cada um imaginasse o que faria no dia que completasse 85 anos. Alguns confessaram que não conseguiram se visualizar com a idade sugerida. A maioria pensou em comemorações, festas, em estar em condições de fazer as mesmas atividades que hoje são capazes. “Este é um sonho coletivo: viver até os 85 anos, não estar doente, não depender de ninguém e estar ativo, incluído. Para isso, é preciso que esta comunidade não exclua”, afirma.
Outro exercício provocado pelo professor foi de que, em dupla, escolhessem uma área e apontassem dois problemas e duas soluções. Os documentos serão posteriormente catalogados e tabelados para servir de dados de pesquisa. As colocações públicas também ajudaram a expor o ponto de vista de cada participante, levantando questões importantes como a necessidade de desenvolver ações que integrem gerações e que façam dos espaços não apenas amigáveis aos idosos, mas a todos.