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Vila Clementino ganha centro de memória que resgata trabalho com deficientes visuais

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Dorina era uma jovem encantada com as possibilidades da vida, de atuar profissionalmente, de descobrir o mundo, de dedicar-se à leitura de obras… Só que, aos 17 anos, ela havia ficado cega – o que para ela foi mais um desafio no processo de concretizar seus sonhos. Ela percebeu que, no Brasil, era muito difícil, por exemplo, encontrar livros em braille. E foi assim que Dorina Nowill iniciou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, entidade que na segunda, dia 11, completa 67 anos de história. Hoje, a organização ganhou o nome de sua fundadora, que faleceu em 2010, aos 91 anos.
A História da Fundação Dorina Nowill praticamente se confunde com a da Vila Clementino, bairro que abriga suas atividades já há quase 60 anos. Em 1952, foi colocada a pedra fundamental para construção da sede na Rua Dr. Diogo de Faria que, três anos depois, teria o prédio pronto para produzir livros e passar a diversificar as atividades da fundação.
Mas, quem quer conhecer melhor esse trabalho agora pode visitar o Centro de Memória Dorina Nowill. Às 17h do dia 11, quando a entidade celebra seus 67 anos, será inaugurado o projeto de modernização do centro de memória, que já existe há dez anos mas foi modernizado no ano passado, com renovação museológica.
Foi construída uma nova área de exposição com recursos de acessibilidade para pessoas cegas e com baixa visão – o Espaço Memória, novas instalações para reserva técnica de guarda do acervo e ampliação da área de exposição e visitação que inclui diversas áreas de produção e atendimento da instituição.
A nova exposição oferece uma viagem sensorial que inclui interatividade, participação, recursos sonoros, olfativos e auditivos, com um projeto totalmente acessível para pessoas com deficiência física e visual baseado no conceito de Desenho Universal. O espaço conta com educadores capacitados, audioguia e maquete tátil. A circulação, mobiliário, altura dos painéis com textos e imagens são adequados para pessoas em cadeiras de rodas, pessoas de baixa estatura e crianças. Todos os textos de exposição e legendas das peças expostas contam com versão em braille e fonte ampliada, além da Pentop, um recurso inovador que permitirá a descrição das sessões da exposição e maquetes.
O tema dessa exposição – “…E tudo começou assim: ações, projetos e histórias que mudaram a vida das pessoas com deficiência visual” – apresenta ideias, conceitos, práticas e produtos que deram início aos serviços e tecnologias acessíveis às pessoas com deficiência visual. O objetivo é transformar o Centro de Memória Dorina Nowill no primeiro centro de referência histórica da inclusão de pessoas com deficiência visual no Brasil, incluindo no circuito cultural da cidade de São Paulo uma proposta totalmente inclusiva, aliando acessibilidade com cultura e educação.
As peças e recursos de exposição interativos exemplificam a trajetória de emancipação e autonomia da pessoa com deficiência visual no Brasil, considerando que essa população passou por diversas situações sociais, causadas pelo desconhecimento e falta de convívio, mas que atualmente, é ativa economicamente, trabalha, estuda, cuida de sua casa, da família, participa de atividades de cultura e lazer e busca realizações pessoais.
A história da luta das pessoas com deficiência visual passa pela história da Fundação Dorina. A instituição foi pioneira no Brasil – na produção em larga escala de livros em braille, nos serviços de reabilitação, na capacitação das pessoas cegas para o trabalho, e na vinda para o Brasil de tecnologias assistivas que melhoraram a qualidade de vida das pessoas com deficiência visual.
“Trabalhamos na renovação dos processos de catalogação e informatização do banco de dados da coleção histórica, na adequação dos procedimentos técnicos e serviços de pesquisa e ação cultural e também na elaboração de novas propostas de ação educativa” comenta Viviane Sarraf, especialista em espaços culturais acessíveis e curadora do Centro de memória Dorina Nowill. E completa “A ação educativa na nova exposição explora os recursos sensoriais e informações acessíveis do Espaço Memória e apresenta de forma reflexiva e dinâmica a importância dos serviços e produtos desenvolvidos na Fundação Dorina na conquista da autonomia da pessoa com deficiência visual no Brasil”.
Para visitar, é preciso agendar.
O Centro de Memória Dorina Nowill fica na Rua Doutor Diogo de Faria, 558 – Vila Clementino e funciona de segunda a sexta, das 8h às 18h. Telefone: 5087-0995

 

Fundação Dorina Nowill, que começou sua história editando livros em braille e amplicou suas atividades ao longo de quase sete décadas, renovou seu Centro de Memória que será reaberto dia 11. Visitas devem ser agendadas

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