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Todos os plásticos são recicláveis?

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Quando se fala em reciclagem e coleta seletiva, todo mundo já sabe que é importante separar o lixo em dois: comum (com sobras de comida, sujeira da varrição doméstica, lixo do banheiro, bitucas de cigarro…) e o reciclável, limpo (plástico, papel, metal e vidro).

Mas, enquanto o Brasil é um dos campeões mundiais em reciclagem de alumínio, pelo alto valor do material e também reaproveitamento completo do material, evitando novas extrações da bauxita na natureza, o mesmo não acontece com o plástico.

O país é o quarto maior consumidor de plástico no mundo, mas paralelamente é um dos que menos recicla esse material.

Essa realidade é um grande desafio para os brasileiros e para o planeta todo, já que o lixo plástico hoje é um dos grandes responsáveis pela poluição dos mares e oceanos. Nos rios e solo, o plástico que se desintegra ao longo de muitos anos pode contaminar até mesmo os alimentos que consumimos.

O que o cidadão comum da capital paulista pode, portanto, fazer para contribuir no sentido de reduzir esse problema? Há várias dicas e algumas delas vão exigir uma ação mais efetiva de cada um enquanto consumidor.

Qual plástico é reciclável?

A pergunta pode soar estranha. Em tese, todo plástico é reciclável, mas na prática não é bem isso que acontece.

Já notou nas embalagens dos produtos comprados em supermercado, aquele símbolo de três setas que indica que o item é reciclável? Pois é, não é bem assim. Depende do tipo de plástico, que é indicado por um número interno a esse símbolo.

No caso dos plásticos, os números vão de 1 a 7. E uma dica importante é conhecer melhor esses números para valorizar aqueles que têm boa reciclabilidade e evitar comprar os que podem acabar no aterro sanitário porque não interessam às cooperativas por conta do baixo valor, já que as técnicas para recicla-los são raras e caras.

O número 1 é hoje no país o mais reciclado: o Polietileno tereftalato é mais conhecido como PET, que são as garrafas usadas no envase de refrigerantes, óleo de cozinha e outros produtos de uso doméstico cotidiano.

O número 2 é o PEAD, Polietileno de alta densidade, usado em embalagens de produtos de limpeza (água sanitária, sabão líquido etc), itens de higiene pessoal (shampoos, hidratantes etc), além de engradados, vários brinquedos e utilidades domésticas em geral com plástico mais firme também tem boa reciclabilidade. Há também sacos plásticos PEAD embalando itens como pães, bisnaguinhas, grãos… Mas, olhe sempre na embalagem para saber se o produto que está levando para casa leva o símbolo 2, porque há outros de símbolo 6 ou 7 que já não tem a mesma aceitação no mercado da reciclagem.

O número 3 é cloreto de polivinila (PVC), conhecido pelo uso em tubos e conexões. No entanto, na atuação das cooperativas não tem tanto valor e pode acabar descartado.

Outro problema está no Polietileno de baixa densidade (PEBD), aquele dos sacos de plástico que embalam tantos produtos no supermecado, até pães, grãos, macarrões… Esse material tem sido mais aceito por recicladores, mas ainda em baixo volume e com custo nada atraente para quem trabalha no setor. O consumidor pode continuar, portanto, enviando o material pela coleta seletiva, mas existe também a possibilidade de que não seja efetivamente aproveitado pelas cooperativas.

Uma boa ideia é evitar a compra desses itens já embalados e optar por lojas que vendem a granel, usando saquinhos de papel ou outras embalagens retornáveis.

Já o Polipropileno (PP) tem tido boa procura e sua reciclabilidade é considerada alta. São potes de margarina, doces, extrato de tomate e outros produtos com esse tipo de plástico que leva o número 5 nas embalagens. 

Evite sempre que possível

Agora, difícil mesmo é conseguir que os dois últimos tipos de plástico sejam efetivamente reciclados.

O número 6 – Poliestireno (PS) – que são os plásticos de uso único, como copos e talheres descartáveis, canudos, mexedores… Tem baixo valor no mercado de reciclagem não só no Brasil, mas no mundo todo e é por isso que vários países estão em processo de proibir que esse tipo de plástico continue a ser industrializado.

Outro exemplo são aquelas embalagens de frutas, de plástico bem fininho, atualmente muito comuns para embalar uvas, morango e outras sensíveis. Elas não têm valor de mercado e acabam sendo descartadas como rejeito, ou seja, vão para o aterro junto com o lixo comum.

O número 6 também indica o isopor, muito usado em bandejas para frios, carnes, frutas, no comércio. Então, sempre que possível, escolha estabelecimentos que não usam o isopor – vários supermercados já tem bandejas de papelão para alguns desses itens. 

E o número 7, que reúne todos os “outros tipos” de plástico. Você já deve ter visto esse símbolo ao lado de outro ligado à limpeza pública: aquele que indica que o produto deve ser descartado corretamente em uma lixeira.

Isso porque o consumidor pode optar, nesses casos, por jogar no lixo comum, em muitos casos. São embalagens que tem mistura de plásticos e outros materiais. Exemplos de itens não recicláveis são biscoitos e salgadinhos vendidos em embalagens com papel laminado interno, embalagens de pó de café.

Também vale para o acrílico e o nylon, que não são recicláveis. Evite, portanto, aqueles potes, cabides e outras utilidades domésticas feitas com acrílico.

Refil é mesmo boa opção?

A questão do plástico ainda pode trazer outros ensinamentos para o consumidor. 

Muitas marcas em busca de soluções mais sustentáveis para suas embalagens têm oferecido produtos em refil. Isso vale especialmente para itens de higiene pessoal, cosméticos e produtos de limpeza.

Mas, o consumidor precisa ficar atento. Nem sempre o valor cobrado no refil é realmente mais econômico. Como essas embalagens, em vários casos, são menores que a do produto na embalagem original, é preciso fazer a conta do valor cobrado e sua relação com o volume vendido. Em muitas situações, por incrível que pareça, pode sair mais caro!

O consumidor pode pensar, então, que ainda assim vale a pena já que a embalagem do refil indica redução do uso de plástico em relação à embalagem inicial do produto.

Só que o plástico usado nas embalagens de refil é justamente do tipo 7, aquele que não é reciclado no mercado brasileiro e nem pode ser reaproveitado para novos usos.

Ou seja, ao menos a embalagem original é feita, em geral, de PEAD, que tem alta reciclabilidade, passará pelo processo e voltará a ser um plástico usado em novos produtos, enquanto que aquele plástico mais fino das embalagens de refil… Não.

Se perceber esse tipo de contradição nos produtos que leva pra casa, que tal entrar em contato com o fabricante e cobrar nova atitude? A atenção do consumidor com relação às marcas que consome é essencial para um futuro mais sustentável e para garantir que as embalagens que chegam ao mercado sejam planejadas. O ideal é que todas elas sejam biodegradáveis ou com reciclabilidade efetiva.

Central tem triagem

Todas essas informações são fundamentais para que cada um de nós faça compras com consciência, atue junto às indústrias para modificar as embalagens do futuro e possamos reduzir o uso plástico cotidiano, com especial foco para o plástico de uso único (descartáveis).

Por outro lado, vale ressaltar que o mais importante é participar da coleta seletiva. Ou seja, o essencial é separar em casa o lixo comum do reciclável, mesmo quando não se tem certeza se um item tem reciclabilidade ou não.

Depois de enxaguar os recicláveis, deixá-los secar e ensacar adequadamente, coloque para a coleta seletiva. Confira a data e horário em que a  equipe passa em sua rua no site https://www.ecourbis.com.br/coleta/index.html. Ou leve para contêineres da coleta seletiva ou Pontos de Entrega Voluntária na vizinhança. A concessionária Ecourbis Ambiental é a responsável pela seletiva, bem como pela coleta tradicional, serviços prestados por equipes diferentes em datas diferentes. Opera ainda a Central de Triagem Mecanizada Carolina Maria de Jesus, na zona sul de São Paulo. Lá, é feita separação automática dos itens que têm reciclabilidade, com apoio de separação manual feito por integrantes de cooperativas de reciclagem conveniadas. Toda a renda obtida com a venda dos itens é destinada às cooperativas. 

Assim, mesmo na dúvida, encaminhe os diferentes tipos de plástico, higienizados, de modo que as turmas especializadas separam o que realmente será reciclado.

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