História
Revogado decreto que cedia área do antigo Doi-Codi ao Exército
Uma vitória foi conquistada recentemente com o tombamento do prédio na rua Tutóia, onde funcionava o antigo Doi-Codi, departamento de repressão na época da Ditadura Militar. Mas, os integrantes da Comissão da Verdade Rubens Paiva ainda queriam conquistar a revogação de um decreto dde 1979 que cedia aquela área ao Exército. Esta semana, uma nova vitória se concretizou.
No dia 18, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo número 6 de 2012, de autoria do Deputado Estadual Adriano Diogo, que revoga a permissão de uso do imóvel localizado na Rua Tutóia, 921, na Vila Mariana, dada pelo Governo do Estado de SP ao Ministério do Exército.
O deputado relata que no ano em que foi instituído o Ato Institucional número 5 (AI-5), que na prática intensificou a tortura e a censura no país, foi instalada o prédio da Tutóia a Operação Bandeirantes (OBAN), que coordenava o um sistema repressivo a partir do Exército e articulado com aparatos policiais.
Foi um projeto piloto e semi-clandestino envolvendo as forças de repressão que, por seu êxito em São Paulo, terminou por ser aplicado em várias capitais do país sob a forma dos Destacamentos de Operações de Informação dos Centros de Operações de Defesa Interna (DOI/CODI).
O imóvel seria cedido formalmente ao Exército, pelo governo do estado, dez anos depois: em agosto de 1979. O objetivo era que ali se consolidasse o funcionamento do Centro de Operações de Defesa Interna DOI/CODI de São Paulo, que entrou para a histórica como um dos mais violentos centros clandestinos de detenção e tortura da ditadura militar brasileira.
A iniciativa da cessão teve o apoio do governador da época, Roberto Costa de Abreu Sodré, do Secretário de Segurança Pública, Hely Lopes Meireles, do General José Canavarro Pereira, comandante do II Exército, e dos Comandantes do VI Distrito Naval e da 4ª Zona Aérea.
Com o término da ditadura militar, em 1985, o Doi Codi e a OBAN foram extintos, mas o decreto de cessão de uso permaneceu em vigor até os dias atuais. Atualmente, ali funciona o 36º Distrito Policial e, recentemente, mas a intenção da Comissão da Memória é que o espaço venha a se transformar em um museu e espaço cultural para relembrar os horrores da ditadura.
Para o deputado Adriano Diogo, “não se podia entender como, passados quase 50 anos do golpe militar, nenhum dos Governadores, cujos mandatos transcorreram após o retorno do regime democrático, preocupou-se em revogar este Decreto. Agora, no entanto, pode-se comemorar a revogação forma desse Decreto, pela relevância simbólica e política dessa medida.
O deputado, que preside a comissão da Verdade estadual, avalia que a medida é especialmente oportuna, por conta do ato que será realizado dia 31 de março no imóvel da Vila Mariana, sob o tema “Ditadura Nunca Mais: 50 anos do Golpe no Brasil”, com apoio de mais de uma centena de entidades ligadas aos direitos humanos.