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Resíduos sólidos e o clima extremo

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O termo “mudanças climáticas” ganhou ainda mais destaque nos últimos dias por conta das enchentes e alagamentos que atingiram as cidades do Rio Grande do Sul. O volume de água foi tão acima da média que acabou provocando o transbordamento de rios, rompimento de comportas e deixou mais de 300 mil pessoas desabrigadas, além de causar mais de 130 mortes e deixar outras dezenas de desaparecidos.

Cientistas apontam que o aumento da temperatura na Terra, resultado de agressões à natureza, são responsáveis pelo aumento da ocorrência de eventos extremos, como tempestades, furacões, ciclones tropicais, tsunamis… O mundo já tem populações inteiras consideradas de refugiados climáticos – a situação dos gaúchos se aproxima disso.

Mas, o que é possível fazer para conter essa situação, evitar novas catástrofes? Como contribuir para recuperar cidades devastadas pelas enchentes, no caso do Rio Grande do Sul.

A geração de resíduos – sejam eles lixo orgânico, recicláveis ou rejeitos – tem estreita relação com a questão climática. O descarte cotidiano nos ensina muito sobre a preservação do meio ambienta, sua capacidade de se regenerar e os excessos que podem provocar respostas intensas da natureza.

Excesso de produção

Mas, qual a relação direta entre a produção de resíduos e os eventos climáticos extremos? Na verdade, o descarte de tudo que consumimos e utilizamos cotidianamente, seja em casa seja em ambientes públicos ou no trabalho, tem alto impacto na natureza. Impacto esse que vem antes mesmo do consumo – no processo de produção.

Cada artigo que compramos ou usamos vai gerar resíduos. No processo industrial, há poluição, que destrói a camada de ozônio, contribui para o aquecimento do planeta. Também há consumo de água potável, energia, além de sobras dos itens que fazem parte do produto. Por exemplo, na produção de uma peça de roupa, como uma calça jeans, há danos ao solo durante o plantio do algodão, gasto de água no processo de lavagem, e também contaminação com a tintura da peça, além de sobras de retalhos que não são reutilizados e acabam se transformando em resíduos de lixo comum.

Depois do consumo, tudo se transforma em resíduo, mais cedo ou mais tarde. É nesse momento que o consumidor tem que refletir sobre a necessidade de comprar ou aceitar algo que terá tempo de vida útil curto. Além de gerar menos lixo, o consumidor que tem essa consciência passa seu recado à indústria de que é preciso evitar a colocação de itens de uso único e descartáveis não recicláveis no mercado.

Descarte planejado

Consumidores conscientes compreendem que toda compra, brinde ou serviço a que tem acesso, de forma gratuita ou paga, gera resíduos.

Então, é preciso pensar no descarte já no momento da aquisição. Ou seja, quando compra um objeto grande como uma máquina de lavar, uma televisão ou até mesmo um carro é preciso pensar e planejar como será feito o descarte correto quando o produto se tornar obsoleto ou deixar de funcionar.

Informe-se sempre nos pontos de venda sobre a “logística reversa”, ou seja, o descarte dos itens que está comprando, especialmente esses de longa durabilidade. Investir na qualidade, aliás, é importante para evitar trocas constantes.

O conserto deve ser sempre levado em consideração, priorizado à ideia de troca por algo novo. Da mesma forma, trocar ou comprar itens usados são opções modernas que evitam novas agressões à natureza e ocupação de espaço em aterros.

E não é só para objetos grandes ou duráveis que se deve pensar assim. Evite comprar mais alimentos perecíveis do que a família vai consumir, não compre roupas e calçados em excesso, valorize a literatura comprando apenas os livros que vai efetivamente ler, não superestimule as crianças com brinquedos em demasia.

O consumo pode trazer benefícios como o conforto, o aprimoramento cultural, o desenvolvimento pessoal e profissional, além de fazer girar a economia. Mas, quando é excessivo e foca em supérfluos apenas agride a natureza, cria ansiedade e cria imensos problemas relacionados ao descarte incorreto, acúmulo e exagero de resíduos.

Os 3 R’s e os dois lixos

O primeiro passo, portanto, para repensar a atitude cotidiana e contribuir para a contenção das mudanças climáticas é desenvolver consciência.

E essa consciência começa pelos 3 R´s principais: reduzir, reaproveitar e reciclar.

A redução dos consumo está relacionada com outros verbos também iniciados pela letra R. A recusa de brindes, de plásticos de uso único (copos, mexedores, canudos) nos ajuda a reduzir a quantidade de lixo gerada.

Reaproveitar itens usados, transformar embalagens trazidas do supermercado em utilidades domesticas, modificar uma roupa antiga em sacola, fazer com que uma garrafa se torne um vaso ou uma luminária… Tudo isso contribui com menor ocupação dos aterros.

E, por fim, claro, a separação do lixo doméstico em dois. Muito simples, basta separar o que é reciclável e encaminhar para a coleta seletiva daquilo que é rejeito ou lixo comum e acondicionar corretamente para ser levado pelo caminhão comum.

Nas zonas sul e leste da cidade, tanto a coleta seletiva quanto a coleta do lixo comum são serviços prestados pela Ecourbis Ambiental. Para saber o horário e data em que cada uma das equipes faz a coleta em sua rua, basta acessar o site https://www.ecourbis.com.br/coleta/index.html e indicar o endereço.

Importante é ressaltar que a cidade de São Paulo conta ainda com Pontos de Entrega Voluntária de Recicláveis espalhados por toda a cidade, serviços de Cata Bagulho (para móveis, objetos quebrados e inservíveis), além de Ecopontos onde podem ser descartadas sobras de construção, ou seja, entulho, no limite de um metro cúbico diário.

Na capital, há triagem mecanizada de recicláveis, coleta diferenciada de resíduos de saúde, cooperativas cadastradas que fazem a revenda dos recicláveis gerando renda para centenas de famílias, aterros com tratamento adequado do lixo comum…

Ou seja, para reduzir o impacto da destinação final de resíduos sólidos,. o mais importante no momento é a ampliação da participação do cidadão em reduzir a quantidade de lixo comum gerada e separar os recicláveis para a coleta seletiva.

Desapego e doações

Outra forma de reduzir a geração de resíduos sólidos e, ao mesmo tempo, ampliar sua cooperação social é fazendo doações de itens em bom estado não mais utilizados pela família.

Nesse momento em que milhares de famílias perderam absolutamente todos os seus pertences, que tal separar os excessos em seu guarda roupas e encaminhar para doação?

As unidades da Rede Descomplica (nas subprefeituras Vila Mariana, Jabaquara, Ipiranga e Cidade Ademar, por exemplo) na cidade estão recebendo doações, assim como vários Centros Esportivos Municipais (Ibirapuera e Vila Guarani, na zona sul, estão na lista). Também é possível encaminhar as doações, 24 horas por dia, nos terminais de ônibus da cidade (Grajaú, Santo Amaro, Água Espraiada…).

Fundamental ressaltar que toda doação deve estar em ótimas condições, ou seja, doe aquela roupa ou calçado que não é mais usado, porque não serve mais ou não desperta mais o interesse, mas que esteja sem nenhum rasgo, furo ou desgaste.

Livros, brinquedos, lanternas, utilidades domésticas, cobertores, equipamentos de áudio e vídeo em perfeito funcionamento… Tudo isso pode ajudar a reconstruir vidas no Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo em que desperta a consciência de que a natureza e a vida são mais valiosos do que objetos.

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