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Resíduos se transformam em energia

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Qual é o conceito de “lixo”? Algo que descartamos porque não tem utilidade alguma? E o que significa “jogar fora”? Em um planeta com recursos limitados e população total de cerca de 8 bilhões de seres humanos, não existe “fora”. Todo item que sai de nossas casas em um “saco de lixo” vai ocupar espaço em algum lugar. Se a destinação for feita de forma ambientalmente adequada, como ocorre em São Paulo, será em um aterro sanitário. Mas, infelizmente, além de muitas pessoas ainda descartarem resíduos em rios, lagos e outros pontos inadequados, ainda existem milhares de lixões espalhados pelo Brasil.

A partir dessa percepção básica, precisamos urgentemente modificar alguns comportamentos e entender que o reflexo das nossas atitudes perante resíduos será sentido por nós mesmos. A cidade de São Paulo já conta com ampla infraestrutura para garantir o descarte correto, incluindo capacidade de reciclagem maior do que os moradores têm utilizado. Só a Central Mecanizada de Triagem – CMT Carolina Maria de Jesus tem capacidade para processar 250 toneladas por dia de materiais recicláveis, mas recebe pouco mais da metade desse volume.

Ainda assim, estão sendo feitos investimentos para ampliar esse trabalho, modernizar equipamentos e procedimentos, incentivar o engajamento do munícipe e criar oportunidades de valorizar cada vez mais o “lixo” que jogamos fora.

Uma das ações mais recentes é a transformação do biogás – que é gerado nos aterros com a decomposição da matéria orgânica – em biometano, combustível que vem sendo usado nos próprios caminhões de coleta e poderá ser aproveitado também no transporte público. Junto ao Aterro Sanitário CTL – Central de Tratamento de Resíduos Leste há uma usina que já tem feito esse trabalho de purificação do biogás.

Trata-se, portanto, de um ótimo exemplo de economia circular, pois o caminhão abastecido com o biometano recolhe os resíduos gerados pela população e leva para o aterro, e lá ele é abastecido novamente, com o gás que foi gerado com a decomposição dos resíduos e posteriormente transformado em biometano.

Esse serviço de coleta, bem como a operação do Aterro Sanitário, das Estações de Transferência de Resíduos e da Central Mecanizada de Triagem de recicláveis são prestados, nas zonas sul e leste da capital, pela concessionária Ecourbis Ambiental, há 20 anos.

Recentemente, o contrato para prestar esses serviços na capital foi estendido por mais 20 anos, envolvendo inovações e investimentos nos serviços prestados.

Ecoparques Sul e Leste

Entre as inovações, está a criação de dois Ecoparques – Sul e Leste, pela concessionária Ecourbis Ambiental. Neles, haverá separação mecanizada de resíduos e sua posterior Recuperação e Valorização Energética.

Os materiais recicláveis serão recuperados para garantir que voltem à economia em forma de novos produtos. Também será produzido CDR, o Combustível Derivado de Resíduos, muito utilizado por indústrias cimenteiras.

Para se ter ideia da importância desses projetos, basta lembrar que a a população que reside em São Paulo produz diariamente 12 mil toneladas de resíduos, que precisam ser retiradas das ruas da capital. Só no aterro CTL são recebidas sete mil toneladas por dia. Parte desses resíduos já é usada para geração de biometano, ou seja, energia limpa no abastecimento dos caminhões que fazem a coleta de resíduos, com gás produzido no aterro. A Ecourbis está substituindo a frota movida a diesel por veículos mais sustentáveis, como elétricos e que utilizam biometano. Algumas dezenas desses veículos já estão estão em operação, e até outrubro a frota contará com 147 (caminhões compactadores e carretas) movidos a biometano e 11 (vans e quadriciclos) elétricos.

Os ecoparques ainda terão área para o público usar, com mirante, ciclovia, centro de convivência, centro de treinamento ambiental escolar, amplificando a integração dos trabalhos de coleta e limpeza pública com a comunidade.

E por falar em sociedade, vale ressaltar que a participação de cada cidadão é sempre essencial. Separar os resíduos em dois – comum e reciclável – contribui para agilizar esse processo. No site da concessionária – ecourbis.com.br – é possível conferir data e horário em que cada um desses serviços é prestado em sua rua.

Tecnologia internacional

Na última semana de junho, o prefeito Ricardo Nunes esteve em Milão, na Itália, cidade que tem protocolos de cooperação com a capital paulista desde a década de 1990. E indicou que várias iniciativas comuns por lá poderão ser implantadas também no município.

“Aqui em Milão, eles não têm mais aterros. Eles fazem a reciclagem, fazem compostagem e incineração. Então uma visita super importante, compartilhar a tecnologia que eles têm aqui pra gente poder levar para São Paulo”, explicou o prefeito.

O sistema integrado de gestão de resíduos, usado no país europeu, permite que a totalidade dos resíduos coletados seja reciclada ou destinada à produção de energia.

Dessa forma, nenhum resíduo primário vai para aterros sanitários. Em suas usinas, mais de 50% dos resíduos coletados são tratados e encaminhados para produção de energia, e o restante é enviado para usinas terceirizadas para tratamento e recuperação de materiais.

Recuperação energética

Em São Paulo, também haverá unidades dessas, que são as UREs, unidades de recuperação energética nos ecoparques.

As UREs receberão uma parte dos resíduos, que passará por um processo de incineração para produção de energia elétrica, como ocorre em muitos países desenvolvidos. Importante apontar que há um processo moderno de limpeza, de filtração, garantindo a não emissão de poluentes ou cheiro. Esse tipo de processo é comum em vários países do mundo.

No total, a cidade de São Paulo terá investimentos de R$ 12 bilhões em um grande projeto, que prevê, além da criação de ecoparques, a ampliação da utilização do gás biometano e o tratamento térmico, com capacidade de 1.000 toneladas de lixo por dia.

Além da visita à Milão, o prefeito Ricardo Nunes esteve recentemente na China e no Japão para conhecer a infraestrutura utilizada nesses países. “Visitar as grandes cidades do mundo que têm experiências positivas é de fundamental importância, porque eu não posso errar. Você não pode errar. A questão do lixo é algo fundamental na nossa cidade”, destacou Nunes.
Energia limpa no transporte

O uso de biometano e eletricidade como combustível, além de representar o reaproveitamento de resíduos orgânicos, ainda resultará na redução da poluição urbana que, por sua vez, significa mais saúde para a população.

Em junho, a Prefeitura instituiu um grupo de trabalho para desenvolver o projeto dos “Corredores Verdes de Transporte” por toda a cidade. Em síntese, a proposta é integrar transporte público de qualidade com outras ações de infraestrutura verde.

Denominado Grupo de Trabalho Corredores Verdes de Transporte (GT-CVT), o grupo foi criado por meio de portaria e será responsável por elaborar o projeto conceitual dos corredores, identificar áreas para projetos-piloto, estimar custos, buscar financiamento e avaliar parcerias público-privadas.

Além disso, uma outra portaria instituiu o Grupo de Trabalho Intersecretarial para implantação da Política Municipal de Biometano e Gás Natural da Cidade de São Paulo.

O objetivo é promover o uso dessas fontes de energia renovável e reduzir as emissões de gases de efeito estufa, com foco no transporte público e na gestão de resíduos. O Grupo de Trabalho (GT-BG/SP) vai elaborar diretrizes, estratégias e ações para a implementação dessa política que busca estimular a produção e o consumo de biometano e gás natural, tanto no setor público quanto no privado.

O biometano é visto como uma alternativa promissora ao diesel no transporte coletivo e a produção de biogás a partir da decomposição de resíduos orgânicos e sua posterior conversão em biometano é uma estratégia essencial para a gestão sustentável de resíduos. Também garantirá a redução das emissões de gases de efeito estufa.

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