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História

Região vai abrigar o primeiro Centro de Antropologia e Arqueologia Forense do país

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Portaria para criação do CAAF foi assinada na sexta, dia 1, sob coordenação da Unifesp

O estudo das ossadas encontradas na vala clandestina de Perus, em 1990, e que devem revelar identidades de desaparecidos políticos da época da ditadura, serão feitos na Vila Mariana, em um imóvel especificamente locado e que está sendo reformado para esta finalidade. O trabalho, entretanto, não vai apenas trazer como resultado positivo a identificação dos restos humanos de mais de mil pessoas.
Na última sexta, dia 1, foi assinada uma portaria que oficializa a criação do primeiro Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) do Brasil. Inicialmente, o grupo trabalhará na análise e identificação das 1049 ossadas, mas expandirá para outros casos gradativamente.
O centro, que nasce com corpo intelectual de 10 pessoas, entre estudiosos, docentes da Unifesp e membros da Comissão da Verdade Marcos Lindenberg (CVML), tem como objetivo criar um ambiente intelectual para o desenvolvimento de estudos, pesquisas, protocolos científicos voltados à identificação de vítimas de repressão institucional do passado e do presente, além de colaborar com organismos de direitos humanos, prestando assistência técnico-científica nestas áreas, reforçando a democracia do país. A coordenação do CAAF está a cargo do professor Rimarcs Gomes Ferreira, coordenador do curso de Medicina da Unifesp.
O Centro pretende, ainda, recuperar a experiência internacional e as recomendações de grupos estrangeiros como a Equipe Argentina de Antropologia Forense e Equipe Peruana de Antropologia Forense, com a qual os membros da CVML desenvolveram uma oficina de trabalho.
A criação do CAAF é mais um fruto do protocolo assinado em março deste ano entre a Unifesp, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, para identificação das ossadas de Perus.
Legado
“O CAAF será um legado que deixaremos para a universidade e que vai continuar, não só no caso de Perus, mas também para os desaparecidos de hoje. O país não se preparou para isso e nós vamos dar esta contribuição”, avaliou a reitora da Unifesp, Soraya Smaili. Ela ainda espera que o CAAF entre na grade curricular de alguns cursos e que inspire a criação de pós-graduação da Unifesp nessa área.
De acordo com este protocolo, cabe à Unifesp disponibilizar local adequado para a realização dos trabalhos, destacar representantes de seu corpo técnico/docente para acompanhar o trabalho científico a ser desenvolvido pelos arqueólogos forenses nacionais e internacionais contratos pela SDH/PR, além de realizar a contratação de técnicos, laboratórios, especialistas e demais profissionais que atuarão para a implementação destas ações.
O espaço que abrigará o laboratório de análises já foi locado pela Unifesp e aguarda a licitação da empresa que será responsável pela realização das reformas necessárias.
A princípio, a sede do CAAF ficará localizada no prédio da reitoria da instituição, na Rua Botucatu, 738, na Vila Clementino. Assim que o laboratório de análises for concluído, também será a sede do centro.

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