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Reciclagem sustenta milhares de famílias

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O que muitos desperdiçam e consideram “lixo”, na verdade poderia contribuir para o sustento de muitas famílias no Brasil. E não se trata apenas de abordar o despedício – alimentos jogados fora, objetos trocados ainda em condição de uso, itens desnecessários que são comprados e esquecidos em armários… Em especial as embalagens que usamos apenas para transportar produtos do ponto de venda até nossas casas representam ouro quando se pensa no potencial econômico desses produtos.

Enquanto muitas pessoas desprezam material reciclável – plásticos, vidro, papel e metal – e não fazem separação em casa, outras sobrevivem e pagam suas contas todos os meses graças àqueles que encaminham os resíduos para reciclagem por meio da coleta seletiva domiciliar.

Todos os 96 distritos da cidade de São Paulo contam com serviço de coleta domiciliar seletiva. Nas zonas sul e leste paulistana esse trabalho é prestado pela concessionária Ecourbis, que ainda administra a Central Mecanizada de Triagem Carolina Maria de Jesus, em Santo Amaro.

Para saber os dias e horários em que a coleta é feita em sua região, basta acessar o site: ecourbis.com.br.

Há também Postos de Entrega Voluntária, Estações de reciclagem em supermercados, programas de empresas e ongs… Ou seja, o que não faltam são opções para quem quer contribuir com o meio ambiente e ainda com o sustento de milhares de famílias.

Plástico

O Brasil já é campeão em reciclagem de alumínio e isso graças ao trabalho de catadores que vendem as latinhas que muitos abandonavam após o consumo de bebidas. A reciclagem de papel tem igualmente bom desempenho.

Atualmente, o maior desafio é conseguir aumentar também o volume plástico destinados à indústria recicladora. Um estudo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) esse ano mostrou que o Brasil é o quarto país no mundo que mais produz lixo plástico no planeta. Só está atrás dos Estados Unidos (1º lugar), da China (2º) e da Índia (3º).

No Brasil, segundo dados do Banco Mundial, mais de 2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular, sem tratamento e, em muitos casos, em lixões a céu aberto. Aproximadamente 7,7 milhões de toneladas de resíduos plásticos são destinados a aterros sanitários, desperdiçando a capacidade de reciclar esse material.

A poluição por plástico gera mais de US$ 8 bilhões de prejuízo à economia global. Levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) indica que os diretamente afetados são os setores pesqueiro, de comércio marítimo e turismo.

Agentes ambientais

Se, por um lado, a poluição e a destinação incorreta de resíduos geram prejuízos, por outro a coleta seletiva, processo de triagem e indústria recicladora trazem empregos, renda e avanços sociais, sem falar nos ganhos ambientais.

Em todo o país, estima-se que existam mais de 800 mil pessoas que trabalham como catadores e tenham sua renda principal advinda da venda de recicláveis.

Em São Paulo, especialmente em épocas de crise, a situação não é diferente. Milhares de famílias são sustentadas pelo resultado da venda de materiais para indústrias recicladoras.

Telines Basílio do Nascimento Júnior, mais conhecido como Carioca, preside uma cooperativa de catadores que está entre as 25 conveniadas com a Prefeitura – a Coopercaps – na zona sul de São Paulo, que acaba de completar 16 anos de existência. E ainda está na presidência de uma rede que reúne doze cooperativas – oito na capital, uma em Campinas e outra em Nova Odessa.

Como o apelido sugere, Telines é na verdade um fluminense nascido na cidade de Nova Iguaçu. Mas já se considera paulistano: não só porque está há na cidade há 45 anos, mas também porque foi aqui que descobriu sua vocação, seu potencial de liderança, como ele mesmo define.

Depois de ter trabalhado por 12 anos “puxando carroça”, Carioca descobriu que o trabalho autônomo não traria oportunidades. “Hoje eu sei que o trabalho coletivo é que rende mais”, diz.

Depois que passou a trabalhar em cooperativas que reúnem catadores, Carioca teve sua vida transformada. Fez faculdade de Gestão Ambiental e pós graduação em Gestão de Projetos.

Já visitou países como Japão, Argentina e Peru, além de viver viajando pelo Brasil para interagir com outros atores da reciclagem no país, transmitindo sua experiência, absorvendo novos conhecimentos e descobrindo tecnologias.

Escala

Carioca conta que o trabalho em cooperativa o fez entender que a ação coletiva gera melhores resultados. As parcerias, a coleta estendeida por bairros inteiros, o convênio com a Prefeitura fazem com que o volume seja bem maior. “A ação coletiva permite a coleta em escala. Dessa forma, a cooperativa vende diretamente para indústrias recicladoras, sem intermediários”, explica Carioca.

E ele afirma que não foi só a própria vida que a coleta seletiva mudou. Ao longo de todos esses 32 anos em que trabalha com cooperativas, já viu centenas de vidas transformadas graças à renda gerada pela venda do material reciclável.

“Trabalhar com coleta seletiva e triagem foi um divisor de água na minha vida. E vi essa história se repetir com muitas outras famílias que conseguiram renda na cooperativa”, conta.

Ele aponta que, assim, ao longo dos anos foi também entendendo que o trabalho de “catador” tem uma função social e ambiental fundamentais. “A grande maioria nas cooperativas, hoje, é formada por mulheres, muitas delas chefes de família”, acrescenta Carioca, constatando a importância das cooperativas. “As mulheres entendem que têm liberdade nas cooperativas, para poder levar filhos ao médico, moram perto do trabalho e da creche. Ao mesmo tempo, entendem que são agentes ambientais, sentem-se valorizadas”.

Vale destacar, entretanto, que os paulistanos ainda encaminham muito desse material valioso para aterros, ou seja, colocam plástico, papel e metais no “lixo” comum em vez de encaminhar para reciclagem, pela coleta seletiva.

“A consciência vem aumentando gradativamente, mas ainda há muito trabalho a ser feito”, diz ele, que ainda aponta a importância de valorizar, no processo de compras, produtos que estejam em embalagens efetivamente recicladas. “Um salgadinho que vem em embalagem em papel laminado, um bolo envolto em celofane, uma fruta em bandeja de isopor… Nada disso terá valor para reciclagem posteriormente”, exemplifica. Separar o material seco reciclável, portanto, é mais do que uma responsabilidade ambiental. É também questão econômica e social.

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