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Urbanismo

Prefeitura quer estimular e reorganizar feiras

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A velha máxima de que “todo mundo quer uma feira livre perto de casa, mas ninguém quer uma feira livre na porta de casa” continua válida, mas nem para todos os paulistanos. Muitos moradores não querem a feira livre nem “perto de casa”. Queixam-se de transtornos no trânsito, da dificuldade de circulação, nessa cidade que não pode parar. É assim, por exemplo, com as duas feiras livres que ocorrem às quintas-feiras na região – uma na Avenida Ceci, no Planalto Paulista, que é uma via que se tornou alternativa para fugir do trânsito na Avenida Indianópolis; e outra na Rua Coronel Lisboa, na Vila Clementino, bairro que tem trânsito cada vez mais complexo.
Mas, será mesmo que essas poucas horas em que é realizada uma feira livre atrapalha tanto a vida da cidade? Será que tudo na metrópole deve ser definido em função do automóvel? Ou será que uma cidade deve valorizar a convivência nas ruas, o pequeno comerciante e pequeno produtor, o consumo de produtos frescos e naturais?
O fato é que as feiras se mantém vivas, passados 100 anos desde que foi regulamentada pela Prefeitura a primeira delas. Hoje, são 880, distribuídas pelas 32 subprefeituras da cidade, de terça a domingo, graças ao trabalho de 12.073 feirantes. Não se sabe exatamente desde quando o comércio em vias públicas acontece, mas certamente é uma tradição que remonta a séculos. Entretanto, foi em 1914 que o então prefeito Washington Luis assinou o Ato 710, que criava os mercados francos.
Polo de abastecimento, o centro da cidade concentrou as primeiras formações do comércio: considera-se que a primeira feira oficial implantada na cidade foi a do Largo General Osório, na época com 26 feirantes, e depois veio a do Largo do Arouche, com 116 feirantes. Outras cinco feiras se consolidaram em 1915 – mais uma em cada um desses pontos e outras três no Largo Morais de Barros, no Largo São Paulo e na Rua São Domingos. Vale lembrar que naquela época o centro velho era chamado de “cidade”. Quem vivia em bairros distantes, como a Vila Mariana ou o Jabaquara, precisava ir “à cidade” para fazer suas compras ou adquirir produtos de vendedores ambulantes que circulavam em carroças.
Nos últimos anos, a Prefeitura tem reorganizado as feiras de modo que cause o menor impacto possível na vida urbana, especialmente para quem vive nas ruas onde elas são promovidas. Em Mirandópollis, por exemplo, já há mais de quinze anos que a maioria das feiras livres acontece em um terreno fora da via pública, na Avenida José Maria Whitaker, onde há feiras às terças, sextas e sábados. A que é realizada às sextas, ocorria no passado em uma rua no miolo do bairro. Também há mais rigor na fiscalização do horário de montagem e desmontagem das feiras, para evitar transtornos ainda maiores aos moradores.
Outras ações, como o concurso do “melhor pastel de feira” ou a inserção de produtos sem agrotóxicos para venda nos estandes têm igualmente movimentado esse mercado a céu aberto.
Paralelamente, é inegável constatar que a clientela que se expandiu ao longo do século XX, por conta do creescimento populacional da cidade, vem diminuindo constantemente nas últimas duas décadas, por conta da popularização dos supermercados, sacolões e lojas de hortifrutigranjeiros.
Ainda assim, as feiras parecem estar longe de seu fim. Têm um público cativo formado pelos que prezam pelo frescor dos alimentos, pela variedade e pelo preço justo. Estima-se que cerca de 3 milhões de pessoas frequentem, semanalmente, esses mercados a céu aberto. Hoje, além de consideradas os principais polos comerciais de frutas, legumes, verduras e pescados, as feiras são fontes geradoras de emprego. São responsáveis pelo emprego direto de 70 mil pessoas.
O prefeito Fernando Haddad tem insistido que pretende tornar a cidade mais sustentável, valorizando aspectos de humanização, resgate da convivência em espaços públicos e crescimento com valorização do meio ambiente. Nesse sentido, o Plano Diretor recentementee aprovado ainda prevê incentivos à demarcação de uma zona rural no extremo sul da cidade, estimulando a vocação para agricultura familiar e orgânica.
A cidade já possui quatro feiras de produtos orgânicos, uma delas no Modelódromo do Ibirapuera na Rua Curitiba, e uma nova está prestes a ser inaugurada no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste.
A administração municipal mantém ainda um projeto piloto de compostagem de restos de frutas e verduras em uma feira em São Mateus, na zona leste, e pretende expandir o conceito para outras regiões.
Outra preocupação é com a limpeza: centenas de profissionais atuam a cada fim de feira. Ensacam os resíduos deixados pelos feirantes e removem a sujeira. Em seguida, um caminhão coleta o lixo e outro, com tanque irrigador, lava a área.

 

Um site da Prefeitura que apresenta um mapa com a localização, por dia da semana, de todas as 880 feiras livres da cidade. Para consultar, acesse: http://migre.me/lkgzp

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