Meio ambiente
Prefeitura não dá prazo para revitalizar transbordo Vergueiro e antigo incinerador
Projeto seria totalmente bancado pela concessionária de coleta de lixo, mas projeto está só no papel
Tanto o antigo incinerador quanto o transbordo existentes na Avenida Ricardo Jafet, ao lado da estação Imigrantes do metrô, já foram temas de calorosas polêmicas. Durante muitos anos, o incinerador despejou fumaça resultante da queima de lixo, inclusive hospitalar. Desativado em 2002, passou a ser alvo de críticas que perduram até hoje por conta da situação de abandono a que foi relegada esta área que precisa ser descontaminada, revitalizada e aproveitada. Já o transbordo, que serve de ponto de passagem para o lixo coletado nas residências de toda a região antes que siga para os aterros, incomodou a vizinhança por anos – trazia cheiro ruim, barulho dos caminhões e jamantas… Mas, como está este cenário hoje?
O transbordo está bem melhor, com spray neutralizador de odores sendo despejado o dia todo e funcionários fazendo lavagem continuamente das áreas ao lado do imenso depósito de lixo. O dispositivo sonoro dos caminhões, que apitava durante toda a noite no processo de ré, agora é automaticamente desativado dentro do transbordo. Alguns transtornos permanecem, entretanto, como o excesso de pombas que vivem por ali. “Elas encontram comida, água e abrigo ao redor”, diz Jorge Melles, administrador que há mais de 20 anos trabalha no Vergueiro.
A vizinhança ainda sofre também com o excesso de tráfego de caminhões, com o visual das jamantas carregadas de lixo e, principalmente, com o risco diário de invasão e ocupação do antigo incinerador Vergueiro, que não conta sequer com vigilância.
Pior é saber que todos estes problemas poderiam já estar solucionados, sem que a Prefeitura precisasse recorrer a seu cofre. Há um projeto completo de revitalização tanto do transbordo quanto do antigo incinerador, que modificariam por completo a paisagem e o uso da área. Uma maquete exposta na administração do transbordo mostra o cenário planejado: um galpão totalmente lacrado e com tecnologia de ponta para absorver os gases e odores, de forma a não prejudicar nem a vizinhança nem os funcionários da concessionária Ecourbis, que administra o transbordo. Tanto os caminhões quanto as jamantas entrariam e sairiam pela rua lateral, que seria fechada sem prejuízo ao trânsito local mas com imenso benefício para a vizinhança que deixaria de conviver com o trânsito circular atualmente inevitável, já que os caminhões precisam passar pela balança quando chegam e ao sair.
A vedação completa permitiria ainda uma ação contra as pombas, que não mais teriam motivos para retornar.
O incinerador Vergueiro seria descontaminado e transformado em um centro de educação ambiental, com biblioteca, área de lazer, auditório… Vale destacar que a Prefeitura é responsável pela manutenção da área e não a concessionária de coleta. Ainda assim, o projeto apresentado prevê que a concessionária se responsabilizará pela reforma completa dos dois equipamentos, num custo estimado de R$ 8 milhões. Até a Cetesb já aprovou a mudança. Por que, então, a demora em sair do papel?
O Departamento de Limpeza Urbana (Limpurb) da Secretaria de Serviços e Obras se limitou a explicar que “para que todo processo seja aceito são necessárias alterações contratuais, que estão em análise nos setores técnico e jurídico do Limpurb”.