Segurança
Prefeitura busca solução para ocupação sob viadutos da Avenida dos Bandeirantes
São cerca de 70 pessoas, quatro delas mulheres grávidas. Todos são maiores de idade, mas o perfil é bastante diversificado: há aqueles de origem humilde, há aqueles com diploma universitário.
Muitas vezes, alguns laços os unem, como o distanciamento da família, a falta de perspectivas, o uso de drogas como o álcool ou o crack, a escolha das ruas para viver ou passar boa parte de seu tempo.
As pessoas que vivem ou usam drogas sob os viadutos ao final da Avenida dos Bandeirantes criam um triste cenário na região, além de provocar receio de abordagens em moradores e comerciantes da área. Melhorar, ainda que de forma lenta e gradual, esta situação – tanto para quem está em situação de rua quanto para a comunidade que mora ou trabalha nas redondezas – é o objetivo do Projeto Complexo Bandeirantes.
Iniciativa da Subprefeitura de Vila Mariana, o projeto representa ainda a primeira etapa na rearticulação entre diferentes secretarias municipais para atuarem de maneira localizada.
“É um passo inicial para unir esforços na região, descentralizar a administração com secretarias que já têm estrutura para tanto”, explicou o subprefeito Luiz Fernando Macarrão.
Estão envolvidos no projeto cerca de 20 profissionais das secretarias da Saúde, Assistência Social, da própria Subprefeitura e da Guarda Civil Metropolitana. A intenção é proporcionar aos que vivem ou frequentam aquele espaço atendimento em saúde e alternativas de acolhimento.
“Quando atuávamos sozinhos, nem tudo caminhava da forma que pretendíamos”, comemora Magda Takano Kushida, supervisora da Secretaria de Saúde. “Nossa equipe passou por um curso de capacitação, porque a abordagem nas ruas é diferente daquela na própria unidade de saúde, onde o paciente vem buscar atendimento”, explicou Ana Rosa Cantinho Moreira, interlocutora de saúde mental da Secretaria de Saúde.
Ela lembra que há existem unidades especializadas em atendimento a usuários de álcool e drogas tanto na Vila Mariana quanto no Jabaquara – e a Avenida dos Bandeirantes é justamente a linha de divisa entre as duas subprefeituras. “O processo é lento, as pessoas não deixam de usar drogas de um dia para outro. Trabalhamos com a redução de danos”, completa Magda.
Roseli Gomes Arrifano Venturi, supervisora da Secretaria de Assistência Social, também avalia que a atuação conjunto pode ser muito mais produtiva, ainda que apenas os primeiros passos estejam sendo dados até agora. As profissionais relatam que algumas pequenas e importantes vitórias já estão sendo conquistadas: “uma das frequentadoras da área recentemente foi internada no Hospital São Paulo com tuberculose. Ao sair de lá, nos procurou porque quer atendimento e foi encaminhada para uma vaga na rede para mulheres”.
“Muitas vezes a família não é acolhedora, precisamos buscar alternativas”, acrescenta Ligia Narcisa Pereira Uliam, coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) Vila Mariana.
As profissionais ainda são unânimes em afirmar que muitas das pessoas em situação de rua na região não querem atendimento porque já recebem muitas doações da população local, o que prejudica o processo de encaminhamento. “Até cama box já encontramos com pessoas que vivem nas ruas”, conta a inspetora Sandra Pimentel, da Guarda Civil Metropolitana.