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Urbanismo

Planalto Paulista com comércio? Moradores dizem não

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Acontece neste sábado, 29, a Reunião Participativa da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo da Subprefeitura de Vila Mariana. Traduzindo: será um dia em que a Prefeitura vai ouvir a população sobre as regras que vão definir onde poderá haver ou não prédios, onde poderá ou não haver comércio, incluindo o tipo de negócio… Igrejas, casas de shows, barzinhos, escritórios. A licença para qualquer um destes estabelecimentos depende do que define esta lei, que está em processo de revisão.
Na região, a Sociedade Amigos do Planalto Paulista quer levar ao encontro seu descontentamento com o que está sendo proposto para o bairro. “O Plano Diretor aprovado este ano manteve nosso bairro como Zona Estritamente Residencial e estabeleceu regras importantes. Mas, fomos surpreendidos pela proposta que agora será debatida na Lei de Zoneamento”, conta Antonio José Braz, integrante da SAPP.
O mapa com as propostas apresentadas pela Prefeitura efetivamente aponta para mudanças importantes e que podem descaracterizar o Planalto Paulista no futuro. Indica, por exemplo, a proposta de transformar a Avenida Indianópolis em um corredor comercial. Atualmente, a via só pode ter alguns tipos de estabelecimentos de prestação de serviços e todos eles sem venda de produtos. Clínicas com hospedagem de pacientes, lojas de automóveis ou qualquer outro produto, padarias, tudo isso é proibido. Aqueles que existem no bairro ou têm licença anterior à transformação do bairro em estritamente residencial – o que ocorreu ainda na década de 1970 – ou estão em situação irregular.
Mais do que isso: a Prefeitura indica que vai transformar a Avenida Ceci e a Alameda dos Guatás também em corredores comerciais.
E não para por aí: vários quarteirões do bairro seriam transformados de “Estritamente Residenciais” em “Predominantemente Residenciais”. E para os integrantes da SAPP isso abre uma brecha tremenda para a degradação do bairro e sua descaracterização. “Seriam permitidos escritórios, por exemplo, e alterações nas construções para adaptação ao uso comercial”, explica Helio Higuchi, também membro da SAPP.
Para os moradores do bairro, a transformação pode representar perda da qualidade de vida e até mudanças ambientais para a cidade. “Escritórios tiram árvores para fazer garagens, impermeabilizam o solo, eliminam jardins”, exemplifica Hélio.
Ele também aponta para outro sério problema, que pode se agravar com a transformação. “A prostituição e a falta de segurança só tendem a aumentar, porque estabelecimentos comerciais fecham e passam a ter suas fachadas ocupadas a partir das 18h”, prevê.
Os moradores acreditam que o maior símbolo de uma futura deterioração do bairro pode ser a Avenida Irerê, paralela que fica entre as avenidas Ceci e Indianópolis, bem no miolo que será transformado em Zona Predominantemente Residencial. “É um símbolo do bairro, uma alameda arborizada, onde pessoas até de outras regiões vêm fazer caminhadas, passeiam com seus cães, graças ao clima agradável, à topografia. Isso vai se perder com a transformação”, aposta Hélio. Barulho, excesso de carros estacionados, sujeira e poluição são outras consequências da transformação do bairro.
O fato é que os urbanistas e o próprio prefeito Fernando Haddad, que passou a infância morando no Planalto Paulista, concordam com a importância de serem mantidos bairros estritamente residenciais na cidade. E a SAPP quer apelar ao bom senso e mobilizar moradores para evitar essa transformação. “É importante que os moradores compareçam à audiência pública deste sábado”, resume Antonio José Braz.
A audiência será neste sábado, 29 de novembro, das 8h às 13h30 no Colégio Arquidiocesano. Rua Domingos de Moraes, 2565. Outras informações no site: www.sapp.org.br.

 

Avenida Irerê: um oásis ameaçado no Planalto Paulista

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3 Comentários

3 Comments

  1. Claudinei

    29 de novembro de 2014 at 11:45

    Entendo que São Paulo deva restringir expanções e dar as áreas comerciais, industriais e residenciais, mais qualidade de vida a sua população (IDH). Em vez da ganancia do egoismo, dar às outras regiões oportunidades de crescimento.

  2. Luis Lamartine Cambarat

    1 de dezembro de 2014 at 15:08

    O ótimo trabalho da SAPP, que está de parabéns!

    Acredito que seja interessante uma leitura mais atenta às propostas da prefeitura, por parecer haver erro de interpretação ou condução a uma verdade escusa. Temos como exemplo, todas as construções novas, residenciais ou comerciais, a obrigatoriedade da ampliação da área permeável e do aumento de área verde do lote, contradizendo, a informação sobre impermeabilização das áreas se liberem para escritórios.

    Outrossim, também verificar que a vias vias que se propõe a mudança de zoneamento, já temos instaladas nelas, diversos escritórios e consultórios, onde a proposta é regularizar o que já está instalado, faz anos.

    O que se propõe, na verdade, é a regularização do que é real, e não mudar para algo que é mera suposição.

    Parabenizo a todos pela discussão e pelo engajamento de uma cidade melhor.

    LL Cambarat

  3. Marcio Klein

    30 de janeiro de 2016 at 19:27

    Sou a favor da proposta que determina o bairro do Planalto Paulista em preferencialmente residencial, pois algum nível de comércio é prático para os próprios moradores, fazendo com que a região seja mais segura e não tão deserta com é hoje, sujeita a roubos e prostituição.

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