Coronavírus
Periferia tem mais óbitos por Covid-19
Sabe-se que há subnotificação de casos em todas as regiões do país – inclusive a mais atingida pela pandemia de coronavírus, que é o Estado de São Paulo, sobretudo a capital. Seja por morosidade nos resultados, por inexistência de testes disponíveis para toda população ou mesmo por pessoas que sequer buscam a rede, já que são assintomáticas ou estão com sintomas leves da doença, o fato é que há consenso entre os técnicos em nível federal, estadual e municipal de que há muito mais casos de Covid-19 do que os efetivamente notificados, testados e, portanto, confirmados.
Ainda assim, os dados oficiais apontam para algumas realidades importantes de serem observadas. Na semana passada, o jornal São Paulo Zona Sul apresentou números relacionados à zona centro sul paulistana que apontavam que, assim como a zona oeste, onde há bairros como Morumbi, Lapa e Pinheiros, concentrava altos números de casos de Covid.
De acordo com especialistas, essa contaminação inicial se explica por serem bairros de classe média e alta, com muitas pessoas que viajaram ao exterior e voltaram ao país infectadas e transmitindo o vírus a familiares, colegas de trabalho e amigos. Além disso, a mesma região concentra muitos hospitais particulares e públicos.
Essa semana, entretanto, a Secretaria Municipal de Saúde divulgou um mapa indicando as regiões da cidade onde ocorreram mais óbitos confirmados ou suspeitos de Covid 19. Agora, o mapeamento se inverteu – a maioria das mortes ocorre nas periferias.
Isso indica que pessoas que trabalham nas áreas centrais e mantiveram contato com os infectados – seja em hospitais, comércio ou transporte público, ou mesmo em outros ambientes de trabalho – levaram a doença à periferia e, por falta de atendimento adequado ou acesso à rede, acabaram falecendo.
Na zona sul paulistana, o distrito que registra o maior número de mortes é a Capela do Socorro, com 22 óbitos.
Mas, isso não significa que as regiões de classe média estejam fora do risco. O pequeno distrito do Jabaquara, que tem apenas 14 quilômetros quadrados, já registra 16 mortes.
No Ipiranga, já são 19 mortos, Cursino outros 13, Sacomã mais 21.
Na região da Subprefeitura de Vila Mariana, o distrito Moema tem 12 mortes, na saúde são 17 e na própria Vila Mariana são 16. O nobre e pequeno Campo Belo já registra 11 óbitos confirmados.
O número de mortes em bairros mais ricos da cidade, como Morumbi, Itaim Bibi e Alto de Pinheiros, que registraram grande número de casos, é bem pequeno. No Morumbi, por exemplo, que até semana passada tinha 258 casos confirmados, só ocorreram 3 mortes.
De acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde, o número total de mortes por coronavírus no Brasil todo subiu para 1.924, sendo 188 mortes nas de quarta (15) para quinta (18). São 30.425 casos oficiais no país, segundo os dados mais recentes do governo federal, um aumento diário superior a 2100 pessoas. O Estado de São Paulo tem 11.568 casos, com 853 mortes, sendo 75 de quarta (15) para quinta (16), período em que foram registrados 525 novos casos.
Rachel
17 de abril de 2020 at 19:11
Qual é o impacto destes óbitos sobre a população que reside nas regiões representadas?
Leandro
20 de abril de 2020 at 21:33
E os curados? Basta de sensacionalismo, já basta a Globolixo
Jornal Zona Sul
22 de abril de 2020 at 11:16
Leandro, como qualquer doença, o número de curados é maior que o de óbitos, obviamente. Apontar a letalidade é informação e caminho para precaução, não tem qualquer relação com sensacionalismo. Não é porque a maioria se cura – como, enfatizamos, em qualquer quadro, que a prevenção e os cuidados devem ser descartados. Na periferia, aliás, como demonstra a matéria, a letalidade é bem maior do que em outros bairros. A informação não só é importante, aliás, para prevenção como também para cobrança das autoridades (em todos os níveis) e indicar a necessidade de atendimento público de qualidade em saúde.