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Pandemia amplia desafios relacionados ao plástico
O excessivo consumo de itens feitos de plásticos já trazia preocupações muito antes da pandemia de Covid 19. Mas, a necessidade de manter higiene absoluta e evitar o compartilhamento de itens fez o plástico ganhar nova importância.
O uso de descartáveis é até incentivado no momento, ao contrário do que vinha acontecendo em campanhas contra o uso do chamado “plástico de uso único”.
Embora seja justificável no presente, esse crescimento no uso e descarte do plástico traz preocupações relacionadas ao futuro do planeta.
A primeira e mais fundamental dica é separar os itens de plástico sempre para reciclagem ou descartá-los corretamente. Nunca descarte um item de plástico – seja uma embalagem de bala, um copinho de café ou mesmo um mexedor de suco – nas ruas, nas praias, em piequeniques na natureza. Esse descarte correto evita que os itens atinjam tubulações, rios e, finalmente, mares e oceanos.
Para se ter uma ideia, a estimativa é de que o volume anual do produto que entra no oceano subirá de 11 milhões de toneladas, em 2016, para 29 milhões de toneladas, em 2040, e a quantidade nos oceanos quadruplicará, atingindo, no mesmo período, mais de 600 milhões de toneladas.
A projeção foi feita pelo estudo Breaking the Plastic Wave (Quebrando a Onda dos Plásticos, em tradução livre), publicado este mês pela Pew Charitable Trusts e a Systemiq e feito em parceria pela Fundação Ellen MacArthur, Universidade de Oxford, Universidade de Leeds e Common Seas.
Futuro
Em breve, não bastará, entretanto, discutir apenas o descarte correto mas também pensar em maneiras de reduzir esse volume.
A iniciativa Nova Economia do Plástico, criada em 2016 pela Fundação Ellen MacArthur, propõe ações urgentes a serem adotadas pelos países e pela sociedade, a eliminação dos plásticos não necessários, “não só removendo os canudos e as sacolas, mas também ampliando modelos de entrega inovadores, que levem os produtos aos clientes sem embalagem ou utilizando embalagens retornáveis e estabelecendo metas ambiciosas para reduzir o uso de plástico virgem”. A entidade avalia que a redução do uso em cerca de 50% até 2040 equivaleria a um crescimento líquido nulo no uso de plásticos para o período.
Todos os itens plásticos devem ser projetados para ser reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis, indica a fundação – o que faz parte do conceito de “Economia Circular”, que evita a produção de qualquer item que não possa ser reinserido nas cadeias produtivas, evitando seu descarte.
Para a entidade, é essencial financiar a infraestrutura de modo a aumentar a capacidade de coleta e circulação desses itens, o que demandaria recursos em torno de US$ 30 bilhões anuais. Por essa razão, recomenda que devem ser implementados em todo o mundo, com urgência, “mecanismos que melhorem as condições econômicas da reciclagem e forneçam fluxos de financiamento estáveis com contribuições justas da indústria”, como a responsabilidade estendida do produtor e outras iniciativas.
Atualmente, apenas 14% das embalagens são recolhidas para reciclagem no mundo.
A busca da inovação deve ser constante na direção de novos modelos de negócio, design de produtos, materiais, tecnologias e sistemas de coleta, com o objetivo de acelerar a transição para uma economia circular.
A adoção de ações de economia limpa, ou circular, poderia gerar economia anual de US$ 200 bilhões, com a criação de um saldo líquido de 700 mil empregos adicionais até 2040.