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Cultura

Obra de Segall confiscada por nazistas está exposta na Vila Mariana

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Apintura “Witwe” ou “Viúva”, de Lasar Segall, destinada à destruição pelo governo nazista de Adolf Hitler por ser considerada “arte degenerada”, foi encontrada na Europa depois de oito décadas desaparecida e estará no centro da mostra “Witwe, uma pintura reencontrada”, do Museu Lasar Segall, aberta ao público em 19 de maio. Também serão exibidas gravuras produzidas pelo artista na mesma época, parte do acervo de mais de 3 mil itens que a instituição conserva e divulga. A entrada é gratuita.

“Viúva é uma testemunha da história, uma obra sobrevivente, profunda e intrigante que, reencontrada tantos anos após seu desaparecimento, mereceria voltar para casa, para o museu de onde foi confiscada [Folkwang Museum, em Essen]”, avalia Pierina Camargo, museóloga e pesquisadora do Museu Lasar Segall há mais de 40 anos.

O marchand Paulo Kuczynski encontrou a pintura na França há cerca de dois anos. “No caso de ‘Viúva’ existiu um salvador, e isso me intriga, faz minha imaginação voar. A pintura certamente magnetizou o olhar de alguém (um oficial nazista?), que por ela se encantou a ponto de, contra as ordens oficiais, escondê-la e poupá-la da fogueira — um delito grave naquele momento de extremos.”

Depois de algumas tratativas, Kuczynski conseguiu trazer a tela para o Brasil e apresentou-a ao Museu Lasar Segall, centro de referência para o estudo da obra do artista, onde foi analisada e autenticada. O público terá chance de encontrar a tela sobrevivente no museu dedicado ao artista, fundado dez anos após sua morte, em 1967, no lugar viveu com a família, na Vila Mariana.

A exposição abre durante a 22ª Semana Nacional de Museus, uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC) em torno do Dia Internacional dos Museus.

A história do quadro

“Viúva” (Witwe), de Lasar Segall, foi pintada em 1920, em Dresden, durante o auge da produção expressionista do artista. No mesmo ano, Segall inaugurou sua primeira grande exposição individual na Europa, no Folkwang Museum, em Essen, o principal museu de arte moderna da Alemanha na época. Além de “Viúva”, a mostra incluiu 30 desenhos, 35 gravuras e 15 pinturas.

Em 1937, o governo de Adolf Hitler lançou uma campanha oficial contra o que considerava “arte degenerada”, rotulando assim todas as obras que não se encaixavam nos padrões clássicos de beleza e representação naturalista, que valorizavam a perfeição, harmonia e equilíbrio das figuras. Todas as obras desenvolvidas dentro das vanguardas modernas, como cubismo, expressionismo e fauvismo, eram consideradas “degeneradas” pelos nazistas. O governo confiscou cerca de 16 mil obras de arte, incluindo aproximadamente cinquenta de autoria de Segall.

Naquele mesmo ano, em julho, 650 dessas obras, confiscadas de 32 museus, incluindo duas pinturas de Segall, foram apresentadas na mostra “Entartete Kunst” [Arte Degenerada] em Munique. Apesar da desaprovação, infâmia e escárnio do povo alemão, a exposição foi um sucesso de público, recebendo mais de 2 milhões de visitantes e causando grande repercussão. Após a mostra, essas obras seriam destruídas pelo governo.

Serviço

Witwe, uma pintura reencontrada

De 19 de maio a 18 de agosto: Rua Berta, 111, Vila Mariana.

Quarta a segunda, 11h—19h.

Entrada gratuita

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