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O alto custo do desperdício

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Teoricamente, cada cidadão sabe que não deve desperdiçar – nem tempo, nem dinheiro, nem preocupações com temas irrelevantes e que não trazem coisas positivas. Conquistar qualidade de vida, aliás, depende muito desse equilíbrio entre tempo de trabalho e lazer, gastos com alimentação de qualidade, com uma programação que mescle cultura, educação e descanso…

Essa equação também deve ser pensada como política pública e, acredite, tem estreita relação com a geração de resíduos e o descarte correto do lixo do dia a dia.

Recicláveis

Os paulistanos ainda reciclam muito pouco. O volume felizmente vem crescendo ano a ano, por conta das ações de educação ambiental e investimentos em infraestrutura de coleta, triagem e destinação.

Mas, muitos moradores e comerciantes da capital ainda não fazem a simples ação de separar o lixo seco, composto especialmente de embalagens, do lixo úmido doméstico, como restos de alimento, bitucas de cigarro, descartes do banheiro (fraldas, absorventes, papel higiênico, hastes de algodão etc).

Ao não encaminhar os recicláveis para coleta seletiva, esse material acaba por desperdiçar o já exíguo espaço nos aterros sanitários. Mais grave é o desperdício de recursos naturais – cada latinha de alumínio que acaba em aterros, por exemplo, representa a necessidade de extrair mais minérios para a produção de uma nova.

O mais grave desperdício, entretanto, é de dinheiro, mesmo. Há diferentes estudos e estimativas, mas  só de plásticos, avalia-se que 4 milhões de toneladas por todo o país vão direto para o lixo, o que representa 40% do total de plástico produzido.

O Brasil produz mais de 78,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, dos quais 13,5% – o equivalente a 10,5 milhões de toneladas – são de plástico. Se o total desse montante de plástico fosse reciclado, seria possível retornar cerca de R$ 5,7 bilhões para a economia, segundo levantamento do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb).

Do total de quase 80 milhões de resíduos, cerca de 12 milhões poderiam voltar à economia através de processo de reciclagem e reaproveitamento, apontam estudos da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – Abrelpe.

O levantamento ainda indica desperdício quase R$ 5 milhões em papel ou papelão, de R$ 1 milhão em vidro e R$ 185 mil em alumínio.

O alumínio, por ser bastante valorizado e reciclado em larga escala, atrai mais interesse de catadores, cooperativas e por isso o desperdício é pequeno. O Brasil é um dos países do mundo que mais recicla alumínio, ultrapassando 97% de destinação correta e reciclagem.

O exemplo do alumínio indica que é preciso implementar ações em escala, com a indústria ampliando a valorização de outros materiais para que o interesse pela cadeia de recicladores também aumente.

Alimentos

Mesmo em tempos de crise, insegurança alimentar e aumento da fome na população, o desperdício de alimentos no país chama a atenção.

Uma pesquisa realizada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) revelou que cada família brasileira descarta aproximadamente 128,8 kg de alimentos por ano. Isso coloca o Brasil entre os países que mais desperdiçam comida no mundo.

Os principais alimentos descartados têm alto grau nutricional, sendo eles: carnes (42,5%), com destaque para a carne bovina; arroz, feijão e outros grãos (27,4%).

Os pesquisadores apontam que o principal motivo para o desperdício em ambiente doméstico é o não reaproveitamento das sobras, como também o hábito de fazer compras mensais abundantes e o preparo de porções exageradas para as refeições.

Paralelamente, de acordo com a FAO – ONU, a fome afeta a 14 milhões de pessoas no país.  Na venda, o país desperdiça 22 bilhões de calorias, o que seria suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais de 11 milhões de pessoas e permitiria reduzir a fome em níveis inferiores de 5%.

É difícil precisar uma conta relacionada a esse desperdício, mas além dos custos de produção (que incluem poluição, transporte com combustíveis fósseis, uso da terra, água para irrigação etc) há também custos resultantes do impacto na saúde da população, que se torna menos produtiva economicamente e mais suscetível a doenças e uso do sistema de atendimento, gerando gastos de difícil cálculo.

Mas, um estudo da Embrapa de 2018 já apontava que o desperdício de alimentos de uma família brasileira composta por três pessoas em um ano pode ultrapassar R$ 1.002,00, valor equivalente ao salário mínimo, ou, em média, 128 quilos de alimentos por ano.

E, novamente, vale apontar que o desperdício representa também geração de muitos resíduos, com custo para coleta e destinação correta, além do espaço ocupado em aterros.

Custo social

O desperdício ainda provoca outras perdas. A partir do momento em que não há alto volume de recicláveis para coleta e reciclagem, muitos empregos e postos para geração de renda se perdem.

A cidade de São Paulo hoje é uma das mais estruturadas do país para coleta e destinação de resíduos – seja do lixo comum doméstico, reciclável, hospitalar/de saúde ou mesmo de inertes, lixo eletrônico etc.

Mas, parte dessa estrutura pode ficar ociosa quando a população não faz a separação dos recicláveis. O processo é muito simples: basta separar papel, plástico, metais e vidros em uma única embalagem, fechar adequadamente e então disponibilizar esse saco na rua no dia da coleta seletiva.

Nas zonas sul e leste paulistana, o serviço é prestado pela concessionária Ecourbis, que também é a responsável pela coleta tradicional de lixo doméstico comum.

Para saber o dia e horário em que os dois serviços são prestados em sua rua, acesse www.ecourbis.com.br/coleta/index.html

Vale ainda destacar que esse material reciclável todo garante renda para milhares de famílias na capital paulista e que, com o aumento do volume, novos postos poderiam ser criados. O custo social da não reciclagem, portanto, também é um resultado do desperdício, bem como toda a infraestrutura técnica e humana envolvidas no processo: caminhões e funcionários da coleta, equipamentos de triagem, operação e pós operação de aterros sanitários…

Reduzir o lixo doméstico, portanto, por meio da reciclagem e da mudança de hábitos alimentares, representa economia doméstica e também contribui para a melhoria econômica da cidade e do país.

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