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Cultura

Museu expõe vida e obra de Lasar Segall

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Andar pelos corredores, salas, bibliotecas, ateliers e outros espaços do Museu Lasar Segall é uma viagem – pela arte, pela história, pelo tempo. Localizado na Vila Mariana, o museu foi um dia a casa e o atelier onde Lasar viveu com sua família e criou grande parte de sua obra. Nascido na Lituania em 1891, o artista veio para o Brasil pela primeira vez em 1912. Meses depois, fazia sua primeira exposição no país para o qual se mudaria definitivamente em 1923. Para celebrar agora os cem anos desta primeira mostra de sua arte para os brasileiros, o Museu preparou duas mostras que serão inauguradas neste sábado, dia 16.

Uma delas reúne cinquenta obras de seu acervo, escolhidas entre as mais representativas. Vale destacar que o acervo completo de Segall tem mais de três mil itens, entre pinturas a óleo, pinturas sobre papel, esculturas, gravuras e desenhos.

É possível acompanhar, nesta seleção, o caminho percorrido pela arte de Segall na Alemanha, desde a admiração inicial pelos impressionistas alemães até sua inserção no movimento expressionista, do qual participa ativamente como um dos expressionistas eslavos, ao lado de Chaim Soutine e Marc Chagall. A emigração para o Brasil, em 1923, promove significativa mudança de rumo nessa obra, inaugurando, na visão do escritor Mário de Andrade, sua ‘fase brasileira’.

O repertório de temas de Segall privilegia os assuntos extraídos da cultura judaica e seus personagens são expressões de um sentimento de compaixão pelo ser humano existencialmente marginalizado.

No Brasil, Segall se interessa pela natureza tropical, pela arquitetura das favelas e pelos tipos humanos, principalmente os negros, exóticos ao olhar europeu. Às tonalidades sóbrias do período alemão somam-se cores mais iluminadas. Nos ambientes que recendem a intimidade, como seu ateliê e a natureza de Campos do Jordão, ele produz pinturas sensuais, de colorido único, que o crítico Paulo Mendes de Almeida chamou de ‘a cor Segall’. Os problemas sociais e políticos continuam a merecer sua atenção, sobretudo durante a Segunda Guerra Mundial, quando ele cria pinturas de grandes dimensões. Na última década de vida, Segall retoma temas anteriores, encerrando sua trajetória com as séries Erradias, Favelas e Florestas.

Fotos

Paralelamente, quem for ao museu poderá se deliciar com imagens que mostram o Lasar apaixonado por sua família, pelo brasil e, por que não, pela Vila Mariana. Colecionadas por Lasar Segall, as fotografias que compõem o Arquivo Fotográfico Lasar Segall retratam seu cotidiano em família, seu ambiente de trabalho, a convivência com outros artistas e amigos. Essas imagens constituem-se em registros de época, que revelam aspectos tanto de sua personalidade como do meio intelectual que frequentou na Europa e no Brasil.

São retratos, paisagens, eventos, registros de viagens, além de reproduções de sua obra. Assim, neste valioso corpus documental, estão representados importantes fotógrafos e estúdios fotográficos brasileiros e europeus, tais como Hildegard Rosenthal, Sasha Harnisch, Benedito Junqueira, Hugo Erfurth, Gregori Warchavchik, Hugo Zanella, entre outros.

Em dezembro de 1981, foi constituído o Arquivo Fotográfico Lasar Segall, como um dos setores do Departamento de Museologia do Museu, e deu-se início ao trabalho de sistematização desse acervo. Hoje, ele está dividido em dois núcleos: a Coleção Fotográfica Lasar Segall, com cerca de 5.000 fotografias colecionadas pelo pintor, e a Documentação Fotográfica da Obra Artística de Lasar Segall, composta por cerca de 400 negativos de vidro e cerca de 1.600 positivos em papel, realizados por diferentes fotógrafos, contratados por ele próprio.

Além de seu valor intrínseco, as fotografias do Arquivo contribuem de maneira definitiva na pesquisa sobre a produção do artista. Muitas delas servem como indicativos para o trabalho de restauração, autenticação, localização de obras desconhecidas ou mesmo para o reconhecimento de pinturas reelaboradas pelo próprio artista. Um grande número de fotos, notoriamente, serviu como referência para a construção de suas obras e são, portanto, parte constitutiva do processo de elaboração de seu pensamento visual.

As exposições podem ser conferidas a partir de sábado, dia 16, diariamente das 11h às 19h. O museu está fechado às terças-feiras. Fica na Rua Berta, 111. Telefone: 2159-0400.

Vale destacar que o museu também conta, desde dezembro, com um acervo digitalizado disponível no site: www.museusegall.org.br

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