Siga-nos

Cultura

Morre Dorina Nowill, precursora da edição de livros para cegos no Brasil

Publicado

em

Pedagoga, que criou fundação há 64 anos na Vila Clementino, faleceu aos 91 anos

Determinada, inteligente, ativa. Dorina Nowill nasceu em 1919, numa sociedade em que era frequente a opção de mulheres por não concluir estudos e optar por uma vida dedicada apenas à família. E foi no auge de sua juventude, aos 17 anos, em 1936, que Dorina ficou cega, vítima de uma patologia. Engana-se quem acredita que esta seria mais uma motivação para uma trajetória de poucas atividades. Dorina foi pioneira na edição de livros em braile e fundou uma das mais importantes instituições voltadas ao trabalho com deficientes visuais. E assim foi até que, no último domingo, 29, aquele forte coração parou de bater.

Dorina Gouvea Nowill faleceu aos 91 anos, de falência múltipla dos órgãos. Ela já estava internada há 15 dias e seu velório aconteceu na sede da própria entidade por ela criada, a Fundação Dorina Nowill para Cegos, na Vila Clementino. Deixa marido Edward Hubert Alexander Nowill, 5 filhos, Alexandre, Cristiano, Dorina, Denise, Márcio, noras, genros, 12 netos, 3 bisnetos e uma grande obra.

Livros

Quando surgiu, em 1946, a entidade era chamada Fundação para o Livro do Cego no Brasil. Isto porque, desde o princípio, Dorina sempre se preocupou com o acesso dos deficientes visuais à educação e cultura.

Ela mesma foi exemplo, por ser a primeira aluna cega a frequentar um curso regular, na Escola Normal Caetano de Campos, em São Paulo.

A perseverante paulistana se uniu a outras normalistas e criaram a Fundação para o Livro do Cego no Brasil. Mais tarde, o nome seria modificado em reconhecimento por uma vida inteira dedicada à inclusão dos deficientes visuais.

Dorina foi ainda presidente do Conselho Mundial para o Bem estar de Cegos, atual União Mundial de Cegos e recebeu diversos prêmios e medalhas nacionais e internacionais ao longo de seus mais de 63 anos de trabalho à frente da Fundação.

“Ficam a saudade e os exemplos como guias para a continuidade do trabalho iniciado e desenvolvido por Dorina em mais de seis décadas”, anunciou, em nota, o atual diretor presidente voluntário da entidade, Alfredo Weizflog. “Expressamos também nossa gratidão pelas condolências recebidas e reiteramos nosso compromisso, assumido ano após ano, com o desenvolvimento e a inclusão social da pessoa cega e com baixa visão em nossa sociedade”, concluiu.

Dorina se foi, mas seu trabalho será perpetuado na entidade que tem força e história, na Vila Clementino. Para quem quiser conhecer de perto este trabalho, a Fundação Dorina Nowill fica na Rua Dr. de Diogo de Faria, 558, Vila Clementino. Outras informações também no site: www.dorinanowill.org.br

Missa

A missa de sétimo dia pelo falecimento de Dorina de Gouvêa Nowill será hoje, dia 3 de setembro, sexta, às 12h30, na Catedral Nossa Senhora do Brasil, Praça Nossa Senhora do Brasil, s/nº (Avenida Brasil esquina com Rua Colômbia).

Advertisement
Clique para comentar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.


© 2024 Jornal São Paulo Zona Sul - Todos os Direitos Reservados