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Indignação marca audiência pública sobre Operação Água Espraiada
Encontro aconteceu na noite de ontem no Centro de Exposições Imigrantes e reuniu mais de 2 mil
Eram centenas de pessoas indignadas, fazendo barulho, expondo com voz alta seus receios, sua oposição. Os números não são oficiais, mas a estimativa era de que havia, em um imenso galpão do Centro de Exposições Imigrantes, cerca de 2.500 pessoas, durante a audiência pública promovida pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente para apresentar o novo traçado para a ligação entre a Avenida Jornalista Roberto Marinho e a Rodovia dos Imigrantes, através de dois túneis com cerca de 3km de extensão.
O encontro aconteceu na noite de ontem e terminou por volta de 22h.
A obra, que deve custar cerca de 2,5 bilhões de reais é polêmica. “Não há casas construídas, não estamos vendo nada”, era a queixa mais comum durante o encontro, vinda de moradores das comunidades existentes ao longo do córrego Água Espraiada. Embora a Operação Urbana estabeleça como prioritário um programa habitacional para realocar essa população, os moradores demonstraram que não acreditam nas intenções da Prefeitura. A principal desconfiança vem do fato que, até hoje, os moradores da região do Jardim Edith, removidos para a construção da Ponte Estaiada sobre o Rio Pinheiros, na mesma Operação Urbana, não receberam suas casas. A obra foi concluída há mais de três anos. “É uma vergonha o que acontece aqui. Trabalho muito para sustentar minha família”, esbravejava uma moradora indignada.
Os técnicos da Prefeitura prometeram, entretanto, que irão priorizar o investimento na construção de unidades de habitação social. “Será o primeiro gasto a ser feito pela municipalidade”, garantiu Pedro Evangelista, representante da SP Obras, empresa de urbanismo da Prefeitura.
Imensos paineis espalhados pelo salão representavam a principal preocupação da Prefeitura: mostrar os projetos de habitações de interesse social. Mostravam não apenas as unidades em construção para atender a comunidade do Jardim Edith como também outras obras na rua das Corruíras, no Jabaquara.
Os moradores das comunidades, que haviam alugado diversos ônibus para ir até o Centro Imigrantes, saíram antes do término do debate. Fortes chuvas e os ônibus à espera simbolizavam as dificuldades que esta população tinha de se fazer ouvir…
Desapropriações
A audiência vinha gerando grande ansiedade, também, em moradores da região da Vila Fachini, no Jabaquara. Eles foram surpreendidos, em 2009, ao descobrir que a Prefeitura havia modificado o trajeto da ligação e pretendia desapropriar cerca de 1500 famílias do Jabaquara.
Depois que se formou um movimento de oposição às alterações não previstas na lei da Operação Urbana, a prefeitura resolveu enfrentar os protestos com a criação de um novo projeto de lei, recentemente aprovado na Câmara Municipal.
Esses proprietários também estiveram na audiência, embora paralelamente também estejam dando continuidade a questionamentos judiciais ao projeto. O novo traçado proposto pelo projeto de Kassab está fora do previsto originalmente na Operação Urbana Água Espraiada.
Na próxima edição, mais detalhes sobre o debate envolvendo as moradias formais do Jabaquara.