Saúde
Hospital São Paulo pode fechar
A direção do Hospital São Paulo, que é um Hospital Universitário da Unifesp, deu entrevista coletiva nesta quarta, 19, para anunciar que o atendimento, que já está restrito, pode ser definitivamente interrompido ou ainda mais reduzido.
Na quinta, 20, ao meio-dia, a Unifesp promove um abraço ao hospital para que comunidade e funcionários se unam na defesa do atendimento universal em saúde promovido ali há 84 anos.
A entidade alega que o Ministério da Saúde precisa reajustar o repasse em 1,5 milhão por mês – ou 18 milhões pelo período de um ano – para que o hospital possa equalizar suas dívidas, que estariam atualmente na casa dos 160 milhões de reais.
O Ministério ainda não se pronunciou. No dia 4 de abril, logo depois que a crise financeira foi deflagrada e o hospital reduziu seu atendimento, o MS declarou que o governo federal já responde por cerca de 90% da receita do Hospital São Paulo, que atualmente ultrapassa R$ 568 milhões, incluindo folha de pagamento. O Ministério da Saúde alega que ainda destina acréscimo de R$ 53,9 milhões por ano à instituição por meio de incentivos e que os repasses vem sendo feitos regularmente.
De acordo com a Unfesp, desde o dia 30/3 o Conselho Gestor do HSP/HU-UNIFESP, atendendo sugestão da Diretoria Executiva e do Diretor Superintendente, decidiu suspender as internações eletivas e restringir o atendimento no Pronto Socorro aos casos de Urgência e Emergência. A Unifesp aponta que, diariamente, são atendidos milhares de pacientes por meio dos serviços de urgências e emergências no Pronto Socorro, mas também pelo atendimento ambulatorial, clínico e cirúrgico, nos ambulatórios de especialidades médicas que compõem o complexo assistencial HSP/HU-UNIFESP.
A entidade ainda ressalta que, por ser um hospital universitário, além da assistência médica o complexo assistencial do HSP/HU-UNIFESP é um dos maiores centros de ensino médico no Brasil, constituindo o principal cenário de aprendizagem dos 750 alunos do curso de medicina da Escola Paulista de Medicina (EPM), 50% dos quais oriundos de escolas públicas. A EPM figura entre os melhores cursos médicos do país na avaliação do MEC e de rankings independentes como o RUNF e a Guia do Estudante. O HSP/HU-UNIFESP e a EPM mantém o maior programa de residência médica do país com 1107 residentes, provenientes de diferentes regiões do Brasil.
A Unifesp também divulgou uma carta aberta à comunidade, Em trecho dela, aponta:
“Infelizmente, uma crise sem precedentes ameaça o maior Hospital Universitário da Rede Federal de Ensino do País, o Hospital São Paulo: com a fórmula de pagamento imposta pelo Ministério da Saúde/Ministério da Educação (Contratualização) os recursos financeiros de custeio são pagos por teto, em valores muito abaixo daqueles necessários ao pagamento dos serviços prestados à população, resultando, ano a ano, em déficits financeiros crescentes. Em outras palavras, vivemos uma contínua queda das receitas, a despeito do aumento do volume e da qualidade do atendimento oferecido. Assim, em 2016 acumulamos um déficit de R$34.653.000,00, com uma dívida bancária de R$149.000.000,00 e uma dívida com fornecedores em torno de 11 milhões de reais.
Por fim, a situação se agravou na semana passada quando o Ministério da Saúde não atendeu à solicitação de aumento da verba de contratualização, para o pagamento de serviços prestados acima do que está na contratualização atual. Este acréscimo permitiria a compra de materiais de insumos mais emergentes, e o pagamento de parte da dívida com fornecedores, o que permitiria a normalização de entrega de materiais”.